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Encontrar no mar de Niterói golfinhos das espécies Cinza, Nariz-de-garrafa e Orca (que é golfinho e não baleia) e, quem sabe, uma Baleia-de-bryde. Essa é a expectativa dos pesquisadores do Instituto O Canal, do Espírito Santo, responsável pela gestão do projeto Amigos da Jubarte. O grupo está de volta ao município para a segunda fase do projeto que tem como objetivo fazer um estudo de viabilidade da implementação do turismo de observação da fauna marinha, na cidade.
O Instituto coordena também os projeto Golfinhos do Brasil e Jubarte .Lab, de monitoramento de cetáceos. A primeira expedição do grupo, nos limites marítimos do município, aconteceu em setembro do ano passado. De acordo com Thiago Ferrari, diretor do Instituto, o trabalho correspondeu às expectativas.
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– Avistamos baleia Jubarte e Franca, tartarugas e muitas aves. As expedições têm como objetivo mapear os animais mais prováveis de serem avistados em diferentes épocas do ano. A primeira fase correspondeu ao inverno. Voltamos agora para ver as condições relacionadas com o verão – explica.
No próximo dia 31, a equipe de oito pessoas volta ao mar. O “cruzeiro” vai percorrer uma distância de até 70 milhas náuticas por dia, varrendo uma área que inclui Ilhas Pai, Mãe e Menina, Ilha Rasa e Ilha Redonda, além de mar aberto em um limite de até 20 milhas de distância da costa.
Da outra vez, segundo Ferrari, tartarugas e aves foram avistadas bem perto da costa. Já as baleias, oito ao todo, bem mais distante. O embarque foi feito no pier dos pescadores, em Jurujuba.
Agora, além da expedição marítima, a equipe vai promover uma limpeza da praia de Itaipu e uma oficina de capacitação.
A limpeza será realizada no sábado (28), a partir das 8h. O objetivo, para além de deixar a praia livre de sujeira, é chamar a atenção da sociedade sobre o consumo consciente e o descarte correto dos resíduos. Todo lixo coletado será destinado para a cooperativa “Recicão”, que atua na região.
– Cerca de 8 milhões de toneladas de plásticos são lançados no oceano anualmente. Se continuarmos com o consumo desenfreado e com o descarte incorreto dos resíduos, em 2050, haverá mais plásticos nos oceanos do que peixes. Essa atividade tem o objetivo de inspirar uma mudança de comportamento da nossa sociedade através do exemplo – informa Ferrari.
A oficina será realizada no dia 1 de fevereiro, na escola Francisco Portugal Neves, na Rua Quatorze, s/n, em Piratininga, das 19h às 21h. Pretende reunir todos os agentes relacionados com a cadeia produtiva do turismo marinho – de guias e agentes de turismo locais, a empresários do ramo marítimo e mestres de embarcação, passando por gestores públicos, colaboradores portuários, ambientalistas, membros de ONGs e de projetos socioambientais. A participação na oficina é feita mediante inscrição gratuita.
Na primeira fase, os pesquisadores levantaram que Niterói tem um bom número de embarcações que já fazem roteiros turísticos náuticos. Agora, resta saber se estão aptos a esse turismo de observação de animais. Estabelecer diálogos com os clubes náuticos, que têm condições para embarque de pessoas, também faz parte do processo.
– A região possui uma biodiversidade incrível capaz de sustentar ações socioambientais que geram emprego e renda sob a ótica de uma indústria limpa, com a possibilidade de se tornar um hotspot do ecoturismo responsável – afirma Ferrari.
Teve alguma surpresa durante a primeira temporada, em Niterói?
– Encontramos duas tartarugas-de-couro (ou tartarugas gigantes), que era algo que não esperávamos. São espécies que correm risco de extinção. Costumam ficar em águas mais quentes e só desovam no Rio Doce, no Espírito Santo. Essas tartarugas viajam do Brasil para o Gabão, na África. Avistá-las no litoral norte é algo possível, ou seja, não estavam perdidas. Foi uma felicidade muito grande encontrar com elas.
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