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Niterói quer entrar na rota brasileira do turismo de observação de baleias. Para isso, a Prefeitura, por meio da Niterói Empresa de Turismo e Lazer (Neltur), firmou uma parceria com o capixaba Instituto Canal, responsável pela gestão do projeto Amigos da Jubarte.
Atualmente, os estados do Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Santa Catarina têm cidades que exploram esse tipo de atividade turística. De acordo com Thiago Ferrari, diretor do Instituto, sim, tem baleia na costa de Niterói, além de orcas, golfinhos de diferentes espécies, boto cinza, tartarugas e muitas aves – e toda essa fauna vai participar do projeto.
Antes de colocar os turistas nos barcos, porém, é preciso, pesquisar a ocorrência e condições ecológicas em que esses animais “passeiam” por Niterói. Esse trabalho começa a ser feito, provavelmente, a partir do próximo dia 20 (a data exata depende da meteorologia), quando a primeira, de quatro expedições mensais, será feita por um grupo de cinco pesquisadores do instituto, sob coordenação do biólogo marinho Jonathas Barreto.
O grupo vai zarpar, em princípio, da praia de Itaipu e avançar 45 Km da costa. A expectativa, segundo Ferrari, é já “esbarrar” com uma Jubarte.
– A rota migratória da Jubarte é entre junho e novembro, durante o período de reprodução. Nessa época, cerca de 20 mil delas se deslocam pelo litoral brasileiro, entre Santa Catarina e Ceará. Acreditamos que a costa de Niterói pode ser um ponto importante nessa rota – explicou.
Na sua opinião, também existe a possibilidade de se avistar Baleia-de-bryde e Franca, espécies que já apareceram na costa do Rio de Janeiro e Niterói, no período do verão. Nesse caso, o “encontro” pode vir a acontecer nas últimas expedições. O cronograma prevê a apresentação do relatório técnico, em dezembro, para a Prefeitura.
Desde o final dos anos 1980 que a caça à baleia foi proibida no Brasil. Ainda assim, elas correm perigo. De acordo com Ferrari, prospecção de petróleo, malhas de rede de pesca, poluição e atropelamentos por grandes embarcações ameaçam não somente as baleias como toda a fauna marinha brasileira.
Capacitar os envolvidos não apenas na futura cadeia produtiva do turismo de observação de baleias, mas também os que participam das diversas atividades náuticas da cidade, faz parte do projeto. Isso significa, por exemplo, informar para os praticantes de canoa havaiana como se portar, o que fazer e o que não fazer diante de uma baleia e outros animais marinhos.
– As baleias são dóceis. O comportamento delas é incrível. São muito carismáticas, o que faz o turismo de observação um sucesso. Acreditamos também que essa atividade ajuda na preservação dos próprios animais. Porque é uma forma de mais pessoas aprenderem sobre a fauna marinha. Quanto mais pessoas conhecem, mais pessoas vão se interessar e quer proteger esse animais – observou Ferrari.
Ele criou o Instituto em 2014 e coordena, além do Amigos da Jubarte, o projeto Golfinhos do Brasil e o Jubarte .Lab, de monitoramento de cetáceos. A ONG também certifica, em Vitória (ES), agências de turismo voltadas para a atividade de observação de baleias.
Na avaliação do presidente da Neltur, Paulo Novaes, esse tipo de turismo de observação da fauna marinha, vem despontando como uma oportunidade de negócio promissora, “podendo gerar emprego, renda e desenvolvimento econômico” para a região:
– Niterói tem grande potencial para abrigar a primeira iniciativa dessa natureza no Estado do Rio de Janeiro, despontando como pioneira no ordenamento e promoção dessa vertente ecoturística – afirmou.
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