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A Prefeitura de Niterói assinou, no último dia 24, a licença para iniciar obras que vão criar oito novas quadras, no Centro da cidade, a serem ocupadas por futuros lançamentos imobiliários residenciais. Os prédios terão lojas no térreo. De acordo com o Executivo municipal, esse projeto será uma Parceria Público-Privada (PPP) e vai contribuir para integrar o Caminho Niemeyer ao restante do bairro.
Leia mais: Os planos da Prefeitura que prometem transformar o Centro de Niterói
Secretário municipal de Urbanismo e Mobilidade, Renato Barandier informou que os quarteirões, com planejamento assinado pelo escritório de paisagismo Burle Marx, vão ocupar o espaço de 65 mil metros quadrados hoje tomados pelo galpão do antigo supermercado Carrefour e por ônibus intermunicipais que fazem o local de estacionamento durante o dia.
Segundo ele, por ser uma PPP, o projeto, orçado em R$ 35 milhões, será executado pela iniciativa privada, “sem qualquer custo ao Executivo Municipal”. A Secretaria Municipal de Urbanismo e Mobilidade (SMU) informou que quem vai custear as reformas é a própria família proprietária do galpão do antigo Carrefour.
De acordo com Barandier, o objetivo da revitalização da área é atrair novos moradores para a região.
– Hoje, uma quadra de 65 mil metros quadrados tem um supermercado desativado, que funciona como estacionamento e que não cumpre a função social. Com esse investimento, Niterói vai atrair novos moradores, novas moradias no Centro, transformando essa área em um novo bairro. O segundo aspecto do projeto é a integração do Caminho Niemeyer com a cidade. Essa grande quadra vazia representa um bloqueio entre o Centro e o Caminho Niemeyer – afirmou o secretário.
Para integrar essa área, serão prolongadas as ruas Marquês de Caxias, Saldanha Marinho e Doutor Fróes da Cruz.
O projeto prevê também a construção de uma alameda – apenas para pedestres – com 10 mil metros quadrados e 220 árvores. O boulevard será transversal às três ruas que serão prolongadas e vai cortar ao meio o espaço onde estarão os oito quarteirões. O objetivo é criar uma área verde na região central do município.
Barandier afirmou que foi feito um acordo com o proprietário do galpão do antigo Carrefour para que o mesmo paisagismo seja feito também no local do imóvel. Quanto aos ônibus hoje estacionados no espaço, o secretário disse que eles terão que ser levados pelas empresas para seus respectivos municípios.
– Os ônibus só ficam ali porque o espaço está desocupado. As empresas os deixam estacionados fora dos horários de pico porque financeiramente não compensa mantê-los rodando com poucos passageiros, tampouco levá-los vazios de volta às suas cidades – afirmou.
De acordo com a prefeitura, as obras serão entregues no dia do aniversário da cidade, em 22 de novembro. A partir de então, caberá à iniciativa privada a ocupação das quadras com empreendimentos imobiliários. A meta do município é licenciar ao menos três mil unidades habitacionais na área até 2024. E com isso receber R$ 4 bilhões em investimentos imobiliários nos próximos dez anos.
Renato Barandier disse ainda que o projeto representa um grande aporte em um conceito novo de urbanismo que é o Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável (DOTS). A ideia é produzir moradias próximas dos espaços de transporte público de massa como, no caso deste projeto, o Terminal Rodoviário João Goulart e a Estação das Barcas.
Três dias depois, na sexta-feira (27), a Prefeitura divulgou o início de mais obras no Centro. Dessa vez, de revitalização da orla. Serão feitas três intervenções, ao custo de R$ 90 milhões: no entorno do Mercado São Pedro, na Praça Araribóia e na área do Parque Esportivo da Concha Acústica.
No conjunto, abrange também as já anunciadas reurbanização da Avenida Visconde do Rio Branco e das ruas Alexandre Moura e Coronel Tamarindo, no Gragoatá.
O pacote de obras faz parte do Plano Niterói 450 Anos, que prevê investimentos de R$ 2 bilhões até o final de 2024. O objetivo é que os trabalhos na orla do Centro estejam concluídos no primeiro semestre de 2024.
O projeto de reurbanização do entorno do Mercado de Peixe São Pedro segue pela Avenida Visconde do Rio Branco até o Forte do Gragoatá. A via ganhará nova infraestrutura com acessibilidade e ciclovia em toda a extensão, além de áreas de convivência. O trecho terá iluminação em LED e nova sinalização.
A Avenida Visconde do Rio Branco também terá novo calçamento com corredor viário nos moldes da TransOceânica, seguindo da Ponta D´Areia até a Concha Acústica, com uma faixa exclusiva para transporte. A via também receberá novo paisagismo assinado pelo escritório Burle Marx.
O projeto também inclui uma nova alameda de acesso ao Caminho Niemeyer, ao lado do Terminal João Goulart, e uma nova Praça Araribóia, contemplando a integração do Terminal João Goulart com a Praça Juscelino Kubitschek. Haverá ainda uma nova esplanada no local onde hoje funciona um estacionamento ao lado da Estação das barcas.
De acordo com a Prefeitura, o estacionamento será desativado e o imóvel da antiga estação de aerobarcos, a Transtur, será desapropriado, “o que permitirá uma grande área de contemplação do pôr do sol”. A área atrás do Shopping Bay Market também receberá um novo mirante, com guarda-corpo e bancos.
Ao longo de 2023, também estão previstas obras na Avenida Amaral Peixoto e na Rua da Conceição, além da transformação da Concha Acústica em um polo esportivo e de melhorias na Praça Araribóia. O investimento previsto é de cerca de CR$ 400 milhões.
Uma enorme reforma do Centro é uma promessa antiga de diversas administrações municipais. Em 2012, a chapa liderada por Rodrigo Neves, que tinha o atual gestor municipal Axel Grael como vice, foi eleita com a principal promessa de campanha de transformar completamente o Centro por meio do que se chamou à época de Operação Urbana Consorciada (OUC).
O projeto previa o financiamento de obras pela iniciativa privada, que pagaria pelos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), títulos imobiliários que permitiriam a quem comprasse construir acima do gabarito oficial da região. Este projeto já previa a integração do Caminho Niemeyer ao Centro.
A procura do mercado imobiliário pela área, no entanto, foi muito abaixo da esperada. Sucessivas crises econômicas e questionamentos sobre o licenciamento ambiental das obras na Justiça empurraram os planos por mais de uma década.
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