Orçada em R$ 14 milhões, pista de atletismo da UFF começa a ser construída em Niterói

O prefeito de Niterói, Axel Grael (PDT), assinou a ordem de início das obras para a construção da pista de atletismo que vai funcionar no campus do Gragoatá, da Universidade Federal Fluminense (UFF). A obra será realizada em parceria com a instituição federal e vai homenagear a ex-atleta Aída dos Santos, “filha” de Niterói e ex-professora da UFF.

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Orçado em R$ 14 milhões e com previsão de ser entregue no fim deste ano, o projeto faz parte de um conjunto de investimentos que pretende mudar a orla do Centro da cidade. Conforme a proposta, a pista seguirá todas as determinações internacionais nas suas dimensões e contará com drenagem e revitalização do campo de futebol, área de salto em altura, salto com vara, salto triplo e salto à distância.

Também serão construídos vestiários masculinos e femininos e uma sala para administração e almoxarifado, além de arquibancada e iluminação em LED.

O reitor da UFF, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, reforçou a importância da parceria entre a academia, o poder público e os empresários para realização de intervenções importantes para a cidade.

– Somos todos cidadãos e beneficiários dos aparelhos públicos também. Nós, como universidade pública, temos a obrigação de incluir as pessoas, de ser uma universidade aberta, “sem muros”, do ponto de vista do acesso. Esse projeto traduz essa visão, uma pista de atletismo, que inclui e que é aberta. O projeto é fruto de muito diálogo com a Prefeitura. Só temos a agradecer – afirmou.

Esse será o terceiro projeto do Município em parceria com a UFF. Os outros dois são a restauração do Cinema Icaraí e os trabalhos do Programa de Desenvolvimento de Projetos Aplicados (PDPA).

Quem é a homenageada?

Responsável por dar seu nome à pista do Gragoatá, Aída dos Santos Menezes nasceu no Rio de Janeiro, em 1937, mas cresceu numa favela de Niterói. Foi especialista no salto em altura e participou de duas edições dos Jogos Olímpicos.

Na Olimpíada de Tóquio, em 1964, ficou em quarto lugar no salto em altura, atingindo a marca de 1,74m. Naquela edição, ela foi a única mulher da delegação brasileira que, sem apoio, viajou sem técnico e sem material para competir. Também não tinha roupa para a Cerimônia de Abertura e usou um uniforme adaptado de outra competição. Quatro anos depois, no México, ficou em vigésimo no pentatlo.

Nascida prematura, caçula entre seis irmãos, filha de um pedreiro alcoólatra e uma lavadeira, Aída vivia com a família no Morro do Arroz, em Niterói. Descoberta pelo Fluminense, na primeira competição que ganhou levou uma surra do pai, que disse que medalha não enche barriga. Quando estava no Vasco, não ia aos treinos porque usava o dinheiro da passagem para comprar comida.

Para cursar a faculdade, ia às aulas de manhã, trabalhava à tarde e treinava à noite. Formou-se em Geografia, Educação Física e Pedagogia. De 1975 a 1987, foi professora de Educação Física na UFF. Presente na cerimônia de assinatura de início das obras, aos 85 anos, foi homenageada com uma placa.

– Eu estou muito feliz e realizada, além de bem emocionada também, porque atletismo é um esporte base e é de muito difícil o acesso. Espero que essa pista ajude no início da carreira no esporte para muitos jovens – afirmou.