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Esta semana, o Governo do Estado do Rio de Janeiro informou que foram registados, em Niterói, dois casos de H5N1, em aves silvestres. Trata-se de um subtipo do vírus Influenza A, chamado de Influenza Aviária.
Já o mais recente Boletim InfoGripe da Fiocruz alertou para um aumento do número de casos de H1N1 em adultos. Trata-se de outro subtipo do vírus Influenza A que, em 2009, provocou uma epidemia que ficou conhecida como Gripe Suína.
Afinal, o que são esses subtipos de vírus da Influenza, que riscos estamos correndo e qual a melhor forma de proteção contra eles? Para esclarecer essas dúvidas, A Seguir conversou com a médica veterinária Virginia Léo de Almeida Pereira, Professora Titular do Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde Pública da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense.
Mestre em Ornitopatologia, Doutora em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Aves, Ovos e Derivados, ela afirmou que, em relação aos casos de H5N1, em Niterói, não é preciso se apavorar. Porém, é preciso atenção.
Em relação ao H1N1, todo cuidado é pouco. Afinal, segundo a professora, “gripe não é brincadeira”.
A principal prevenção contra as doenças provocadas pelo vírus, já está disponível: vacina.
– A vacina é um pacto coletivo de saúde que faz com que se reduzam as chances de acontecer uma epidemia – afirmou a professora.
Confira a entrevista
Agora, a grande preocupação que devemos ter é com a Influenza?
A Influenza é um vírus antigo. Existem três tipos: A, que é o que se transmite em todas as espécies, inclusive, a humana; B e C que são exclusivos em humanos, sendo o B o mais comum.
Quais as diferenças entre H1N1 e H5N1?
A Influenza A é um vírus que se modifica com facilidade e tem na sua ponta duas proteínas: H e N, importantes para a vida deles e que lhes dão as características que nós usamos para classifica-los. São 18 tipos de H e 11 tipos de N. A construção entre os tipos de H e N é que criam os subtipos do vírus.
O H1N1 afeta os humanos desde sempre. Ele foi o vírus da Gripe Espanhola, em 1918. Com os cuidados e vacinas, ficou controlado. Até que, em 2009, provocou outra pandemia.
Naquela época, a epidemia foi chamada de Gripe Suína. Por quê?
Porque o primeiro isolamento desse vírus foi em um suíno. Porém, de lá para cá, ele transita em humanos. O H1, H2 e o H3 são os mais comuns nos humanos, conjugado com vários tipos de N. Os vírus Influenza A são propícios a mutações e podem, por exemplo, se combinar com outros subtipo. Isso pode resultar em uma doença branda ou agressiva. Gripe não é brincadeira, não.
Qual os cuidados que devemos ter em relação ao H1N1?
Os mesmos que aprendemos nos últimos tempos: lavar as mãos; se estiver gripado, evitar sair ou dar preferência para ir em locais aberto e usando máscara. A máscara é para evitar prejudicar outras pessoas.
Quais as características do H5N1?
Os subtipos H5, H7 e H9 afetam mais as aves. Por isso são conhecidos como Influenza Aviária. Esses subtipos de vírus, durante muitos anos, tiveram que passar por um mamífero para se transmitir para os humanos. Atualmente, se transmitem pelo ar, entre as aves e direto para humanos. E a ave só vai transmitir para os humanos se houver contato direto da pessoa com a ave.
Comer aves, atualmente, traz algum risco?
Não há risco de contaminação caso se coma uma ave. Só vão para o abatedouro as aves sadias. É para isso que existe o controle sanitário. Mas as aves que estão aparecendo no Brasil com H5N1 são silvestres aquáticas que vivem, principalmente, em região litorânea.
Sendo aves migratórias, elas espalham o vírus pelo mundo, não é?
Sim e o Brasil foi um dos últimos a “receber” o vírus. A Influenza Aviária já tinha chegado antes na Argentina, Equador e Uruguai, por exemplo.
Em 24h, dois casos de H5N1 foram detectados em Niterói. É motivo para se alarmar?
Em relação aos casos de Niterói, não há motivo de alarme, mas é para se ficar atento. Não é para se tocar ou enterrar uma ave morta. Se encontrar alguma, o que se deve fazer é acionar os medicos veterinarios do serviço oficial, do centro de zoonoses da prefeitura ou da Defesa Sanitaria Estadual. Para pegar nessas aves, é preciso usar luvas e máscara e saber se proteger.
Qual a prevenção contra esses casos?
A prevenção é a vacinação. A vacina contra gripe não protege totalmente contra o H5N1, mas diminui muito os riscos desse vírus se combinar com outro em um organismo de alguém que esteja portando outros subtipos do vírus da Influenza. Repetindo: a Influenza é um vírus que se modifica facilmente.
Se a vacina é a melhor prevenção e está disponível gratuitamente para a população, por que somente 21% dos niteroienses se vacinaram contra a Influenza?
Porque tivemos, nos últimos anos, um governo obscurantista, que provocou nas pessoas a desconfiança contra as vacinas e, com isso, as pessoas não vão se vacinar. O curioso é que as pessoas dizem ter medo da vacina, mas não de pegar a doença. Por conta dessa postura, doenças que estavam controladas há anos, no país, como o Pólio e Sarampo, voltaram a apresentar casos.
A vacina contra Influenza que está atualmente nos postos de saúde do município previne diretamente contra qual tipo de gripe?
A vacina 2023 contra Influenza foi feita com subtipos do vírus A H1N1 e H3N2) e B. Sendo assim, não protege diretamente contra o H5N1, mas evita a contaminação mista.
A Fiocruz alertou para aumento de casos de H1N1 entre adultos. Isso é preocupante?
O H1N1 é preocupante porque pode vir a causar nova epidemia. Além disso, pode provocar doença branda, mas também grave a ponto de provocar mortes. Existem grupos de risco como grávidas, idosos, imunodeprimidos. Por isso a vacinação é tão importante porque a vacina é um pacto coletivo de saúde que faz com que se reduzam as chances de acontecer uma epidemia. E na hora de tomar a vacina contra Influenza, aproveita e toma também a Bivalente contra a Covid.
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