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Repetidos casos de violência colocam Niterói no noticiário policial

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

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Niterói registrou a quarta maior taxa de criminalidade do estado, em outubro. Especialista aponta possível migração de criminosos
Moradores fazem protesto contra a violência em Niterói. Foto: Frazão/Agência Brasil
Moradores fazem protesto contra a violência em Niterói. Foto: Frazão/Agência Brasil

Quarta-feira (30), Barreto, por volta de 7h40. Um confronto entre policiais e criminosos da comunidade do Buraco do Boi deixou um suspeito morto e outro ferido. No mesmo dia, mas em outro ponto da Zona Norte, mais precisamente no Morro dos Marítimos, a polícia militar prendeu um homem apontado como chefe do tráfico da região, conhecido como Magro.

Leia mais: Niterói teve um tiroteio a cada dois dias em outubro, aponta Fogo Cruzado

Ainda nesta semana, na segunda-feira (28), dois suspeitos de integrarem o crime organizado do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foram presos por tentativa de roubo no bairro de Itacoatiara. Esses são só alguns dos casos que colocam o município, teoricamente com bons indicadores sociais e econômicos, diariamente no noticiário policial.

Um levantamento do Instituto Fogo Cruzado mostra que, durante o mês de outubro, Niterói registrou a quarta maior taxa de violência do estado, à frente inclusive de municípios mais populosos, como Duque de Caxias e Nova Iguaçu. Neste período, Niterói teve 14 tiroteios: nove pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas.

Três suspeitos morreram após tiroteio no Morro do Estado. Foto: leitor

E a criminalidade vai além. Conforme relatório da Rede de Observatórios de Segurança, “Pele alvo: a cor que a polícia apaga”, policiais mataram 60 pessoas em Niterói, durante este ano. As delegacias documentaram, ainda, 40 homicídios e outras 76 tentativas. No total, foram 89 casos de letalidade violenta.

Mulheres na mira

Sob diversas formas e intensidades, a violência de gênero é recorrente e se perpetua nos espaços públicos e privados do município. Este ano, entre 1º de janeiro e 31 de outubro, por exemplo, foram registradas 3.387 ocorrências – 11 casos por dia, ou um caso a cada duas horas e oito minutos.

Mulher trans é vítima de violência em Niterói. Foto: Divulgação

A ocorrência mais recente ocorreu no dia 21 de novembro. Uma mulher trans de 26 anos afirmou ter sido vítima de agressão verbal e  tentativa de homicídio devido a sua orientação sexual e sua religião – umbanda. A mulher foi alvejada por um tiro no rosto, e a bala ficou alojada na boca. O crime aconteceu na Praça São João, no Centro.

Leia mais: Violência contra mulheres em Niterói aumentou 55% no ano de 2022

O suspeito, o mototaxista Marciano da Silva Marques, de 45 anos, só foi preso nesta quarta-feira (30), em São Gonçalo, nove dias após a suposta tentativa de assassinato. Marciano vai responder por homicídio qualificado na forma tentada, racismo e injúria por preconceito.

Guerra às drogas

O que tem deixado a população em estado permanente de alerta são os tiroteios pela cidade, especialmente na Zona Norte. Nesta quarta, por exemplo, três ocorrências foram relatadas. Além do caso no Buraco do Boi e no Morro dos Marítimos, por volta das 4h30, moradores do Complexo do Santo Cristo, no Fonseca, relataram que acordaram ao som de tiros.

Apontado como chefe do tráfico foi preso em Niterói. Foto: Reprodução

A ação no Morro dos Marítimos, aliás, culminou na prisão de um homem apontado como chefe do tráfico da região. O criminoso, identificado como “Magro” ou “Naizinho dos Marítimos” estava foragido desde dezembro de 2021, quando não regressou à prisão após receber indulto natalino.

De acordo com o Portal dos Procurados, uma investigação da 78ª DP (Fonseca), em 2016, apontou que Magro, identificado como integrante do Comando Vermelho (CV), era um dos responsáveis por intensas trocas de tiros pela disputa do tráfico de drogas na região do Fonseca contra a facção Terceiro Comando Puro (TCP).

Migração do crime para Niterói

Embora não haja dados oficiais que comprovem uma possível migração de criminosos do Rio, principalmente do Complexo da Maré, para Niterói, o especialista em segurança Doriam Borges, do Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), disse ao jornal A Tribuna que acredita nesta hipótese.

A teoria é baseada nas operações policiais realizadas nos últimos dias. Na segunda, a título de exemplo, dois suspeitos de integrarem o crime organizado do Complexo da Maré foram presos – após uma perseguição – por tentativa de roubo no bairro de Itacoatiara.

Três dias antes, na sexta-feira passada (25), três suspeitos mortos em confrontos com a PM, no Morro do Estado, foram identificados como integrantes de facção criminosa da comunidade carioca. Informações das forças de segurança relatam que,  pelo menos dez suspeitos envolvidos em ocorrências na cidade, nos últimos dias, vieram de comunidades do Rio de Janeiro.

Na opinião de Borges, essa suposta migração “não significa que a atuação dos criminosos tenha sido encerrada no território de origem”, mas pode representar uma ampliação das áreas de atuação dos bandidos.

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