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Estudo da UFRJ detecta que cada 100 pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 contamina outras 254

Por Redação
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De acordo com a pesquisa, a taxa de transmissão não chegava a patamares tão altos desde os meses de fevereiro e março de 2020
População caminhando na Gavião Peixoto - Gustavo Stephan
O risco de uma taxa de transmissão acelerada é um colapso na prestação de serviços. Foto: Divulgação

Cada 100 pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2, na semana de 9 a 15 de janeiro, infectaram mais 254. É isso o que informa o Covidímetro, estudo elaborado pelo Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

De acordo com o estudo, os dados evidenciam que a velocidade de transmissão do novo Coronavírus, no estado do Rio de Janeiro “está em patamar crítico e tende a acelerar ainda mais”. Vice-coordenador do GT, Guilherme Horta Travassos explica que a taxa de transmissão não chegava a patamares tão altos desde os meses de fevereiro e março de 2020, quando o vírus iniciava a primeira onda de infecções.

Na capital, a transmissão é ainda mais acelerada, com taxa de 2,61 novas infecções a cada caso confirmado.

– Em processos pandêmicos, valores acima de 1 são considerados preocupantes, e, acima de 2, bastante preocupantes, bem críticos –  explica Travassos, que é professor de engenharia de sistemas e computação da Coppe/UFRJ e fez parte da elaboração do modelo que calcula a taxa de transmissão. – Já se percebe nos dados atuais um aumento no número de casos. Então, a expectativa é que, talvez, os valores possam aumentar para a semana seguinte. É uma situação de bastante preocupação”.

O risco de uma taxa de transmissão tão acelerada, explica ele, é um colapso na prestação de serviços, o que não se restringe ao atendimento hospitalar.

– Quando as pessoas testam positivo ou têm contato com pessoas adoentadas, elas precisam ficar isoladas, então, as empresas deixam de ter seus times completos. Com isso, vemos até companhias aéreas que não conseguem colocar aviões no ar –  exemplifica. – Se a gente não der um jeito de frear essa aceleração, se não reduzir essa velocidade, a situação vai ser muito complicada.

Apesar de o modelo de cálculo da taxa de transmissão indicar que é necessário lockdown quando o índice fica acima de 2 pontos, Travassos explica que essa é uma avaliação que não pode ser feita com base em apenas um indicador. Segundo ele, olhar apenas a taxa de transmissão não é suficiente:

– A gente tem que olhar o número de casos por 100 mil habitantes, a ocupação hospitalar, a disponibilidade de profissionais de saúde. Tudo isso tem que ser visto – observa, destacando que a universidade poderá recomendar medidas mais restritivas caso a situação se agrave.

Mortes

A expansão acelerada dos casos de Covid-19 com a disseminação da variante Ômicron fez com que o estado do Rio de Janeiro registrasse 257 mil casos de Covid-19 em 2022, o que corresponde a mais de um quarto dos 918 mil confirmados ao longo de todo o ano de 2021, segundo o painel de dados da Secretaria de Estado de Saúde. Em  Niterói, município já registra aumento recorde de casos e volta a ter mortes por Covid.

Travassos recomenda que a população use máscara, mantenha a higiene das mãos, evite lugares com aglomeração e complete o esquema vacinal, fator que ele considera primordial para que o cenário atual não avance e atinja patamares de internação registrados em outros momentos de transmissão acelerada.

– A demanda hospitalar ocorre, principalmente, com aqueles indivíduos que não estão com a vacinação completa – afirma Travassos.

Segundo dados divulgados na semana passada pela Secretaria Municipal de Saúde, 90% dos internados por Covid-19 não completaram o esquema vacinal contra a doença e cerca de 45% não haviam tomado nenhuma dose dos imunizantes disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

O pesquisador da UFRJ ressalta que, apesar de a taxa de contágio ser a mais alta desde a primeira onda da pandemia, a proteção conferida pela vacinação produziu um cenário em que o número de casos é maior que em outros momentos, mas as mortes e internações não crescem na mesma proporção.

O painel de dados da Secretaria Municipal de Saúde informa que, desde o início do ano, no estado, foram 210 mortes confirmadas entre 1º e 23 de janeiro de 2022. No mesmo período do ano passado, a pandemia fez mais de 3,2 mil vítimas.

Com Agência Brasil

 

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