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Quem contaminou a água de Niterói? Um mês depois, ninguém sabe, ninguém viu

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Despejo de tolueno parou o Sistema Imunana-Laranjal e deixou 2 milhões de pessoas sem água; governo do estado ainda não identificou responsáveis
sistema Imunana-Laranjal
Abastecimento da cidade foi interrompido pela contaminação da água dos rios que abastecem a cidade. Foto: arquivo

Prestes a completar um mês que os niteroienses ficaram vários dias sem água por conta de despejo de substância tóxica no manancial que abastece a cidade, o governo do Estado não chegou ao responsável pelo crime ambiental. A paralisação da operação do Sistema Imunana-Laranjal afetou, ao todo, 2 milhões de pessoas.

A Seguir entrou em contato com o Ministério Público do Rio de Janeiro; secretaria de estado do Ambiente e Sustentabilidade e Polícia Civil, além da Cedae, operadora do Sistema Imunana-Laranjal, para obter informações a respeito das investigações que estão sendo feitas para descobrir o responsável pelo despejo de tolueno no Rio Guapiaçu, em Guapimirim, na Baixada Fluminense.

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Somente Cedae e MPRJ responderam. A empresa afirmou que o assunto não era para ser tratado com ela e sim as secretarias estaduais envolvidas no caso. Já o Ministério Público afirmou que ainda não tinha sido descoberta a autoria dos ilícitos, ou seja, quem foi o poluidor, e que “as investigações ainda estão em andamento”.

“O Grupo Temático Temporário para atuação em Saneamento Básico, Desastres Socioambientais e Mudanças do Clima (GTT-Saneamento Básico, Desastres Socioambientais e Mudanças do Clima/MPRJ) informa que vem realizando reuniões periódicas com a SEAS, INEA, CEDAE, Petrobras, Polícia Civil. Atualmente o MP aguarda o Estado, (por meio da SEAS e do INEA) e as concessionárias responderem a ofícios expedidos pelo MP com informações sobre a contaminação por tolueno, em especial laudos com análises do solo. A Cedae informou ao MP que atendeu à recomendação expedida pelo GTT para dar publicidade, por meio de seu site, sobre a qualidade da água que é distribuída para abastecimento da população.”, afirmou o MPRJ para o A Seguir, por intermédio de nota.

Acrescentou, também que o Ministério Público não integra formalmente a força-tarefa do Estado sobre os fatos, “mas participa de diversas reuniões com os atores envolvidos”.

A nota informou ainda que o objetivo do MP é “acompanhar a qualidade da água distribuída, evitar nova interrupção no abastecimento (desde que garantida a qualidade da água) e buscar a causa da poluição por tolueno, para a devida responsabilização cível e criminal dos agentes.”

Relembre o caso

No dia 3 de abril, a Cedae interrompeu a captação de água na Estação de Imunana-Laranjal ao identificar no manancial altas concentrações de tolueno, solvente danoso à saúde se ingerido ou inalado. O sistema voltou a captar e tratar água às 22h42 do dia 5.

Em Niterói, a água começou a chegar às 5h do dia 6, quando o fornecimento foi retomado de forma gradativa. Durou cinco dias até que o abastecimento normalizasse, em toda a cidade.

No dia 4, pouco mais de 24h da paralisação da operação do sistema, o governo do Estado informou que técnicos da Cedae e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) haviam localizaram o ponto exato do vazamento de tolueno . Foi dito, à época, que o problema estava num oleoduto no Rio Guapiaçu, em Guapimirim, na Baixada Fluminense.

Houve especulações que o oleoduto seria da Petrobras, que negou de forma enfática, afirmando não fazer uso do tolueno a partir de suas atividades no estado do Rio de Janeiro. Em nota oficial, a empresa observou também que não foram detectadas nas águas que abastecem o Sistema Imunana-Laranjal contribuições de petróleo, nem de produtos tipicamente processados em refinarias e transportados em dutos, tais como gasolina, diesel e gás. E ainda observou:

“O produto químico tolueno é utilizado em processos industriais na fabricação de tintas, solventes em geral e na indústria do couro, ramo presente historicamente na região afetada, devido à atividade econômica de criação de bovinos, em Guapimirim e Itaboraí. A agricultura e a pecuária são as principais atividades econômicas na região afetada. O tolueno também é usado na fabricação de pesticidas e defensivos agrícolas.”

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O tolueno ou metil benzeno é uma substância que ficou popularmente conhecido no Brasil como cola de sapateiro. Trata-se de um líquido incolor com um odor característico. Ocorre na forma natural no petróleo e na árvore tolú. Também é produzido durante a manufatura da gasolina e de outros combustíveis a partir do petróleo cru e na manufatura do coque a partir do carvão.

É a matéria-prima a partir da qual se obtêm derivados do benzeno, usado para a produção, dentre outras coisas, de corantes, perfumes, TNT (Tecido não Tecido) e detergentes. Também é adicionado aos combustíveis (como antidetonante) e como solvente para pinturas, revestimentos, borrachas, resinas, diluente em lacas nitrocelulósicas e em adesivos. É a matéria-prima na fabricação do fenol, benzeno, cresol e uma série de outras substâncias.

O tolueno também é usado na adulteração da gasolina.

 

 

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