Bairro mais populoso de Niterói e terceira região mais povoada do país, com mais de 80 mil moradores, conforme um estudo realizado por uma empresa de inteligência geográfica de mercado, Icaraí é uma das principais vítimas da (des)mobilidade urbana, problema que afeta todo o município. 

Onde há mais pessoas, há mais veículos. E onde há mais veículos, há mais acidentes. É um efeito cascata que virou uma dor de cabeça no bairro que, segundo levantamento divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em 2014, tem o melhor índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de todo o estado do Rio de Janeiro, com nota 0,962. 

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As estatísticas da NitTrans, disponíveis no site da empresa, mostram que 233 acidentes de trânsito – entre atropelamentos, colisões e capotamentos – foram registrados, somente em Icaraí, entre janeiro e novembro do ano passado, isto é, quase um por dia.  Os dados de dezembro ainda não foram divulgados.

Apesar de Icaraí liderar em número de acidentes, nenhuma das 13 mortes registradas pela Nittrans ocorreram na região.

O bairro “hospeda” quase 10% das 2.363 ocorrências registradas pelas ruas da cidade no ano passado, sendo um dos principais responsáveis pelo aumento de casos documentados em comparação a 2021, por exemplo, quando foram registrados 736 acidentes no mesmo período. Ou seja, houve um acréscimo de 221%. 

Em relação a 2019, último ano antes da pandemia da Covid-19, quando a circulação de veículos era proporcional, foram 1.054 acidentes, isso nos 12 meses do ano. O quadro de 2022, portanto, já é o pior desde 2015, faltando computar todo o mês de dezembro.

Lista dos bairros mais perigosos

O mapa da NitTrans indica que os bairros com maior número de acidentes, ao longo de 2002, são Icaraí, seguido de muito perto pelo Centro (231) e Fonseca (205), que sozinhos concentram 28% das ocorrências. 

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Piratininga (170) e Itaipu (159) completam o ranking dos cinco piores. Seguem São Francisco (96), Santa Rosa (95), Barreto (82), Largo da Batalha (78) e Badú (82). 

Veja os números no detalhe:

1. Icaraí: 233
2. Centro: 231
3. Fonseca: 205
4. Piratininga: 170
5. Itaipu: 149
6. São francisco: 96
7. Santa Rosa: 95
8. Barreto: 82
9. Largo da Batalha: 78
10. Badu: 60

As ruas mais perigosas

Já em relação às ruas, nenhuma é mais perigosa para dirigir do que a Estrada Francisco da Cruz Nunes, que corta toda a região oceânica. Extensa, movimentada em dias de praia e cheia de cruzamentos, essas são as características da via que concentrou, sozinha, pelo menos 130 incidentes. 

Por não ter ficado entre as 10 primeiras nos meses de maio e julho, não há informações de quantos acidentes ocorrem nestes recortes. 

Outro trecho que clama por mais atenção dos motoristas é a Alameda São Boaventura, que corta todo o bairro do Fonseca em direção à ponte e recebe cerca de 800 mil veículos por mês, entre Niterói e municípios da redondeza, como Maricá e São Gonçalo, especialmente.

No local, pedestres reclamam de calçadas estreitas e costumam atravessar fora do sinal – embora haja 13 por todo sua extensão – e das faixas. Entre 2013 e 2020, a via registrou 1.057 acidentes. Em 2022, foram 96. Na última quinta-feira, o prefeito de Niterói, Axel Grael, assinou a ordem de início das obras de revitalização no local.

O mapeamento da NitTrans também não revela o tipo de acidentes e a gravidade das ocorrências nas ruas e nos bairros.