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O ano que começa traz alguns desafios para Niterói e uma boa notícia: a cidade terá o maior orçamento de sua história, R$ 5,8 bilhões, dinheiro suficiente para o custeio da máquina pública, o pagamento das despesas obrigatórias de saúde, educação e conservação. Na conta, a prefeitura terá R$ 1 bilhão para investimentos, além de todos os projetos em andamento, como o Parque da Orla de Piratininga. Somente o Rio de Janeiro tem mais recursos – e problemas muito maiores.
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Os desafios são conhecidos, depois da desordem imposta no país pela gestão Bolsonaro, que desmontou as estruturas de governo e desviou recursos para a campanha eleitoral. A incompetência administrativa prolonga os problemas criados pela pandemia e pela retração da economia. Nenhum município está protegido do desemprego e da inflação e este é um problema enorme. Mas também não dá para esperar soluções milagrosas do governo federal e muito menos do governo estadual, que consumiu boa parte dos recursos em caixa gerados pela venda da Cedae para a compra de votos.
A prefeitura de Niterói botou em prática, no ano passado, um projeto de ativar a economia através de obras públicas. Também teve efeito sensível a articulação da agenda cultural, que culminou com os eventos de Natal e Réveillon. Niterói entrou no radar de grupos econômicos dos setores de construção, comércio, lazer e entretenimento, que antes atuavam apenas no Rio.
A prefeitura tem, assim, a chance de mudar a cara de Niterói, além dos investimentos habituais em Icaraí, São Francisco e Região Oceânica, ocupando, pela primeira vez, de forma ordenada, os principais bairros da cidade, com obras no Fonseca, o projeto de resgate do Centro e a urbanização da Lagoa de Piratininga. Um conjunto de ações capaz de gerar novos negócios e empregos.
Mas a cidade não pode perder de vista desafios que estão mapeados faz tempo e permanecem sem solução. A Saúde é um deles, com uma demanda reprimida brutal por consultas e exames que bota milhares de pessoas de madrugada esperando uma senha para atendimento no posto do Vital Brazil, por exemplo.
A Educação é outro problema, sem conseguir resultados compatíveis com os recursos investidos e com dificuldade para acolher as crianças que buscam a escola pública.
O transporte, entre todas as questões, talvez seja o problema mais antigo e recorrente, que mereceu investimentos importantes para a construção de um sistema integrado capaz de escoar por Charitas parte do tráfego da Região Oceânica. Não deu certo. O terminal de integração não tem movimento, o estacionamento subterrâneo vive às moscas e o catamarã tem pouco mais de uma dúzia de horários ao longo do dia. A incompetência demonstrada pelo estado na gestão da concessão nãoo dá esperança de uma melhoria rápida.
Enquanto isso, a vida do morador fica ainda mais difícil com a crise das empresas de ônibus, que reduziram a frota e os horários e deixam uma multidão de pessoas esperando condução nos pontos da cidade.
A campanha eleitoral mostrou que não há nenhum projeto sério na mesa. Os candidatos ao governo do estado preferiram enganar o eleitor prometendo Metrô para Niterói e São Gonçalo. Não é de se esperar que o município resolva sozinho os problemas de um sistema integrado de transportes da Região Metropolitana. Porém, um bom começo deveria ter em contra que a cidade que fica parada por causa da Ponte não é o Rio, nem São Gonçalo, mas Niterói.
A vantagem é que os problemas da cidade são conhecidos. E há recursos para resolvê-los. Seria uma boa hora para mobilizar os melhores recursos técnicos da cidade e do estado para apresentar soluções inovadoras. Se uma cidade tem chance de fazer isto, em 2023, esta cidade é Niterói.
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