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Viva Zumbi Niterói terá show de Teresa Cristina

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Com uma série de atrações, evento gratuito será realizado no domingo (20), Dia da Consciência Negra, no Caminho Niemeyer, no Centro da cidade
teresa cristina corte
Teresa Cristina vai apresentar o show “Sorriso Negro”. Foto: Prefeitura de Niterói

Feira de artesanato e literária, tenda de capoeira, debates, shows e feijoada. Essas são algumas das atrações da 14ª edição do “Viva Zumbi Niterói“, que será realizada no domingo, 20, Dia da Consciência Negra, no Caminho Niemeyer, no Centro.

O evento gratuito tem como objetivo valorizar a história, a religiosidade e a cultura do povo negro e integra a Semana da Cultura Negra, que faz parte do calendário oficial da cidade desde 2014.

Leia mais: Centro de Artes UFF reúne lideranças pretas em evento comemorativo do mês da Consciência Negra

Na programação, apresentações da cantora Teresa Cristina, Orquestra de Cordas da Grota, Velha Guarda da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, DJs, grupos de maracatu e batalha de rimas.

O evento começa às 9h, na praça da Cantareira, na Boa viagem, com a lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares. De lá, o grupo segue para a praça Araribóia, no Centro, de onde parte, em cortejo, para o Caminho Niemeyer, próximo dali, onde todo o restante do evento será realizado.

A feijoada começa a ser servida às 12h. Foto: Divulgação

Às 12h, uma feijoada começa a ser servida. Gratuitamente. De acordo com os organizadores, ano passado, foram servidos 5 mil pratos.

Espalhadas pelo Caminho Niemeyer estarão tendas de instituições relacionadas como o movimento negro da cidade, cada uma com sua própria programação. Nesses espaços vão acontecer debates, apresentações de rap e batalhas de rima. Na tenda lideraria, diversos autores vão expor suas obras e participar de rodas de conversa. Na tenda do Axé, acontecem apresentações de capoeira e de grupos de casa de terreiros.

 

No palco principal vão se revezar diferentes atrações musicais. A cantora Teresa Cristina, grande atração da noite, apresentará, mais para o final da tarde, o show “Sorriso Negro”, quando será acompanhada somente por mulheres pretas no palco. O evento contará também com a apresentação da rapper Drik Barbosa.

– Mais que uma simbologia. Temos de lembrar as pessoas que os negros vivem 365 dias no Brasil. Por mais que lembremos isso às pessoas, o racismo acaba com a gente, com nossos sonhos e alegrias todos os dias. Diariamente, temos exemplos de racismo, seja ele estrutural, velado, agressivo. É muito difícil. Então, subir no palco com uma banda formada por mulheres negras, com músicas de compositores negros, é tentar reunir forças para encarar um país racista e cínico, como o Brasil é. Gravei meu primeiro DVD no Teatro Municipal de Niterói. Durante anos, fiz uma roda de samba com o Eduardo Gallotti (1958-2022), no Casarão de Niterói. Essa é uma cidade muito querida para mim – comentou Teresa Cristina.

Outras atrações escaladas para celebrar a data são Mulheres Sambistas, DJ GLAU, Felipe Adetokunbo, Baile das Antigas (União de Niterói), Charanga Secreta, DJ GAB, Maracatu Baque Mulher, Ás de Ouro, Central dos Ogãs, Capoeira Coco Ciência Mestra e Batalha de Rima.

– O “Viva Zumbi” é um evento que há 14 anos desempenha um papel fundamental de aquilombamento do povo negro. É uma oportunidade incrível de fortalecermos os nossos laços e de celebrar nossa existência e resistência com cultura, arte, capoeira, literatura, moda, culinária e muito mais. É um espaço de resistência democrática e de luta por uma sociedade com direitos, dignidade e oportunidades para todos – afirmou a vereadora de Niterói Verônica Lima, apoiadora do Festival, organizado pela ONG Cidadania em Movimento, ao lado da Prefeitura.

Estátua

A estátua de Zumbi dos Palmares, em Niterói. Foto: reprodução rede social

Ponto de partida do festival, a estátua de Zumbi dos Palmares está na Praça da Canteira desde 2018. Fica próxima à entrada do campus da Universidade Federal Fluminense (UFF).

A obra do artista plástico niteroiense Rodrigo Pedrosa foi feita em bronze e tem dois metros de altura.

Em entrevista para o A Seguir, Pedrosa falou sobre a estátua:

– Eu recebi o convite de fazer Zumbi dos Palmares e foi um frio na barriga fazer um monumento para uma cidade, né, imagina? Mas eu tive uma chance muito legal e importante que foi a liberdade de fazer uma figura da minha cabeça, porque não há registros oficiais da fisionomia dele, então eu fui pesquisar quem foi Zumbi. Cheguei à etnia dele, a Jaga do Congo. A mãe dele era uma princesa, que veio grávida, pariu o Zumbi, aqui, em Recife. E aí eu descobri o biotipo deles, como eles eram, se vestiam etc. e fiz o Zumbi focado nessa raiz dele. Ele é bem africano, é um nativo. Eu não botei roupa, como em Salvador (BA), onde  Zumbi está com um bermudão do colonizador. Eu não consegui imaginar o Zumbi na floresta, tendo que fugir o tempo todo usando bermudão abaixo do joelho. Até por ser rebelde, ele não iria usar roupa de colonizador. Ele usaria a indumentária da tribo dele, que eram as tangas. O Zumbi de Niterói só tem uma tanguinha. Esse convite foi um presente que eu ganhei de cidade. E acho que é muito importante que Niterói tenha um monumento de um grupo tão importante que é muitas vezes relegado a essas manchetes horríveis que a gente vê por aí. São pessoas massacradas pelo Estado e pela gente né, pessoas brancas, infelizmente. Eu sou niteroiense e tive a oportunidade de fazer com liberdade, do meu jeito. Foi uma demanda da população preta de Niterói que veio para mim, que sou branco. Então, foi incrível.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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