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O que esperar da ‘bancada de Niterói’ na Alerj em 2023

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

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Verônica Lima (PT e Vitor Junior (PDT) renovam os representantes da cidade que conta ainda com Flávio Serafini (PSOL)
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Palácio Tiradentes, ex-sede da Alerj. Foto: Divulgação

A partir de 1º de fevereiro, começa um novo ciclo na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Na data, uma quarta-feira, os setenta deputados estaduais eleitos tomarão posse em cerimônia a ser realizada no Palácio Tiradentes, antiga sede da Alerj. Três candidatos com base eleitoral em Niterói foram eleitos para ocuparem cadeiras na Casa de Leis do Estado.

Leia mais: PL de Castro e Bolsonaro elege 17 deputados estaduais para a Alerj; confira os 70 eleitos

As urnas mostraram que a política local está mais à esquerda, em Niterói, dando a vitória para candidaturas legislativas do PSOL e do PT, além de um representante do PDT.

Defenderão seus projetos o deputado Flávio Serafini (PSOL), reeleito para o terceiro mandato; e dois estreantes: o ex-vereador e ex-secretário Executivo da gestão Rodrigo Neves, Vitor Júnior (PDT), além da vereadora Verônica Lima (PT), que deixará seu cargo na Câmara Municipal para assumir uma vaga no parlamento estadual. No lugar dela, entra o presidente municipal do PT, Anderson Pipico, que atualmente é secretário municipal de Participação Social.

A petista foi a única a sair vitoriosa, entre os sete colegas da Câmara Municipal que participaram da corrida eleitoral. Benny Briolly e Paulo Eduardo Gomes, ambos do PSOL; Renato Cariello (PDT), Leonardo Giordano (PCdoB), Douglas Gomes (PL) e Fabiano Gonçalves (Cidadania) não foram eleitos e permanecem como vereadores na cidade.

Conheça a “bancada” de Niterói, na Alerj

Flávio Serafini

Com 71.258 votos, o niteroiense Flávio Serafini, de 43 anos, foi reeleito para o seu terceiro mandato como deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PSOL, partido que ajudou a fundar na sua cidade natal. Ele, inclusive, já foi presidente da sigla, no município, por duas gestões, entre 2008 e 2010 e 2012 e 2014.

Flávio Serafini é presidente da Frente Parlamentar de Defesa ao Transporte Aquaviário. Foto: reprodução rede social

Sociólogo e ex-professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), começou cedo sua história com a militância, aos 16 anos, em defesa do passe livre e do acesso à cultura. Como estudante da Universidade Federal Fluminense (UFF), também fez parte do Diretório Central dos Estudantes (DCE), época em que já defendia a educação pública, com propostas para ampliar o acesso à educação e a permanência dos estudantes na universidade.

No parlamento, mantém a luta por uma educação mais igualitária, além de levantar bandeiras em prol da saúde, meio ambiente, moradia e transporte. Hoje, é presidente da Comissão de Educação e da CPI da Rioprevidência; da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial; e da Frente Parlamentar de Defesa ao Transporte Aquaviário. Nessa área, ele é o autor da Lei 1.560/16, que cria a linha social das barcas, em Charitas.

Ainda destaca-se na cidade onde nasceu – e na Alerj – na labuta permanente contra o aumento do preço das barcas e dos ônibus – e pela melhoria nos meios de transporte. Nas ruas, em todo o Estado, o seu mandato promove encontros com os movimentos sociais e ativistas, acompanhando demandas e pautas de diferentes grupos. Entre elas, a luta por moradia; pela justiça socioambiental; pelo combate ao racismo religioso e outras pautas progressistas.

– Tento ter uma atuação no território dentro das agendas que trabalho porque não é possível atuar em todas as frentes. Minhas ações são na área de saúde mental, educação e meio ambiente. Minha pauta prioritária é saúde, mas dentro dos transportes, por exemplo, sou referência quando o assunto é barcas, que impacta diretamente Niterói, mas também Paquetá, São Gonçalo, Ilha do Governador e Ilha Grande – – disse, em entrevista ao A Seguir: Niterói.

Especificamente sobre Niterói, promete tomar a frente no debate em relação ao serviço das barcas e pela implementação da tarifa social no trecho Charitas-Praça 15. No meio-ambiente, vai trabalhar pela ampliação da área de proteção ambiental da Serra da Tiririca e do sistema lagunar Itaipu-Piratininga; na educação, pelo aumento de vagas disponíveis na rede pública de educação infantil; e, sobre saúde mental, promete se esforçar para abrir um Centro de Atenção Psicossocial, com atendimento 24 horas.

Flávio Serafini na bancada eleita do PSOL. Foto: Reprodução

– Na educação, evitamos que escolas estaduais fechassem; um Ciep estadual no Barreto, que estava abandonado, vai aumentar o número de vagas para a cidade. Também quero trabalhar com metas de ampliação de vagas para creches e educação infantil. Uma forma de conseguir essas vagas, por exemplo, é ampliando o repasse para o município. Na saúde, meu trabalho é voltado para a saúde mental. Meu objetivo é que não tenha mais ninguém internado em manicômio, no estado – enumerou, em um balanço do mandato, em 2022.

Verônica Lima

Em 2012, Verônica Lima foi a primeira mulher negra a ser eleita vereadora, em Niterói. Dez anos depois, no exercício do seu terceiro mandato, 55.738 votos a levaram para a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – desse total, 15.652 foram de niteroienses. No “placar total”, ficou em 29º lugar dentre os 70 eleitos para a Alerj.

Verônica Lima vai assumir cargo na Alerj. Foto: Divulgação

Atual presidente da Comissão Permanente de Habitação e Regularização Fundiária da Câmara dos Vereadores de Niterói, a parlamentar, de 49 anos, se orgulha de ter criado o primeiro Estatuto Municipal de Igualdade Racial do Brasil, além da Lei de Diretrizes para Mulheres Vítimas de Violência.

Na Alerj, pretende manter uma atuação semelhante à da Câmara, no sentido de atuar em diferentes frentes. Dois temas, porém, ela pretende dar mais atenção: retomar os empregos na indústria naval e replicar, pelo estado, a implantação de uma moeda social – política pública de transferência de renda que, no Estado do Rio, existe em Maricá e também em Niterói. A criação da moeda Araribóia contou com um “empurrão” de Verônica, então secretária de Governo do ex-prefeito Rodrigo Neves.

Verônica ainda afirma que sua atuação parlamentar visará combater as desigualdades sociais, além de valorizar a cultura e elaborar políticas públicas que confrontem qualquer tipo de opressão. Conforme afirmou em entrevista ao A Seguir, seu mandato será um “instrumento de luta da juventude negra e periférica.”

Vereadora ao lado de Lula, durante a campanha, em Niterói. Foto: Divulgação

– Tem a Verônica do combate à fome e à miséria; tem a Verônica da defesa do emprego da indústria naval; tem a Verônica do combate às múltiplas desigualdades e violências praticadas contra as mulheres, contra pessoas lgbtqia +  e contra a juventude negra e periférica. E eu digo isso não apenas pautada em uma fala, mas em uma conduta parlamentar. Tenho uma defesa intransigente na retomada dos empregos na indústria naval. Acho que o tema da defesa do emprego na indústria naval, a política de transferência de renda com moeda social, como são a Mumbuca e a Arariboia, que são experiências exitosas, certamente vão ser alvo de muita atenção – afirmou.

Vitor Júnior 

Vitor Júnior (PDT) tem 45 anos e nasceu em Campos dos Goytacazes, mas foi em Niterói que construiu toda sua carreira política. Foi vereador do município por três mandatos, o último encerrado em 2016, além de secretário municipal Executivo, em 2016, e de Obras, em 2017, ambos na gestão Rodrigo Neves. Além disso, presidiu a Companhia de Limpeza Urbana (Clin), em 2007.

No seu primeiro mandato na Alerj, afirmou que suas prioridades serão em torno da geração de empregos, educação em tempo integral e a eficiência da saúde pública.

Vitor Junior foi eleito para seu primeiro mandato como deputado. Foto: Divulgação

– Acredito no poder transformador da educação. Precisamos que nossas crianças e jovens tenham acesso ao conhecimento, à formação profissional e ao esporte, além da iniciação musical. Dessa forma, teremos um Estado próspero, com desenvolvimento sustentável e oportunidades para todos – afirmou, em entrevista ao jornal Folha da Terra.

O agora deputado promete tomar a frente no debate sobre infraestrutura, segurança pública, cultura e turismo. Apoia o fortalecimento da agricultura familiar e a defesa dos direitos dos animais. Também pretende “resgatar a indústria naval, fortalecer a construção civil e impulsionar os produtores rurais”. Por fim, ainda ressaltou que é “urgente” a implementação de um programa de transferência de renda e a retomada do Niterói Presente, programa de segurança que teve o convênio rompido pelo Governo do Estado:

– Meu trabalho como deputado terá como foco fiscalizar as políticas públicas estaduais e propor soluções para a melhoria da qualidade de vida da população, lutando principalmente pela geração de empregos, educação em tempo integral e eficiência da saúde pública. Precisamos resgatar a nossa indústria naval, fortalecer a construção civil, impulsionar os produtores rurais e aproveitar todo o potencial das nossas cidades para o turismo – finalizou.

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