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Resgate de banhistas no mar aumenta nesse início de janeiro em Niterói

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Na praia de Itacoatiara, em Niterói, somente na última segunda-feira (8), guarda-vidas fizeram 12 salvamentos.
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Homem é resgatado do mar já sem vida, em Itacoatiara. Foto: reprodução rede social

Férias escolares conjugadas com fortes ondulações no mar provocadas pelo El Niño, têm como resultado um maior número de banhistas precisando de ajuda para serem resgatados da água. Em Itacoatiara, um homem de 33 anos foi resgatado já sem vida, do mar, na segunda-feira (8).

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No mesmo dia, somente em Itacoatiara, os guarda-vidas fizeram 12 resgates. Todos no trecho da que fica em frente ao Pampo Clube, na corrente de retorno – vulgo vala. Só na primeira semana de janeiro, foram mais de 50 salvamentos e 3.450 ações de prevenção em Itacoatiara. O grande número de salvamentos, neste começo do ano, não é exclusividade de Niterói.

Levantamento feito pelo Corpo de Bombeiros indicou que o número de afogamentos nas praias do Rio de Janeiro teve um aumento de 320%. Segundo a corporação, o total de pessoas resgatadas no litoral do estado cresceu de 491 casos, nos primeiros oito dias de 2023, para 2.064 resgates no mesmo período de 2024. Os números representam uma média de 258 resgates por dia.

Na opinião do major Fábio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros, a condição climática desse início de ano é um dos fatores para esse aumento no número de casos de afogamento.

– Foram dias de mais vento e mais sol. O mar tem energia e as correntes de retorno têm mais força e podem trazer mais afogamentos – explicou.

Os guarda-vidas que integram o grupo Salvamar Itacoa também observaram que este mês de janeiro está diferente do habitual. Eles já sabem que, em período de férias escolares, é normal aumentar o número de resgates. Mesmo assim, estão percebendo um aumento ainda maior de riscos de afogamento, este ano.

E a “culpa” está recaindo sobre o El Niño – fenômeno de aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico equatorial – que está criando áreas de instabilidade com muitos ventos, provocando ondulações fortes e repentinas no mar que, nesta época do ano, costuma ser mais “flat” ou seja, mais calmo.

Morte

Na segunda-feira (8), surfistas se depararam com um corpo boiando no mar de Itacoatiara, pela manhã. De acordo com o plantão do Corpo de Bombeiros, o homem foi identificado como Erlon N. Soares, de 33 anos.

Ele foi resgatado do mar pelos guarda-vidas que tentaram reanima-lo na areia. O corpo foi levado de helicóptero para o Instituto Médico Legal de Niterói. Os guarda-vidas de Itacoatiara acreditam que o homem deve ter caído de alguma pedra por conta dos cortes em seu corpo.

No domingo (7), já estava escuro quando um jovem de 17 anos caiu da pedra do Pampo no mar. Com a ajuda da ItacoaBoia, lançada por outros banhistas, ele conseguiu esperar pelo resgate dos guarda-vidas.

Sinalização

O resgate mais comum é o de banhistas “presos” em valas. Foto: arquivo A Seguir Niterói

A praia de Itacoatiara é famosa por ter ondas enormes. Se onda grande, o banhista respeita, o mesmo não acontece quando elas diminuem. E o perigo, por lá, mora mesmo é na vala. São duas “fixas” (Pampo e no Costão), que estão sempre lá, independente do tamanho das ondas. E outras que surgem conforme o “humor” do mar.

Uma vala nada mais é do que uma corrente de retorno, um refluxo de um grande volume de água que retorna da costa para o mar em virtude da força gravitacional. No caso de Itacoatiara, como fica entre dois costões, o local se transforma em uma espécie de cone que tem, na praia, a ponta do funil.

O que torna a vala fatalmente perigosa é um “pequeno” detalhe: onde ela se forma, quase não quebra onda ou quebra com menos impacto. Isso significa que, à primeira vista, o local parece ser o mais “tranquilo” para arriscar um mergulho. Ou seja, a vala é como um “canto de sereia”.

Segundo o guarda-vidas Thales do Amaral Gomes, há oito anos “lotado” em Itacoatiara, banhista, geralmente, não percebe que “caiu” em uma vala. O que ele se dá conta, de repente, é que não consegue se aproximar da beira, que está sendo arrastado para mais longe. E nessas horas, bate o desespero, “o primeiro passo para o afogamento”.

– É possível se safar de uma vala, mas, para isso, é preciso se tranquilizar ao máximo. A corrente perde a força no final, no que chamamos de cabeça da vala. Se ficar calmo e boiar, a corrente vai te levar para o final da vala e você vai sair dela, mas estará mais longe da areia. Então, o melhor a fazer é boiar e pedir ajuda para voltar. Ou nadar para o lado, em paralelo à areia, para sair da corrente, que é reta – explica.

Além de ficar em uma região com menor frequência ou mesmo ausência de quebras de ondas, a única “dica” que uma vala dá que permite identificar sua existência é a coloração da água, que fica diferenciada: mais clara ou mais escura, devido à maior profundidade ou pela agitação da areia.

Outra dica bem mais fácil é a sinalização colocada pelos guarda-vidas. Eles não apenas indicam a localização de valas como usam bandeiras de diversas cores para alertar sobre as condições do mar: vermelha (alto risco de afogamento), amarela (risco médio de afogamento) e verde (baixo risco).

Com G1

 

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