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ONU alerta sobre riscos da elevação do nível dos oceanos; Niterói está vulnerável

Por Redação
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Relatório da ONU listou 31 cidades em perigo, dentre elas, Rio e Atafona. Em Niterói, problemas iguais foram identificados em estudo da UFF
praia de piratininga 14 agosto 24
Ressaca “engoliu” areia da praia de Piratininga. Fotos: arquivo A Seguir Niterói

As cidades do Rio de Janeiro e Atafona foram citadas em um alerta mundial emitido pelas Organização das Nações Unidas (ONU) sobre riscos relacionados com a elevação do nível dos oceanos, em consequência do aquecimento global.

De acordo com um relatório apresentado nesta terça-feira (27), essas duas cidades serão diretamente afetadas com a já detectada elevação do Oceano Pacífico – as temperaturas nos mares da região estão subindo muito mais rapidamente do que as médias globais. Ao todo, 31 cidades constam de uma listagem elaborada pela ONU.

Leia mais: O fogo (cada vez mais) perto de Niterói

O documento informa que o nível das marés subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos, entre 1999 e 2020. Nesse período, nas cidades do estado do Rio de Janeiro citadas, a maré subiu 13 centímetros. Em todo o mundo, segundo o relatório, onde a maré mais subiu foi na cidade norte-americana de Nova Orleans: 26 centímetros.

Pelos prognósticos feitos pela ONU, até 2050, no Rio e em Atafona, o aumento de maré esperado é de 21 centímetros.

Niterói

Em uma ressaca ressente, o mar “recuperou” um antigo calçadão de Piratininga.

Niterói também está vulnerável à elevação do nível do mar, como consequência do aquecimento global.  Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense, divulgado pelo A Seguir em novembro de 2023, já alertava para o problema.

No estudo “Cenário Otimista de elevação do nível médio do mar de 0,50 m e Possíveis Impactos Ambientais, Resultantes de Variações de Marés, na Cidade de Niterói”, os professores Fábio Ferreira Dias (Departamento de Análise Geoambiental) e Rodrigo Amado Garcia Silva (Departamento de Engenharia Agrícola e Meio Ambiente) afirmam que o município deve se preparar para enfrentar inundações provocadas por chuvas extremas, aumento do volume das águas do mar e ressacas cada vez mais potentes e recorrentes, avançando sobre o litoral.

– Já não é mais uma simples hipótese a elevação do nível dos oceanos. A comunidade científica internacional trabalha, dentro de uma estimativa otimista, que essa elevação será de 0,50 m. A projeção pessimista é uma elevação de até 2,5 m. O que vai determinar esse nível é o CO2 que é lançado na atmosfera em consequência das nossas ações, dos seres humanos. Esse gás de efeito estufa está mudando o clima da Terra e provocando o derretimento de geleiras e a própria expansão térmica dos oceanos, o que causam o aumento do nível do mar – explicou Rodrigo, Engenheiro Civil e Ambiental, Coordenador do LABCOST (Laboratório de Modelagem de Processos Costeiros) da UFF.

Em Niterói, as regiões costeiras são as mais expostas, mas o impacto em cada uma delas será diferente. De acordo com o estudo, a Região Oceânica é a mais vulnerável de todas. Entre os bairros, esse “título” vai para Piratininga.

Na opinião do professor, a implementação de comportas para regular o fluxo de água do Canal de Itaipu e também de bombas para drenagem de águas pluviais podem ser medidas que Niterói pode precisar vir a adotar para lidar com o avanço do mar sobre o litoral.

Na região, o município já ergueu alguns paredões nas praias contra o avanço do mar. Ainda assim, neste mês de agosto, uma ressaca que resultou em ondas de até 4m em Itacoatiara e fez a festa de surfistas, em Piratininga, a areia da praia praticamente sumiu, engolida pelo mar.

Um mês antes, em julho, também por conta de ressaca, grandes blocos de concreto e pedras passaram a fazer parte da paisagem da praia de Piratininga. Eram restos do antigo calçadão que ficaram expostos, com direito a pedras rolando para o mar.

Em Camboinhas, um paredão já ocupa um bom trecho da praia, Para recuperar a orla do bairro, que teve parte de um barranco de areia e as escadas de três quiosques derrubadas, após três ressacas seguidas, a Prefeitura optou por construir um muro de gabião.

Considerada como “obra emergencial”, a recuperação de um trecho de 270 metros do total de 1.500 metros de calçadão, teve um custo de R$ 10,6 milhões , segundo informou a Prefeitura.

Foi iniciada em 2022. Em abril de 2023, quando já estava concluída, um trecho do calçadão cedeu, entre dois dos muros.

Na opinião de especialistas, construir um muro de gabião para proteger a orla de Camboinhas contra erosões provocadas por ressacas se mostrará um tiro no pé.

Mesmo nas águas abrigadas da baía de Guanabara foi preciso lançar concreto para conter os danos na Boa Viagem. A Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento (Emusa) concluiu, em outubro passado, a obra de contenção de encosta à beira mar localizada entre a Praia das Flechas e a Avenida Engenheiro Martins Romeo, na Boa Viagem, Zona Sul de Niterói.

Novo trecho da praia da Boa Viagem vai passar por obras de contenção de encosta.

A intervenção consistiu na estabilização do talude com uma cortina de 92 metros de extensão, o reforço do gabião já existente, e a drenagem com a colocação de duas escadas hidráulicas. O objetivo da nova contenção foi evitar os riscos de deslizamentos causados pelo impacto das ondas no solo. O investimento foi de R$ 2,7 milhões.

Agora, um novo trecho da praia da Boa Viagem passará por obras de contenção de encosta. A intervenção, ao custo de R$ 23,2 milhões é referente à Avenida Almirante Benjamin Sodré no trecho da Ilha da Boa viagem até o MAC.

Em maio passado, uma ressaca provocou o desmoronamento de parte do barranco justamente desse trecho que passará por obras. Na ocasião, a Avenida Almirante Benjamin Sodré chegou a ter uma via interditada. Em 2023, por duas vezes, houve desmoronamentos no local.

Atafona

Casas arrasadas pelo mar é realidade de Atafona. Foto: reprodução

Atafona é um distrito do município de São João da Barra, que faz parte da Região Norte Fluminense. Distante  320 Km do Rio de Janeiro, esse balneário com cerca de 6 mil habitantes, já vive a realidade da região sendo engolida pelo mar. Casas abandonadas e em ruínas e ruas que terminam na areia já fazem parte do cenário local desde 2020.

De acordo com uma reportagem do National Geographic, todos os anos, o mar avança em média 2,7 metros, mas já chegou a aumentar até 8 metros, como entre 2008 e 2009. Desde que a erosão se acelerou há cerca de 60 anos, as ondas destruíram mais de 500 construções. Quatorze quarteirões da cidade já foram  submersos.

Atafona fica na foz do rio Paraíba do Sul, a hidrovia mais importante da região sudeste do Brasil, onde estão localizadas duas das cidades mais industrializadas e populosas — São Paulo e Rio de Janeiro. A bacia hidrográfica fornece água para mais de 15 milhões de pessoas em 184 municípios.

Rio de Janeiro

Na ressaca que aconteceu neste mês de agosto, o mar tomou conta de um dos lugares mais nobres, da cidade: a Avenida Delfim Moreira, no Leblon. Os luxuosos prédios, de frente para a praia, que têm o metro quadrado mais caro da cidade, viu a água do mar invadir suas portarias e inundar garagens.

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