Niterói chega aos 450 anos bem abastecida de marcas de cerveja da cidade. São 18, com direito a 6 fábricas e 1 brewpub à espera do MAPA (o registro fornecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária) – as outras são ciganas, ou seja, produzem em fábricas de terceiros. O maior evento cervejeiro do país, o Mondial de là Biere contou, esta ano, com a participação de nove marcas de Niterói.
Das cervejarias locais, Masterpiece e Noi são papa medalhas tanto em eventos nacionais quanto internacionais. A Matisse também coleciona várias premiações e a Malteca comemorou, em 2023, sua primeira medalha.
Niterói tem uma legislação “beer friendly” criada com a participação dos cervejeiros da cidade. O maior mérito é favorecer a criação de brewpubs (pequena fábrica acoplada ao bar da marca). Por razões econômicas, esse formato de negócio ainda não “explodiu” na cidade. Porém, há alguns projetos em andamento com boas chances de saírem do papel em 2024.
A cidade está apostando no ainda iniciante turismo cervejeiro e já existem rotas que percorrem as fábricas, principalmente Mafia, Malteca, Masterpiece e Noi.
Atualmente, o principal polo cervejeiro de Niterói, é a Vila Cervejeira onde estão os taproons de 5 marcas: Bitta Bier, Brewlab, Matisse, Fractal e o brewpub Dead Dog. Mais do que um polo cervejeiro, é também um polo cultural com a realização de shows e, mais recentemente, de feiras de artesanato.
A inauguração do Mercado Municipal aumentou a lista de marcas da cidade com a inauguração dos bares da Arkan Beer, Ocka Rocka e Una.
Pioneiros
Costuma-se dizer que a Noi foi a primeira cervejaria artesanal de Niterói. Isso é fato, mas em tempos modernos. Voltando nos primórdios da História da cidade, porém, outros nomes surgem.
De acordo com pesquisa feita por Daniel Taveira Oberlaender, sócio da cervejaria Habeas Copos, a primeira cervejaria de Niterói foi a Arouca & Fernandes, em 1870. Ficava na Rua da Princeza 48, atual rua Visconde de Sepetiba, no Centro.
“Coincidentemente, a provável fábrica de cerveja mais antiga da cidade ficava próxima à Vila Cervejeira. Naquela época, o aterro da cidade ainda não tinha sido feito e a região era mar, a baía de São Lourenço”, escreveu ele em artigo para o Guia da Cerveja.
A concorrência chegou logo, mais precisamente, dois anos depois, quando a Fábrica de Cerveja Rio Branco se instalou na rua da Praia 109 (atual rua Visconde do Rio Branco). Segundo Oberlaender, na verdade, não se tratava apenas de uma cervejaria, mas de um complexo de lazer que incluía palco para apresentações e espaço para “jogos de azar”. E tudo com vista para o mar.
No seu artigo, ele informou também que na mesma Rua da Princeza, no número 50, foi inaugurada outra cervejaria, em 1874 que, provavelmente, funcionou até 1876. Quase não há registros sobre essas empresas. Em termos de propaganda, foi da Rio Branco que Oberlaender encontrou mais material. A cervejaria se vangloriava de produzir sua bebida com água vinda da cidade serrana de Nova Friburgo.
Niterói Cervejeiro
A festa dos 450 anos da cidade regada à (muita) cerveja vai, de fato, acontecer. Trata-se da Niterói Cervejeiro 450, que será realizada nos dias 24, 25 e 26 de novembro, no Reserva Cultural, das 12h à 00h. Contará com mais de 100 rótulos de cervejas artesanais de marcas de Niterói, além de reunir restaurantes da cidade. O evento é uma iniciativa da prefeitura e faz parte do calendário de comemoração oficial pelos 450 anos da cidade.
Na programação, além de shows, haverá Quiz Cervejeiro, brassagem aberta e workshop de estilos cervejeiros com degustação guiada – toda essa parte por conta da Associação dos Cervejeiros Artesanais (AcervA) de Niterói e São Gonçalo. Brassagem é como se chama o processo de produção de uma cerveja. Será realizada no sábado (25). É uma oportunidade para matar a curiosidade de quem sempre quis saber que horas o álcool “entra” na bebida.
O Reserva Cultural fica na Av. Visconde do Rio Branco, 880, em São Domingos. O evento é gratuito e solidário: pede-se a doação de 1kg de alimento não perecível.
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