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Maricá oferece curso de Guarani em parceria com a UFF

Por Sônia Apolinário
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As aulas começam nesta terça-feira (6) e serão ministradas pelo cacique de uma das duas aldeias que vivem no município 
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Duas tribos de origem Guarani vivem em Maricá. Foto: Prefeitura de Maricá

Um curso de Guarani será oferecido, gratuitamente, em Maricá, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). As aulas começam nesta terça-feira (6) e serão ministradas por Vanderlei da Silva Weraxunu, professor e cacique da aldeia Tekoa Ara Hovy (Céu Azul).

Um total de 520 pessoas se inscreveram para o curso, mas foram oferecidas 100 vagas. De acordo com a Prefeitura de Maricá, serão realizadas outras edições e todos os interessados serão chamados, por ordem de inscrição.

Esta é a segunda vez que o curso de Guarani é ministrado, na cidade. A iniciativa tem por objetivo ensinar aos moradores de Maricá o idioma materno dos povos indígenas da etnia Guarani Mbya que residem no município. Ao todo, duas tribos indígenas moram em Maricá.

– Essa é uma parceria histórica para a UFF. Iremos nos aprofundar nessa língua tão importante, que formou a nossa identidade como povo e que ficou conservada e integrada ao cotidiano de muitos habitantes de nossa região. Logo, essa parceria é belíssima e muito inovadora para ambas as partes – afirmou o professor titular do departamento de Administração da Universidade Federal Fluminense (UFF), Martius Vicente Rodriguez, que representou a universidade em evento no município, no sábado (3), quando foi realizada uma aula inaugural do curso.

O encontro foi aberto pelo cacique Vanderlei da Silva Weraxunu:

– “Javy ju! (bom dia)! Primeiramente queria agradecer por esse momento e poder levar o conhecimento sobre a nossa língua materna para todos os alunos desse projeto e espero que seja bem proveitoso para todos.

Secretário de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher, João Carlos de Lima disse ter ficado “bem feliz” com a grande procura pelo curso.

– Isso mostra que a população quer conhecer e saber sobre o Guarani. Queremos gerar e despertar a consciência da importância da cultura e dos povos originários e, nesse sentido, faremos de tudo para que Maricá comece a desenvolver outros olhares para as nossas aldeias e culturas – disse ele.

O curso terá carga horária de 10 horas com turmas em três diferentes horários: 3ª e 5ª feiras, das 18h às 19h e das 19h às 20h, e aos sábados, das 10h às 12h. As aulas acontecem na sede da Secretaria de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher, localizada na Rua Pereira Neves, nº 272, no Centro.

As tribos de Maricá

Maricá possui atualmente cerca de 200 indígenas, incluindo crianças, da etnia Guarani. Eles pertencem a duas aldeias diferentes, que se estabeleceram na cidade em 2013. São elas a Aldeia Céu Azul (Tekoa Ara Hovy) e a Aldeia Mata Verde Bonita (Tekoa Ka’ Aguy Ovy Porã).

A língua materna de ambas é a variedade mbya do guarani, um idioma indígena do tronco tupi-guarani, falado por milhares de indígenas do Centro-Oeste ao Sul do Brasil e em países vizinhos, como Bolívia e Paraguai.

A Aldeia Céu Azul (Tekoa Ara Hovy) possui cerca de 40 indígenas, que preservam um costume mais tradicional e restrito, embora algum acesso à modernidade como telefone celular. Em sua maioria, são originários de Porto Alegre e no ano 2000 visitaram parentes em Aracruz, no Espírito Santo, onde também se estabeleceram.

Integrantes da Aldeia Céu Azul (Tekoa Ara Hovy), em Itaipuaçu.

Em abril de 2013, um grupo chegou em Maricá e se instalou em Morada das Águias, uma área do Parque Estadual Serra da Tiririca, em Itaipuaçu. Em abril passado, a Prefeitura começou o reassentamento da comunidade no bairro Espraiado, que está sendo considerada a primeira reserva indígena municipal do país.

Ao fim do reassentamento, a aldeia terá 13 ocas, cozinha comunitária, banheiros externos, centro cultural, restaurante com comidas típicas, posto de saúde e escola, além de uma área destinada às atividades esportivas. As construções estão sendo feitas por funcionários da empresa Serviços de Obras de Maricá (Somar) em parceria com os indígenas, que aplicarão técnicas próprias e culturais –  tudo será feito com madeira, telhado composto por telha e sapê, além de paredes de pau a pique. A previsão da prefeitura é de que a obra seja concluída até o fim deste ano.

A Aldeia Mata Verde Bonita (Tekoa Ka’ Aguy Ovy Porã), localizada em São José do Imbassaí, possui cerca de 160  indígenas. A trajetória da aldeia parte do município de Paraty. Por falta de espaço na antiga aldeia, a comunidade migrou para Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói. Lá os indígenas sofreram um incêndio criminoso e, em novembro de 2013, foram acolhidos pelo então prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que os instalou no município. A área escolhida foi a restinga de Maricá, no bairro São José do Imbassaí.

Integrantes da Aldeia Mata Verde Bonita (Tekoa Ka’ Aguy Ovy Porã) durante manifestação contra construção do complexo turístico. Foto: reprodução rede social

No mesmo local, atualmente, a empresa espanhola IDB pretende erguer o complexo turístico e residencial Maraey. Em abril, quando as obras começaram, integrantes da Aldeia Mata Verde Bonita fizeram um protesto no local.

Na época, a empresa informou que a comunidade se instalou temporariamente em área privada do empreendimento, durante o curso do licenciamento do projeto. Agora, outra área está sendo providenciada para o assentamento permanente da aldeia.

Em maio passado, o Superior Tribunal de Justiça determinou a paralisação imediata das obras.

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