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Chuva, angústia, superstição e, finalmente, êxtase. Foi com esse roteiro que os torcedores comemoraram a vitória do Brasil por 1 a 0 sobre a Suíça, a segunda consecutiva na Copa do Mundo do Catar, nesta segunda-feira (28), no Jardim Icaraí, em Niterói.
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As pessoas começaram a chegar no rua Leandro Mota por volta das 11h, isto é, duas horas antes da bola rolar. Às 12h30, os bares já estavam completamente tomados por camisas amarelas. O analista de marketing André Mendonça foi um dos que bateu ponto mais cedo. Chegaram ele e sua confiança, aliás.
– Hoje, a empresa encerrou o expediente mais cedo e deu para chegar com uma certa antecedência. É bom porque assim podemos nos concentrar no jogo, que não será fácil (e não foi mesmo). A Suíça tem uma defesa boa, tanto que empatamos com eles em 2018. Porém, acredito no Brasil, vamos ganhar de 2 a 0, com gol de Richarlison e Vinícius Júnior – palpitou o otimista André Mendonça, antes da bola rolar. O Brasil venceu com gol de Casemiro.
Falem o que quiserem, mas futebol e superstição andam lado a lado. É quase uma tradição. Ainda mais quando o jogo é drrrrramático, amigos, assim, cheio de “Rs”. Por exemplo: existe alguma lógica em transformar uma simples peça de roupa em manto sagrado? Pois esse é o caso de Rivaldo (não o nosso) Nascimento.
Botafoguense fanático, ele estava usando uma camisa clássica do Nilton Santos. Acredita que a Enciclopédia do Futebol, como o lateral campeão do mundo era conhecido, abençoa aquela roupa. Sempre que a ocasião é importante, independentemente de futebol, ele porta a camisa para dar sorte.
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– Essa camisa é meu xodó, tenho certeza que ela dá sorte. Quando penso que alguma coisa vai ser difícil, apelo para ela. E não é só com futebol. Esse ano mesmo fiz as provas do ENEM com essa camisa, acho que fui bem – relatou.
Já Fernando Abreu tem uma outra mania: trocar de lugar. No primeiro tempo, ele assistiu a partida num ponto. Sentiu que não deu sorte e, no intervalo, migrou para outro local. Ainda não satisfeito com o desempenho da seleção, mudou-se pela última vez. Foi deste último lugar que viu Casemiro marcar o gol da vitória.
– Sexta-feira (jogo contra o Camarões) vou chegar com uma hora de antecedência para não perder esse lugar. O Brasil precisa de mim para ganhar a Copa – brincou.
Quando a pequena rua do Jardim Icaraí estava com o pico de lotação, com pessoas já espremidas contra os andaimes que separavam um bar do outro, eis que São Pedro tentou atrapalhar a festa. Assim que a bola rolou, uma chuva torrencial caiu na cidade e permaneceu, praticamente, até o intervalo da partida.
Enquanto o Brasil sofria com a retranca suíça dentro de campo, pouco a pouco as calçadas do espaço começaram a alagar. Mesas e cadeiras localizadas em pontos descobertos também ficaram completamente molhadas. Isso sem mencionar os próprios torcedores e os garçons. Alguns simplesmente desistiram de se manter seco e abraçaram o problema.
– Pode chover granizo que eu não saio daqui sem essa vitória. E também não tem para onde ir agora. Se eu sair correndo do bar, vão me prender – brincou, em meio a risadas, uma torcedora. Ela estava descalça porque sua sandália havia arrebentado na lama.
Depois de 77 minutos de sofrimento, com direito a gol anulado de Vini Junior, Casemiro marcou o gol da vitória do Brasil com um chutaço da entrada da área. Era tudo o que o povo precisava para entrar em êxtase. A felicidade foi tamanha que, durante a comemoração, arremessaram um rapaz para o alto. Consequência: um ventilador quebrou, mas ele não se machucou.
– Aqui é Brasil, p****. Rumo ao hexa – resumiu o rapaz , ainda se recuperado do “voo”.
A pergunta que fica é: será que alguém vai arcar com esse prejuízo? Cenas para o próximo capítulo…
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