Niterói por niterói

Pesquisar
Close this search box.
Publicado

Bolsonarista, Cláudio Castro é reeleito governador do Rio de Janeiro

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

COMPARTILHE

Ex-vice de Witzel foi reeleito com mais de 4 milhões de votos. Em segundo lugar ficou Marcelo Freixo (PSB) com pouco mais de 2 milhões de votos
cc campanha
Cláudio Castro foi reeleito com 58,55% dos votos válidos Foto: reprodução rede social

Pesquisas de intenção de voto chegaram a indicar um possível segundo turno na disputa pelo cargo de governador do Rio de Janeiro, mas o bolsonarista Cláudio Castro (PL), de 43 anos, foi reeleito no primeiro turno, neste domingo (2) com 58,67% dos votos válidos (4.930.288).

Em segundo lugar ficou o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) que recebeu 2.300.980 de votos ou  27,38%. O ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT) obteve 8% dos votos (672.291); Paulo Ganime (NOVO), 5,31% (446.580); Juliete Pantoja (UP), 0,33% (27.344 ); Cyro Garcia (PSTU), 0,15% (12.627 ); Eduardo Serra (PCB), 0,13% (10.852) e Luiz Eugênio (PCO), que teve a candidatura indeferida, 0,02% (1.844 ).

Compareceram às urnas no estado 9.411.923 eleitores. Votaram em branco 1,61% das pessoas; outras 2,96% anularam o voto. A abstenção foi de 22,72%.

O governador reeleito postou a seguinte mensagem nas suas redes sociais quando a apuração chegou a 98,79% das urnas:

“Quero agradecer de coração a confiança e a esperança que milhões de fluminenses depositaram hoje no meu nome. O povo do Rio de Janeiro mostrou, com o seu voto, que aprova o caminho que nós estamos trilhando. A vitória de hoje não é só minha. Ela é de todos aqueles que amam o Rio de Janeiro. De todos os que sonham e lutam pra que o Rio ocupe de fato o lugar que nos pertence: que é ser o orgulho do Brasil. Que Deus nos guie e nos ilumine sempre. Muito obrigado Rio de Janeiro”.

 

A Baixada Fluminense e promessas, principalmente, na área de saúde, foram os focos da campanha de Castro. A reeleição indica que ele passou incólume pelas diversas denúncias que envolveram o seu nome. Muitos dos casos foram, justamente, na área da saúde.

No último dia de campanha, Cláudio Castro fez carreata em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Foto: Divulgação

Casado e pai de dois filhos, Castro, quando foi eleito vice-governador do Rio de Janeiro, integrava o PSC, partido presidido pelo Pastor Everaldo, ao qual o presidente Bolsonaro também era filiado.  Advogado, músico e evangelizador, o paulista Castro (nasceu em Santos, mas veio para o Rio com um ano) é cria dos deputados Marcio Pacheco e Hugo Leal. Durante mais de 20 anos trabalhou como assessor parlamentar, ora com um, ora com outro.

Quando compôs a chapa encabeçada por Wilson Witzel, em 2018, para o governo do estado, ele era vereador. Em 2020, se tornou governador após o afastamento do ex-juiz. Na época, Castro foi alvo de delação premiada do ex-secretário de Saúde, Edmar Santos, pivô das investigações contra Witzel.  Antes, ele já tinha sido alvo de outra delação premiada, então por parte do empresário Bruno Selem, relacionada com pagamentos de propinas em projetos sociais, também na área da saúde.

Caso Ceperj

Faltavam 11 dias para o início da propaganda eleitoral quando estourou o chamado “caso Ceperj” que envolve pagamentos milionários a prestadores de serviços contratados pelo Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do RJ. A suspeita é que esses prestadores de serviço seriam funcionários fantasmas e que o montante dessa folha de pagamentos, na verdade, teria como finalidade financiar campanhas eleitorais.

No último dia 31 de julho, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) ajuizou uma Ação Civil Pública (ACP) com pedido de tutela de urgência para que o Estado do Rio de Janeiro e a Fundação Ceperj se abstenham de contratar pessoal e divulguem todas as contratações e remunerações em seu portal eletrônico. Ajuizada pela 6ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania, a ação, que tramita na 15ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital, também requer que o Banco Bradesco deixe de cumprir as ordens bancárias de pagamento emitidas pela Ceperj.

A realização de saques ‘na boca do caixa’ que, no agregado, representem o levantamento de quase R$ 226,5 milhões de reais em espécie implica em um volume incomensurável de dinheiro oriundos dos cofres públicos circulando ‘por fora’ do sistema financeiro, cuja efetiva destinação será impossível de verificar”, diz um trecho da petição inicial do MPRJ.

Em plena campanha, na metade de setembro, Castro se deparou com novas denúncias envolvendo o seu nome. O site UOL obteve acesso a relatos colhidos em julho pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ), no processo da Operação Catarata, que investiga fraudes em projetos sociais da prefeitura e do governo do Rio.

De acordo com o site, o depoimento de Marcus Vinícius Azevedo da Silva, empresário e ex-assessor do governador Cláudio Castro, detalha supostos recebimentos de propina pelo atual candidato à reeleição enquanto era vereador na capital fluminense. Ele também corrobora outra delação que diz que Castro — à época que era vice-governador — carregou propina em uma mochila.

Marcus Vinícius diz ainda que Castro recebeu propina no exterior: US$ 20 mil (R$ 104 mil na cotação do dólar na quinta-feira, 15 de setembro) em uma viagem com a família a Orlando, na Flórida (EUA), onde ficam parques da Disney.

À época, para a reportagem do UOL, Castro disse que o vazamento tinha como objetivo interferir no processo eleitoral.

Foi também durante a campanha que seu ex-secretário de Polícia Civil foi preso. Allan Turnowski deixou a cadeia no último dia 30 de setembro. Ele havia sido preso por suspeita de organização criminosa e envolvimento com o jogo do bicho no início do mês.

Vice

Ao longo da campanha, Castro teve que trocar o vice da sua chapa. Washington Reis (MDB), ex-prefeito de Duque de Caxias, teve sua candidatura cassada, por unanimidade, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ).

O relator do processo, desembargador Luiz Paulo da Silva Araújo Filho, entendeu que o político estaria inelegível por conta de condenações impostas a ele por crimes contra o meio-ambiente e contra a administração pública, ocorridos entre 2005 e 2009, em seu primeiro mandato como prefeito de Duque de Caxias.

Tornou-se, então, o vice-governador eleito do Rio de Janeiro, o deputado estadual Thiago Pampolha (União Brasil).

Promessas

Durante sua campanha para a reeleição, Castro não esteve em Niterói. Porém, algumas questões caras à cidade ele abordou em corpo a corpo com eleitores como, por exemplo, o transporte aquaviário cujo serviço prometeu melhorar.

Ele chegou a afirmar que um novo modelo de concessão para a operação do sistema de barcas seria construído “junto com a população, por meio de audiências públicas”. Ao mesmo tempo, também informou que um novo modelo de concessão já estava sendo desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para substituir a concessão atualmente em vigor, que termina em fevereiro de 2023.

Claudio Castro também prometeu tirar a linha 3 do Metrô do papel. Durante uma caminhada, em São Gonçalo (município onde ele esteve várias vezes e cujo prefeito é do mesmo partido), ele afirmou que o projeto da linha 3 já estava pronto.

– O projeto está pronto, a gente só não fez antes porque não tínhamos dinheiro. Agora temos porque fizemos a maior concessão do Brasil – disse ele, em um compromisso de campanha.

O leilão de concessão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) do Rio de Janeiro, em abril do ano passado, resultou na venda de três dos quatro blocos em que a empresa foi fatiada, por R$ 22,69 bilhões. Entre os municípios beneficiados com o negócio estão Rio de Janeiro (R$ 5 bilhões) São Gonçalo (R$ 1 bilhão) e Duque de Caxias ( R$ 750 milhões) ,então sob gestão do prefeito Washington Reis, seu ex-vice.

Nas “Diretrizes Gerais” do seu Plano de Governo, o então candidato afirmava que “o êxito absoluto da estratégia financeira” da sua atual gestão fez com que o Estado virasse, em 2022, “um enorme canteiro de obras, deflagrando obras de infraestrutura significativas” em todos os municípios fluminenses.

“Nosso otimismo encontra fundamento em obras efetivas, que estão modernizando a antiquada estrutura viária do Estado, indo até o mais remoto trecho vicinal rural, viabilizando novas centralidades metropolitanas ao rasgar poderosas artérias de escoamento sobre trilhos (o Metroleve Baixada – Arco) e a Linha 3 (São Gonçalo – Praça Araribóia), ao promover drenagens, desassoreamentos de rios e contenções de encostas”, diz um trecho do documento de 37 páginas.

No capítulo “Eixos do Programa de Governo”, no item 5, dedicado também à mobilidade urbana, dentre as nove metas listadas, não, há porém, referência à Linha 3 do Metrô, mas à implantação do Metroleve da Baixada Fluminense.

Linha tênue

Demonstração de força política: em ato de campanha, Cláudio Castro se reúne com prefeitos de 63 municípios do Estado. Foto: Divulgação

O mestre em História Política e professor da UFF Adriano de Freixo, em entrevista para o A Seguir, explicou que a força de Castro detectada em algumas pesquisas de intenção de voto devia-se, em grande parte, ao fato dele já estar no cargo e deter a máquina pública.

Não por acaso, o então candidato à reeleição deu uma grande demonstração de força política, quando, em agenda de campanha, promoveu uma reunião com prefeitos de municípios do Estado. Do evento, realizado em um clube na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, participaram 63 gestores de cidades fluminenses – o Rio de Janeiro tem 92 municípios.

De acordo com informe da campanha de Castro, os prefeitos “assumiram o compromisso de serem multiplicadores das propostas” do então candidato à reeleição, nessa reta final de campanha.

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando foi eleito vice-governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro integrava o PSC, partido presidido pelo Pastor Everaldo, ao qual o presidente Bolsonaro também era filiado.  Advogado, músico e evangelizador, o paulista Castro (nasceu em Santos, mas veio para o Rio com um ano) é cria dos deputados Marcio Pacheco e Hugo Leal. Durante mais de 20 anos trabalhou como assessor parlamentar, ora com um, ora com outro.

Quando compôs a chapa encabeçada por Wilson Witzel, em 2018, para o governo do estado, ele era vereador. Em 2020, se tornou governador após o afastamento do ex-juiz. Na época, Castro foi alvo de delação premiada do ex-secretário de Saúde, Edmar Santos, pivô das investigações contra Witzel.  Antes, ele já tinha sido alvo de outra delação premiada, então por parte do empresário Bruno Selem, relacionada com pagamentos de propinas em projetos sociais, também na área da saúde.

A 11 dias do início da propaganda eleitoral, ele se vê às voltas com o “caso Ceperj” que envolve pagamentos milionários a prestadores de serviços contratados pelo Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do RJ. A suspeita é que esses prestadores de serviço seriam funcionários fantasmas e que o montante dessa folha de pagamentos, na verdade, teria como finalidade financiar campanhas eleitorais.

No último dia 31 de julho, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) ajuizou uma Ação Civil Pública (ACP) com pedido de tutela de urgência para que o Estado do Rio de Janeiro e a Fundação Ceperj se abstenham de contratar pessoal e divulguem todas as contratações e remunerações em seu portal eletrônico. Ajuizada pela 6ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania, a ação, que tramita na 15ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital, também requer que o Banco Bradesco deixe de cumprir as ordens bancárias de pagamento emitidas pela Ceperj.

“A realização de saques ‘na boca do caixa’ que, no agregado, representem o levantamento de quase R$ 226,5 milhões de reais em espécie implica em um volume incomensurável de dinheiro oriundos dos cofres públicos circulando ‘por fora’ do sistema financeiro, cuja efetiva destinação será impossível de verificar”, diz um trecho da petição inicial do MPRJ.

 

 

 

 

 

Castro chega ao final da eleição apesar de ter trocado de vice ao longo da campanha. Inicialmente, ele compôs sua chapa com Washington Reis (MDB), ex-prefeito de Duque de Caxias. Sua candidatura, porém, foi cassada, por unanimidade, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ)

O relator do processo, desembargador Luiz Paulo da Silva Araújo Filho, entendeu que o político estaria inelegível por conta de condenações impostas a ele por crimes contra o meio-ambiente e contra a administração pública, ocorridos entre 2005 e 2009, em seu primeiro mandato como prefeito de Duque de Caxias.

 

decidiu pela inelegibilidade do candidato a vice-governador do estado na chapa de Cláudio Castro (PL-RJ), Washington Reis (MDB-RJ). A Corte Eleitoral do Estado também vetou a candidatura do deputado federal Daniel Silveira (PTB) ao Senado Federal.

 

 

COMPARTILHE