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O Rio de Janeiro apresenta tendência de alta nos casos de dengue para as próximas semanas. O alerta foi dado por técnicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) após análise do painel de monitoramento das arboviroses, criado neste ano com a inauguração do Centro de Inteligência em Saúde (CIS-RJ).
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– Monitorar a circulação viral é rotina da Vigilância Epidemiológica da SES-RJ. Nos últimos anos, notamos a circulação dos tipos 1 e 2. A entrada de um novo sorotipo, como aconteceu nesta semana em relação ao tipo 4, nos deixa em alerta, uma vez que parte da população fica mais suscetível à infecção – explicou a secretária de Estado de Saúde, Cláudia Mello.
De acordo com a secretária, a circulação simultânea de diferentes sorotipos aumenta a possibilidade de epidemias e reinfecção da doença. Segundo ela, quando a reinfecção acontece, a probabilidade da doença se comportar de forma mais grave é ainda maior.
Até esta sexta-feira (8), o estado do Rio havia registrado 43.205 casos da doença, com 2.481 internações e 25 óbitos. Ainda conforme com dados extraídos do painel, o perfil mais acometido pela doença são mulheres entre 20 e 29 anos, de cor branca ou parda.
Na quinta-feira passada (7), a SES-RJ confirmou o primeiro caso de dengue tipo 4 na cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de uma mulher, de 45 anos, residente da capital fluminense, que teve a amostra confirmada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen-RJ) após três protocolos de análise diferentes. A paciente teve início de sintomas no dia 26 de novembro e segue com os cuidados e tratamento em sua residência. A SES-RJ informou o resultado da análise ao município do Rio de Janeiro logo após a conclusão do laboratório.
– A dengue tipo 4 é menos agressiva do ponto de vista clínico que a do tipo 3, que ainda não circula em nosso estado. A diferença é que como ele volta a circular em nosso território após 5 anos, os que nasceram após o ano de 2018 não tiveram contato com o vírus e não desenvolveram imunidade contra ele, o que aumenta o risco de termos uma epidemia. Além disso, também temos a possiblidade do surgimento do tipo 3 já identificado em outros estados do Sudeste. Por isso estamos antecipando ações preventivas junto aos municípios com capacitação técnica, estabelecendo fluxos de atendimento e cuidado no manejo de pacientes – afirmou a secretária.
O tipo 4 tem os mesmos sintomas dos outros circulantes no estado (tipos 1, 2 e 3): febre, dores de cabeça, dores no corpo e articulações, náuseas e vômitos, podendo ainda surgirem manchas vermelhas na pele. O tratamento é feito da mesma forma para os quatro tipos, com repouso e hidratação.
Em abril passado, a Prefeitura de Niterói divulgou que, na contramão da maioria dos municípios e da capital do estado, Niterói, apresentou baixos números de casos de dengue, zika e chikungunya, no primeiro trimestre de 2023. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, até aquela data, foram notificados 59 casos de dengue, sendo apenas nove confirmados. Os números mostram uma redução de 98,2% de notificação de casos de dengue na cidade desde 2016, quando os números de casos chegaram a 3.369.
O motivo, segundo a Prefeitura de Niterói, está no projeto de liberação de mosquitos Aedes aegypti (transmissor da dengue) com Wolbachia (um micro-organismo que reduz o potencial para a transmissão das doenças), em parceria com a Fiocruz e o World Mosquito Program (WMP), aliado à organização das políticas públicas de Saúde.
Em 2021, foram notificados 46 casos de dengue e 16 confirmados. Já em 2022, foram 97 casos notificados, sendo 12 confirmados. Não houve registro de óbito em 2021, um óbito em 2022 e, até o momento, nenhum registro neste ano. Além da redução dos casos da doença, desde janeiro deste ano até o momento, foram notificados apenas nove casos de chikungunya e um de zika em Niterói.
Os principais sintomas da dengue são: febre alta (maior do que 38°C); dor no corpo e articulações; ; náuseas e vômitos dor atrás dos olhos; mal-estar; falta de apetite; dor de cabeça; manchas vermelhas no corpo .
No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), apresentar quadro leve, sinais de alarme e de gravidade. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (maior do que 38°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele. Também podem acontecer erupções e coceira na pele. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
Para os casos leves com quadro sintomático recomenda-se:
Repouso relativo, enquanto durar a febre;
Estímulo à ingestão de líquidos;
Administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre;
Não administração de ácido acetilsalicílico;
Recomendação ao paciente para que retorne imediatamente ao serviço de saúde, em caso de sinais de alarme.
Os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença requerem internação para o manejo clínico adequado. Ainda não existe tratamento específico para a doença. A dengue, na maioria dos casos leves, tem cura espontânea depois de 10 dias. É importante ficar atento aos sinais e sintomas da doença, principalmente aqueles que demonstram agravamento do quadro, e procurar assistência na unidade de saúde mais próxima. O indivíduo pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque pode ser infectado com os quatro diferentes sorotipos do vírus. Uma vez exposto a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, o indivíduo passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico, ficando ainda suscetível aos demais.
O controle do vetor Aedes aegypti é a melhor forma de prevenir a dengue e outras arboviroses urbanas (como chikungunya e Zika), seja pelo manejo integrado de vetores ou pela atuação da população, eliminando os focos do mosquito em seus domicílios e quaisquer outros espaços de vivência, como o local de trabalho, igrejas, centros espíritas, e escolas.
Deve-se reduzir a infestação de mosquitos por meio da eliminação de criadouros, sempre que possível, ou manter os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas, capas, tampas, impedindo depósito de ovos do mosquito Aedes aegypti. Medidas de proteção individual para evitar picadas de mosquitos devem ser adotadas por viajantes e residentes em áreas de transmissão. A proteção contra picadas de mosquito é necessária principalmente ao longo do dia, pois o Aedes aegypti pica principalmente durante o dia, e mais frequentemente entre 6h e 10h e entre 16h e 20h.
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