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Niterói será a primeira cidade do Sudeste 100% coberta por método de combate à dengue

Por Redação
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Até maio de 2023, cidade estará completamente protegida pelo método Wolbachia. Atualmente, programa cobre 33 bairros
Niterói 100% protegida contra a dengue. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz
Niterói estará 100% protegida contra a dengue, no próximo ano. Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

Até o fim de abril de 2023, Niterói será a primeira cidade do Sudeste 100% coberta pelo método Wolbachia, iniciativa da World Mosquito Program (WMP) conduzida no Brasil pela Fiocruz. A fórmula usa mosquitos infectados por uma bactéria que impede a transmissão de dengue, chicungunha e zika pelo mosquito Aedes Aegypti.

Leia mais: Wolbachia. Entenda porque Niterói é uma das raras cidades protegidas contra a dengue

O programa, que começou em Jurujuba no ano de 2015, já está presente em 33 bairros, o que corresponde a 75% do município. Como resultado, a cidade aparece na contramão do estado e do Brasil quanto aos registros da doença. Enquanto no Rio há uma tendência de aumento nos casos de dengue – até outubro o número já era 358% maior em relação aos infectados em todo o ano passado – , Niterói registra 66 ocorrências, o menor índice em seis anos.

– O plano é completar o município de Niterói, liberando mosquitos, onde ainda não foram liberados. Faremos isso em 19 bairros que estão localizados no restante da região norte que ainda não foi coberta, na região de Pendotiba e na região Leste – conta o líder do Método Wolbachia no país e pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira.

Bairros contemplados

Os novos bairros que passam a fazer parte do projeto são: Ilha da Conceição, Barreto, Tenente Jardim, Viçoso Jardim, Baldeador, Santa Bárbara, Caramujo, Ititioca, Sapê, Maria Paula, Matapaca, Largo da Batalha, Badu, Vila Progresso, Maceió, Cantagalo, Muriqui, Rio do Ouro e Várzea das Moças.

Para realizar o trabalho, a Fiocruz afirma que todas essas áreas foram mapeadas minuciosamente. Pensando nas particularidades de cada território, as liberações vão acontecer de duas formas: de carro e a pé.

– Como se trata de um território complexo, várias áreas não são trafegáveis, não é possível fazer liberações com veículos com a equipe do WMP. E esse é mais um exemplo da importância da parceria que nós temos com a prefeitura de Niterói que cedeu diversos Agentes de Zoonoses que estão lotados nesses territórios, que conhecem esses territórios – relatou Gabriel Sylvestre, gerente de Implementação do WMP Brasil.

Eficácia

Ainda de acordo com Sylvestre, o WMP avalia a eficácia por meio de dois indicadores principais: os dados entomológicos, referentes ao estabelecimento da Wolbachia no território e sua permanência ao longo do tempo, e os dados epidemiológicos, que demonstram se há impacto da tecnologia na redução da transmissão das arboviroses.

No ano de 2021, dados que mostraram a eficácia da proteção garantida pela Wolbachia foram divulgados pelo WMP Brasil. Os números apontam a redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica.

Desde que o método foi implantado em Niterói, em 2015, a redução do número de casos vem ocorrendo de forma consistente. Em 2016, os casos de dengue somaram o total de 3.369; os de zika, 6.958; e os de chikungunya, 289. Em 2017, foram 905 casos de dengue; 321 de zika, e 598 de chikungunya.

Em 2018, foram 1.754 casos de dengue; 347 de zika, e 2939 de chikungunya. Já em 2019, houve uma significativa diminuição, somando 388 casos de dengue; 89 de zika e 353 de chikungunya. Durante a pandemia, nos anos 2020 e 2021, os índices foram de 153 e 46 casos de dengue, respectivamente; 10 e 3 casos de zika; e 103 e 12 casos de chikungunya.

Biofábrica de mosquitos

Os mosquitos usados para a imunização são produzidos na Fiocruz, numa biofábrica com capacidade para cerca de dez milhões de ovos por semana. Os insetos de lá, inclusive, abastecem outras duas das quatro cidades contempladas pelo projeto, Mato Grosso e Petrolina. Apenas Belo Horizonte tem sua própria produção.

Outra característica do projeto é que ele é autossustentável, uma vez que os mosquitos ampliam a cobertura dos locais à medida em que vão se reproduzindo. Em Jurujuba, por exemplo, houve a liberação de mosquitos por quatro meses há sete anos. Atualmente, cerca de 90% dos insetos apresentam a condição especial.

O método é uma ação complementar de combate à doença e não exclui as outras formas de prevenção, como evitar água parada para impedir criadouros do Aedes aegypti.

Incidência de dengue no estado

Os casos de dengue no estado do Rio de Janeiro aumentaram 300% neste ano, segundo levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (SES). A comparação leva em conta os meses de janeiro a outubro deste ano e o mesmo período de 2021.

De acordo com a SES, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) já contabiliza neste ano 10.471 casos de dengue, com 14 vítimas. No ano passado, foram registrados 2.613 casos e quatro mortes pela doença até outubro.

O levantamento também aponta o aumento de chikungunya no estado, porém com intensidade menor. Os casos aumentaram 24%, com 611 diagnósticos e nenhum óbito em 2022.

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