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O deputado de Niterói: Flávio Serafini toma a frente do debate sobre as barcas na Alerj

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Em entrevista para o A Seguir Niterói, ele avalia a campanha e diz o que Niterói pode esperar do seu mandato
Flávio Serafini é presidente da Frente Parlamentar de Defesa ao Transporte Aquaviário. Foto: leitor
O deputado Flávio Serafini (PSOL) é o autor da lei que cria a linha social de barcas em Charitas, Niterói. Fotos: reprodução rede social

Com 71.258 votos, o niteroiense Flávio Serafini, de 43 anos, foi eleito para o seu terceiro mandato como deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PSOL, partido que ajudou a fundar na sua cidade natal.

Flávio Serafini foi reeleito para seu terceiro mandato como deputado estadual do Rio. Foto: Divulgação

Ele foi o preferido dos niteroienses na hora de escolher um representante para a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Porém, não foi a Cidade Sorriso e sim a Cidade Maravilhosa o município onde Serafini recebeu o maior número de votos. O placar foi: Italiano, 21 mil X 25 mil, Joelho. O restante, segundo ele, foi espalhado entre várias cidades.

No placar geral, Serafini ficou na 16ª  colocação, entre os 70 eleitos para a Alerj.

Sociólogo e professor licenciado da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o deputado prioriza a luta por educação, saúde, meio ambiente, moradia e transporte. É presidente da Comissão de Educação da Alerj e da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial. Serafini é o autor da Lei 1.560/16 que cria a linha social das barcas, em Charitas.

– Minha opção, desde o início, foi a de não ser um vereador de Niterói na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, ou seja, ter de fato um mandato estadual sem, porém, me esquecer de onde vim –  disse ele em entrevista ao A Seguir Niterói.

Por três vezes, foi candidato a prefeito de Niterói – em 2012 e 2016 ficou em terceiro lugar; em 2020, em segundo. Em 2024, o PSOL terá que escolher outro candidato para disputar a prefeitura da cidade, porque ele não pretende disputar outra vez essa eleição.

Morador do Ingá, casado, pai de dois filhos (8 e 11 anos), Serafini é “figurinha fácil” na cidade em qualquer época e não apenas na hora de pedir votos. Seu programa predileto é ir à praia, às vezes Piratininga, às vezes, Camboinhas. Ele também não perde uma apresentação da Sinfônica Ambulante até porque sua esposa, Rachel, é uma das integrantes do grupo musical.

Sua mais recente promessa, feita para ele mesmo, é retomar as corridinhas pela orla de Icaraí. Para os eleitores, ele informa que, no início de novembro, fará uma audiência pública para saber a quantas anda o estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para a criação de um novo modelo de licitação de concessão para o serviço do transporte aquaviário.

Confira a entrevista 

Em Niterói, o senhor foi o candidato a deputado estadual mais votado ao mesmo tempo em que o bolsonarista Carlos Jordy foi o mais votado para o cargo de deputado federal. Como avalia esse resultado polarizado?

Niterói é uma cidade tradicionalmente politizada. O resultado na cidade sintetiza o cenário do Brasil. Aliás, essa polarização do voto aconteceu na eleição passada para deputado, também. Porém, o que se percebeu este ano foi que se reestabeleceu um certo equilíbrio de forças entre a esquerda e o campo bolsonarista,  ainda como um reflexo das eleições, como um todo, no Brasil.

 Como avalia essa campanha de 2022?

Desta vez, as ruas estavam mais generosas com a gente. Era comum a gente sofrer muitos ataques. Agora, o bolsonarismo estava com a bola murcha, não tinha mais a presunção de dizer que a esquerda era desonesta. Os bolsonaristas estavam com a moral baixa. Ainda tinha agressividade, mas por parte só da militância. A agressividade descolou da base eleitoral. Em termos de resultado, Lula chegou ao segundo turno com vantagem sólida e a esquerda cresceu na Câmara. Já o bolsonarismo está ganhando espaço que era ocupado pela direita tradicional. Para o segundo turno, Lula saiu com vantagem importante e conta com apoio dos dois principais candidatos derrotados ao governo do Rio [Marcelo Freixo (PSB) e Rodrigo Neves (PDT)]. Espera-se muita fake news para criar medo, além de guerra religiosa e moral, como já foi no primeiro turno.

 O senhor foi o mais votado para deputado estadual, em Niterói. Em quais  outros municípios se destacou?

Minha votação é muito espalhada pelo estado, mas o município que mais me deu votos foi a cidade do Rio de Janeiro, com 25 mil. Isso mostra que meu trabalho tem sido reconhecido porque a capital é aberta ao voto de opinião. Em Niterói, recebi 20 mil votos. Outros 26 mil votos vieram de várias outras cidades.

O então candidato em campanha no Campo de São Bento.

O que Niterói pode esperar do seu terceiro mandato?

Minha opção, desde o início, foi a de não ser um vereador de Niterói na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ou seja, ter de fato um mandato estadual sem, porém, me esquecer de onde vim. Meu foco é defender políticas públicas que garantam justiça social. Tento ter uma atuação no território dentro das agendas que trabalho porque não é possível atuar em todas as frentes. Minhas ações são na área de saúde mental, educação e meio ambiente. Minha pauta prioritária é saúde, mas dentro dos transportes, por exemplo, sou referência quando o assunto é barcas, que impacta diretamente Niterói, mas também  Paquetá, São Gonçalo, Ilha do Governador e Ilha Grande.

Pode exemplificar algumas atuações com foco em Niterói?

Por exemplo, no meio ambiente, meu foco para Niterói é a Serra da Tiririca. Na educação, evitamos que escolas estaduais fechassem, em Niterói; um Ciep estadual no Barreto, que estava abandonado, vai aumentar o número de vagas para a cidade. Sou o presidente da Comissão de Educação da Alerj. Na relatoria do Plano Estadual de Educação, quero trabalhar com metas de ampliação de vagas para creche e educação infantil. Em Niterói, de 30% a 50% das crianças não têm vaga na creche e educação infantil. Uma forma de conseguir essas vagas, por exemplo, é ampliando o repasse para o município. Na saúde, meu trabalho é voltado para a saúde mental. Meu objetivo é que não tenha mais ninguém internado em manicômio, no estado. Eram mil internados, agora são cerca de 500. Niterói não tem Caps 3 (Centro de Atenção Psicossocial 24h) e, pelo tamanho da população, deveria ter duas unidades. Saúde mental é política pública, que envolve atenção básica de saúde.

 O governador Cláudio Castro tem repetido que o projeto de licitação das barcas já está pronto e que o serviço não será interrompido em fevereiro, quando acaba a concessão da CCR. Como está essa situação?

No momento, há um conflito de declarações entre o que o governador reeleito diz e o que a CCR diz. A concessionária segue afirmando que não dará prosseguimento ao serviço após o fim do contrato, em fevereiro. O fato é que o novo modelo de licitação de concessão não está pronto porque o governo perdeu os prazos relacionados com isso. O impasse já estava posto em julho, quando aconteceu uma audiência pública.

O governador tem dito que o um novo projeto de licitação feito pela UFRJ já está pronto.

Estamos acompanhando de perto os estudos que a UFRJ estão fazendo via Coppe [Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia]. Sou o único deputado que acompanhou todas as audiências sobre o tema. O governo fez um edital para contratar a empresa que iria fazer uma nova modelagem da licitação do serviço de barcas. Venceu um consórcio que reunia diferentes empresas, organizado por advogados, do qual alguns professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) faziam parte. Todo esse processo me pareceu sério. Porém, logo depois que esse grupo venceu, trocaram o secretário de transporte [o então secretário era o deputado federal Rogerio Teixeira Junior, o Juninho do Pneu, nomeado pelo já governador Cláudio Castro, em substituição ao engenheiro Delmo Pinho, nomeado pelo então governador Wilson Witzel]. O novo secretário [o advogado Andre Luiz Nahass, que já ocupou diversos cargos executivos na SuperVia] cancelou a licitação anterior e chamou a Coppe sem licitação. Isso mostra a falta de continuidade do processo, além de falta de planejamento. Por que cancelaram o edital? O processo demonstra falta de transparência. No governo Pezão, já tinha sido feita uma contratação da FGV, sem licitação, que foi anulada.

O senhor vai tomar alguma providência relacionada com isso?

Hoje, o foco é não parar o serviço. No início de novembro, farei uma audiência pública para a UFRJ apresentar seu projeto e discutir a continuidade do serviço, a partir de fevereiro. É preciso que o novo edital tenha previsão da linha social em Charitas (lei 1.560/16, de minha autoria, aprovada em 2018) e tenha proposta de expansão do serviço para São Gonçalo e Baixada. Desde 1994, há uma previsão de chegada das barcas a São Gonçalo.

O deputado criou a lei que institui a linha social de barcas em Charitas.

A presidência da Alerj está na linha sucessória do governo do Estado. Na ausência do governador e do seu vice, o presidente da Alerj se torna governador do Ri de Janeiro. Essa será uma eleição importante em 2023?

As várias prisões dos governadores do Rio e o fato do atual governador já ser investigado coloca a linha sucessória da Alerj com mais centralidade. Não podemos ter um parlamento refém de um governo que se inicia com denúncias. O parlamento tem que ter independência. O Brasil vive uma crise na democracia e a Alerj tem que contribuir com o fortalecimento da democracia. Em termos de atuação nesta eleição, ainda não definimos nossa estratégia.

O senhor já foi candidato a prefeito de Niterói por três vezes. Tentará ser prefeito outra vez, em 2024?

Hoje eu não pretendo ser candidato a prefeito de Niterói. Venho de disputar eleições seguidas e acho que o PSOL tem outros bons nomes. Um pouco de alternância é saudável.

O senhor é um político que é visto pela cidade normalmente e não apenas em época de eleição. É reconhecido pelas pessoas. Como encara o assédio, nesses momentos de celebridade?

O assédio é tranquilo porque as pessoas estão acostumadas com a minha presença na cidade. É uma manifestação de carinho. Nunca fui hostilizado, então, não é um incômodo. Eu gosto.

Com os colegas do PSOL iniciando a mobilização para o segundo turno da campanha para Presidência da República

 

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