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Fonseca foi o bairro mais violento de Niterói em 2022

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

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Na sequência, de acordo com o Instituto Fogo Cruzado, estão Morro do Estado (elevado a bairro em 1986), Engenhoca, Barreto e Santa Rosa
Bairro do Fonseca visto do alto. Foto: Marcelo Scancetti
Fonseca teve três tiroteios, por mês, em 2022. Foto: Marcelo Scancetti

Dois bairros de Niterói foram os mais afetados com os tiroteios durante o ano de 2022, segundo aponta levantamento feito pelo Instituto Fogo Cruzado. O Fonseca, na Zona Norte, e o Morro do Estado, na Zona Sul, “abrigaram” 33,57% das 148 ocorrências registradas no ano passado.

Porém, a maior incidência de disparos de arma de fogo foi documentada no Fonseca, que registrou 30 casos entre janeiro e dezembro, isto é, quase três por mês. Em meio a uma eterna disputa entre o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho (CV) pelo tráfico da região, o bairro teve mais ocorrências do tipo do que Morro do Estado (17) e Engenhoca (9), terceiro colocado, somados.

Leia mais: Defensora pública e policial de Niterói entram na mira das Corregedorias por condutas golpistas

Ainda segundo o estudo, 16 desses tiroteios, mais da metade, ocorreram durante ações policiais. Na opinião do coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro, Carlos Nhanga, os dados evidenciam que a política de segurança que prioriza o conflito põe em risco toda a população, inclusive os agentes de segurança.

– O número de tiroteios em ações policiais mostra que o modelo de atuação do Estado não dá conta de proteger nem quem deveria estar preparado para esse tipo de situação de confronto, quem dirá o cidadão comum – afirmou

Já na maior favela do município, que foi elevada a bairro em 1986, foram 17 disparos de arma de fogo contabilizados. Os dados apresentam uma atuação diferenciada no crime: “apenas” um desses registros foi provocado por agentes do estado. Ao longo do ano passado, houve cinco mortes na região.

Morro do Estado registrou 17 tiroteios em 2022. Foto: Prefeitura

A diminuição da presença policial é justificada pela forte atuação do tráfico de drogas, além da localização geográfica, que oferece poucas saídas alternativas e muitos “esconderijos” entre as casas, o que dificulta a entrada dos policiais. Além disso, conforme identificado por uma operadora de internet em maio, os chefes do tráfico adotaram as mesmas práticas da milícia, cobrando por serviços como o fornecimento de internet, TV por assinatura ou a entrega de gás.

Outros bairros

A listagem mostra uma redução da criminalidade em comparação a setembro de 2021, época em que o Fogo Cruzado divulgou, pela última vez, o relatório separado por bairros. Fonseca segue na liderança absoluta, porém com 13 tiroteios a menos. Entre janeiro e agosto do ano retrasado, foram 43.

Também no levantamento do ano retrasado, o Instituto não considerou o Morro do Estado como bairro, mas sim como sub-bairro do Ingá. Na somatória das duas regiões, apontou a ocorrência de 18 tiroteios. Em 2022, o número foi o mesmo: 17 tiroteios na favela e um tiroteio no asfalto.

As ocorrências também caíram no Cubango (de 19 para três), na Engenhoca (de 18 para nove) e em Santa Rosa (de 12 para oito). O único bairro onde os disparos de armas de fogo aumentaram foi no Barreto, de oito para nove. Porém, é preciso levar em consideração que os números de 2021 abrangem apenas oito meses.

Veja a lista dos bairros mais violentos de Niterói em 2022:

  1. Fonseca: 30 (12 mortes e 13 feridos);
  2. Morro do Estado: 17 (5 mortes e 2 feridos);
  3. Engenhoca: 9 (6 mortes e 5 feridos);
  4. Barreto: 9 (3 mortes e 8 feridos);
  5. Santa Rosa: 8 (2 mortes e nenhum ferido);
  6. Centro; 6 (6 mortes e 4 feridos);
  7. Badu: 6 (3 mortes e 9 feridos);
  8. Viradouro: 6 (2 mortes e 3 feridos);
  9. Icaraí: 5 (3 mortes e nenhum ferido);
  10. Caramujo: 4 (3 mortes e 4 feridos)
  11. Itaipu: 4 (2 mortes e nenhum ferido)
  12. Cachoeira: 4 (1 morto e nenhum feridos);

Também foram registrados tiroteios nos seguintes bairros: Largo da Batalha, Cubango e Jacaré, todos com três; Piratininga, Charitas, São Francisco, Maria Paula, Ponta D’areia e Serra Grande, todos com dois; e São Lourenço, Gragoatá, Muriqui, Cafubá, Engenho do Mato, Cantagalo, Ilha da Conceição, Ingá, Maravista e Rio do Ouro, todos com um caso.

Outro dado relevante diz respeito ao número de mortos. Ao todo, foram 63, mais de cinco por mês. A cidade registrou, ao longo de 2022, 148 tiroteios, 74 deles com presença de agentes de segurança, ou seja, 50%. Nessas ocorrências, 126 pessoas foram baleadas, sendo que 63 ficaram feridas.

Os piores meses

O levantamento do Fogo Cruzado também mostra os meses mais violentos de 2022. Julho, que teve 20 tiroteios e oito mortes, lidera as estatísticas. Novembro (16 tiroteios e oito mortes), agosto (15 tiroteios e cinco mortes) e outubro (14 tiroteios e nove mortes) vêm na sequência.

Confira os números de cada mês:

  • Janeiro: 13T, 7M;
  • Fevereiro: 6T, 1M;
  • Março: 6T, 3M;
  • Abril: 8T, 0M;
  • Maio: 14T, 8M;
  • Junho: 13T, 2M;
  • Julho: 20T, 8M;
  • Agosto: 15T, 5M;
  • Setembro: 8T, 6M;
  • Outubro: 14T, 9M;
  • Novembro: 16T, 8M;
  • Dezembro: 15T, 6M.

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