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Ecobarreira reduz poluição do Rio João Mendes e ajuda a preservar a Lagoa de Itaipu

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

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Desde a instalação da ecobarreira, em setembro, voluntários retiraram mais de cinco toneladas de resíduos da região
Voluntários retiram lixo do Rio João Mendes. Foto: Divulgação/Amardacy
Voluntários trabalham na retirada de lixo do Rio João Mendes. Foto: Divulgação/Amadarcy

Principal afluente do sistema lagunar de Itaipu, o Rio João Mendes é alvo constante de críticas dos moradores da Região Oceânica de Niterói. Há tempos, o local sofre com canais concretados, ocupação das margens, despejo de lixo e esgoto, assoreamento e baixa declividade de leito. Uma chuva mais forte, por exemplo, inunda todas as casas em volta.

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Toda esta poluição levou o Instituto Floresta Darcy Ribeiro (Amadarcy) a instalar, no fim de setembro, uma ecobarreira no local. O projeto não só visa conter os resíduos sólidos flutuantes que são diariamente descartados em suas águas, como também busca conservar a biodiversidade responsável pela existência de aves, jacarés-de-papo-amarelo e manguezais da região.

A ecobarreira, aliás, já mostra resultado. Ao longo de dois meses, voluntários realizaram 15 coletas programadas de resíduos e retiraram mais de cinco toneladas de materiais sólidos da região, mais que o dobro em relação a previsão inicial.

De acordo com o diretor executivo da Amadarcy, Felipe Queiroz, este lixo poderia ter como destinos finais o Parque Estadual da Serra da Tiririca, a Reserva Extrativista Marinha de Itaipu e as praias oceânicas de Niterói.

Voluntários retiraram mais de 5 toneladas de resíduos do Rio João Mendes. Foto: Divulgação/Amadarcy

– Dentre os resíduos com mais destaque estão embalagens de isopor, garrafas PET, sacos plásticos, garrafas de vidro, hastes de cotonete, brinquedos, calçados, embalagens de remédios e cosméticos. Também encontramos resíduos de grande porte, como restos de máquina de lavar, geladeiras, móveis e pneus – informou.

Análise quali-quantitativa dos resíduos

Também faz parte do projeto uma análise quali-quantitativa das águas do rio. Além disso, a associação desenvolve palestras nas escolas públicas municipais do entorno com foco no descarte de resíduos e efluentes.

– Buscamos parcerias com instituições de ensino (universidades) para analisar outros aspectos importantes na questão de poluição do sistema lagunar. Em paralelo a isso, estamos atuando em escolas públicas municipais, com palestras e oficinas. Esperamos transformar um ambiente natural, hoje degradado, em um verdadeiro santuário, para fauna e flora nativa, longe da poluição e da especulação imobiliária – completou.

Especulação imobiliária

Outro problema do rio é que, segundo Queiroz, as áreas de preservação permanente foram devastadas pela especulação imobiliária e pela falta de fiscalização. Ainda segundo o ambientalista, o rio sofre com diversas construções dentro do leito do curso hídrico, o que ocasionou a supressão da mata ciliar, que deveria ter uma margem de 30 metros de preservação.

– A ineficiência do poder público é um dos principais responsáveis pelo descarte irregular de esgoto, que piora ainda mais o estado da qualidade das águas dos rios e dos sistemas lagunares. Niterói tem ainda outros cinco cursos d’água assoreados por causa das obras de drenagem sem planejamento – afirmou.

Aporte financeiro

Na primeira fase, o Instituto Amadarcy contou com aporte financeiro da Ecoponte, concessionária responsável pela administração da Ponte Rio-Niterói, que investiu R$ 5 mil na construção da ecobarreira, além da Secretaria de Meio Ambiente (SMARHS) do município.

Ainda de acordo com Queiroz, agora o projeto luta para conseguir dinheiro para manutenção das equipes e, quem sabe, construir ecobarreiras em outros pontos fluviais. Para isso, o Instituto até lançou uma vaquinha online.

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– Também estamos buscando parcerias com órgãos públicos e empresas privadas para ampliar o projeto com novas estruturas em outros cursos hídricos locais. A intenção é que cada rio tenha pelo menos uma ecobarreira. Outro ponto importante é a parceria com outros movimentos sociais organizados e órgãos públicos, como o Coletivo Córregos da Tiririca, onde iniciamos a recuperação da mata ciliar do entorno da ecobarreira – informou.

Rio João Mendes

Com sete a oito quilômetros de extensão, esta bacia hidrográfica corta os bairros de Engenho do Mato, Itaipu, Maravista, Santo Antônio, Serra Grande e Várzea das Moças antes de desembocar na Lagoa de Itaipu.

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