COMPARTILHE
O governador Cláudio Castro (PL), de 43 anos, tomou posse, na manhã deste domingo (1º), para seu segundo mandato à frente do Estado do Rio de Janeiro. A cerimônia foi realizada no Palácio Tiradentes, antiga sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Tomou posse também o vice-governador Thiago Pampolha (União Brasil).
Antes de iniciar seu discurso, ele pediu um minuto de silêncio pela morte do jogador Pelé – o Estado está em luto oficial pela sua morte – e também pelas 75 mil vítimas da pandemia do Coronavírus no Rio de Janeiro.
Leia mais: O que esperar da ‘bancada de Niterói’ no Congresso Nacional em 2023
Na sua fala, fez várias promessas. Uma delas foi a de combater o feminicídio no Estado, quando disse que colocaria a mulher como protagonista do seu governo. Nesse sentido, ele criou a Secretaria Especial de Mulheres (SEEM), que será comandada por Heloísa Aguiar, atual presidente da ONG RioSoliário. Indicação pessoal da primeira-dama Analine Castro, Heloísa assume o cargo em cerimônia na segunda-feira, 2 de janeiro.
Castro classificou de “bárbaro” o crime de feminicídio, que atinge “mulheres e destrói famílias”:
– Nossa atenção para essa realidade motiva a criação da Secretaria da Mulher, que vai atuar de forma transversal com outras pastas e órgãos do estado. As mulheres precisam e merecem ser cuidadas, protegidas, respeitadas e ter a garantia de direitos e oportunidades iguais na sociedade.
Castro também anunciou a prorrogação do Supera RJ, programa que dá até R$ 360 para famílias em situação de vulnerabilidade, e exaltou o processo que resultou na privatização da Cedae. Disse que após a concessão dos serviços, a Cedae encerrou o ano com R$ 394 milhões de lucro.
Em um balanço de sua gestão, destacou as dificuldades enfrentadas para reaquecer a economia do estado, em meio à pandemia de Covid-19. Falou também sobre a renegociação do Regime de Recuperação Fiscal com a União, iniciado em 2017, que suspendeu por três anos as dívidas federais do Rio de Janeiro:
– Nos dois últimos anos, nossas contas foram aprovadas no TCE [Tribunal de Contas do Estado] por unanimidade, o que não acontecia havia sete anos. Hoje, o estado apresenta previsão de incremento de quase 20% na receita bruta. O passado foi de colapso, o presente é de transformação, mas o futuro será de esperança. Em dois anos, são mais de 200 mil novas empresas, o que projeta o Rio ao terceiro lugar no país em abertura de novos negócios em 2022”, destacou.
A posse aconteceu cerca de 15 dias após o Ministério Público Eleitoral (MPE) apresentar nova ação contra Castro e seu vice, onde pede a cassação da chapa.
Da agenda do governador do Rio de Janeiro para este primeiro dia de 2023 consta ida a Brasília, à tarde, para acompanhar a posse do Presidente da República diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Advogado, músico e evangelizador, Castro nasceu em Santos (SP), mas veio para o Rio com um ano de idade. Ele era vereador, em 2018, quando foi eleito vice-governador na chapa de Wilson Witzel (PSC), que pouco mais de um ano depois sofreu o impeachment.
Leia também: O que esperar da ‘bancada de Niterói’ na Alerj em 2023
Em 2020, se tornou governador após o afastamento do ex-juiz. Na época, Castro foi alvo de delação premiada do ex-secretário de Saúde, Edmar Santos, pivô das investigações contra Witzel. Antes, ele já tinha sido alvo de outra delação premiada, então por parte do empresário Bruno Selem, relacionada com pagamentos de propinas em projetos sociais, também na área da saúde.
Quando foi eleito vice-governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro integrava o PSC, partido presidido pelo Pastor Everaldo, ao qual o ex-presidente Jair Bolsonaro também era filiado. Quando Bolsonaro foi para o PL, Castro o acompanhou.
O bolsonarista Castro foi reeleito governador do Rio de Janeiro no primeiro turno.
No primeiro Diário Oficial do ano, publicado neste domingo (1º), o governador confirmou a extinção de seis secretarias existentes. São elas: as secretarias de Estado de Assistência à Vítima; de Defesa do Consumidor; de Infraestrutura e Obras; das Cidades; de Ação Comunitária e Juventude; e de Envelhecimento Saudável.
No mesmo documento, foram criadas as novas secretarias de Infraestrutura e Cidades (SEIC), que será ocupada por Uruan Cintra; Intergeracional de Juventude e Envelhecimento Saudável (SEIJES), que terá à frente Alexandre Isquierdo; de Óleo, Gás e Energia (SEOGE), que fica com Hugo Leal; de Habitação (SEHAB), cujo secretário será Bruno Dauaire; e da Mulher (SEEM), que será comandada por Heloísa Aguiar. Ao todo, serão 32 pastas, duas a menos do que o primeiro governo de Castro.
Heloísa Aguiar já declarou que sua gestão será construída a partir de três frentes de atuação: o combate à violência contra a mulher, com mapeamento dos equipamentos do estado e realização de encontros regionais da Rede Mulher; à projeção de autonomia econômica da mulher por meio do estímulo à capacitação profissional e fomento dos negócios próprios; e a promoção de ações afirmativas em diálogo com as áreas de educação, assistência social e Justiça.
Sobre o deputado federal Hugo Leal, é um dos padrinhos políticos de Castro, ao lado do deputado estadual Marcio Pacheco. Durante mais de 20 anos, trabalhou como assessor parlamentar, ora com um, ora com outro.
Há também mudança de nome de algumas pastas. A secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais passa a ser chamada de secretaria de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, enquanto a secretaria de Transportes ganha o nome de secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana.
Essa última merece uma atenção especial porque é a responsável pelo transporte das barcas, que afeta diretamente os moradores de Niterói e está no meio de um impasse com a concessionária CCR quanto a sua continuidade. Ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB) substitui André Luiz Nahass, que ficou 13 meses à frente do cargo e não resolveu o imbróglio do transporte aquaviário.
Reis comandará uma pasta turbinada com obras ligadas ao setor, como o projeto de levar um metrô leve à Baixada Fluminense. Um dos articuladores da campanha de Castro na região, o político chegou a ser vice na chapa do governador na última corrida eleitoral, mas o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE) o considerou inelegível, decisão que foi sustentada pelo TSE, após ele ter sido condenado por crime ambiental.
O primeiro escalão do governo será composto ainda por políticos aliados, como o próprio Washington Reis (MDB), mas também por nomes técnicos, como a nova secretária de Educação, a professora Patrícia Reis, hoje superintendente de Gestão de Pessoas da pasta.
Apesar de mudar pouco mais da metade de sua equipe, Castro manterá 13 dos atuais secretários, sobretudo nas áreas econômica e de segurança pública, que ele avalia como “algo que deu certo” em seus primeiros anos à frente do Palácio Guanabara.
Seguem no cargo, entre outros, Nicola Miccione (Casa Civil), Rodrigo Abel (Chefia de Gabinete), Leonardo Lobo (Fazenda), Maria Rosa Nebel (Administração Penitenciária), coronel Leandro Monteiro (Defesa Civil), Fernando Albuquerque (Polícia Civil), coronel Luiz Henrique Marinho Pires (Polícia Militar) e Igor Marques (subsecretaria de Comunicação). Uruan Cintra fica com Cidades e Infraestrutura. E Nelson Rocha permanece no Planejamento.
O deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL) também continua à frente da Secretaria de Governo. No entanto, como ele é o favorito à sucessão da Presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), caso sua eleição se confirme no início da próxima legislatura, seu substituto será o deputado estadual Chico Machado (Solidariedade)
Com G1, O Globo e Agência Brasil
COMPARTILHE