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Justiça climática. Já ouviu falar disto? Conheça o projeto que começa a ser adotado em Niterói

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Em entrevista para o A Seguir Niterói, o secretário do Clima, Luciano Paez, fala sobre iniciativas para a redução de emissão de gases de efeito estufa na cidade
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Projeto-piloto de Neutralização de Carbono Comunitário será implantado no Caramujo, na zona norte de Niterói. Foto: Pixabay

A localidade de Igrejinha, no complexo do Caramujo, na zona norte de Niterói, vai receber um projeto piloto de Neutralização de Carbono Comunitário. O lançamento foi neste sábado (11) como parte da programação da quarta edição da Conferência Brasileira de Mudança de Clima, no último dia do evento.

– Essa é uma iniciativa que tem como foco a justiça climática, uma demanda cada vez maior em todo o mundo. Isso porque os eventos extremos de clima vão ocorrer com cada vez mais frequência e com mais rigor. E quem mais sente os efeitos desses extremos é a população mais vulnerável. Essa população sente os impactos 15 vezes mais do que as pessoas em condições mais privilegiadas – explicou o secretário do Clima, Luciano Paez, em entrevista ao A Seguir Niterói.

Comunidades sustentáveis

De acordo com o secretário, serão feitas várias ações no Caramujo, num projeto piloto para a busca de soluções sustentáveis para os problemas ambientais na cidade. O ponto de partida será a realização do inventário de emissões de gases de efeito estufa de cada unidade familiar. Esse trabalho está previsto para começar, no segundo semestre, a ser feito por quatro “agentes climáticos” que serão contratados dentre os moradores do bairro.

A partir daí, haverá planejamento de plantio de árvores e o início do trabalho de separação de resíduos domésticos para a criação de composteiras que fornecerão adubo para o próprio plantio de árvores e para as futuras hortas comunitárias que serão criadas.

Igrejinha representa 20% do complexo do Caramujo. O secretário informou que o local foi escolhido por ter uma base da prefeitura e uma experiência positiva de intervenção social, no caso, a criação do Parque Esportivo e Social do Caramujo. Inaugurado há quase dois anos, o Pesc,  de acordo com Paez, contribuiu para derrubar de forma representativa os índices de violência do local.

Uma visão do bairro de Igrejinha, no Caramujo. Foto: Reprodução Blog do Axel Grael

Banco do clima

Além disso, 550 famílias de Igrejinha já estão inseridas no Banco Comunitário e recebem a moeda social Araribóia. São essas famílias que, inicialmente, participarão do projeto de Neutralização de Carbono da localidade e, em um segundo momento, poderão vir a receber benefícios do Banco do Clima.

O Banco do Clima, também será lançado durante a Conferência, será uma plataforma online que vai  cadastrar, capacitar e qualificar famílias em termos ambientais.

– Os moradores de Igrejinha vão receber desafios climáticos como separação de resíduos e redução de consumo de energia, por exemplo. Conforme vão concretizando os desafios, se qualificam para receber o benefício da moeda social do clima, que se somará à moeda social Araribóia. Esse piloto que estamos desenvolvendo no Caramujo envolve oito secretarias municipais, além da Águas de Niterói e Enel. Seu modelo é replicável e queremos leva-lo para outros lugares da cidade  – informou o secretário.

Ele lembrou que, no momento, sua pasta já trabalha na neutralização de carbono do hospital infantil Getulinho. Há quatro meses, uma empresa contratada pela prefeitura iniciou o inventário de emissão de gases do hospital. Ele acredita que, em 2023, será possível colocar em prática o plano de ação a ser elaborado para a neutralização de carbono do Getulinho.

Educação climática

A secretaria do Clima de Niterói foi criada em 2021. Da sua estrutura faz parte um comitê que reúne representantes de dez secretarias municipais, além de dois fóruns – um formado por jovens e outros por diferentes setores da cidade.

– Essa foi a forma que encontramos  para que os temas relacionados com o clima tivessem participação popular. Além disso, nessa área, ninguém faz nada sozinho porque há várias questões interligadas – comentou Paez.

Na sua opinião, um passo importante que Niterói dará, em termos de conscientização ambiental, será a criação do Programa de Educação Climática (em fase de elaboração) que fará parte do Plano Municipal de Educação. A implantação está prevista para 2024, inicialmente, em cinco escolas abrangendo da educação infantil ao Ensino Fundamental.

Outra iniciativa do município em que o secretário “aposta suas fichas” é a implantação do ônibus elétrico. Isso, porém, ainda demora. A maior dificuldade para a concretização desse projeto, segundo ele, é a falta de veículos, no país. Paez informou que Niterói integra um grupo formado por nove municípios (os outros são Salvador, Campinas, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, São José dos Campos, Curitiba e São Paulo) que está à frente dessa questão, que envolve, entre outras coisas, a importação dos ônibus. De acordo com o secretário, a meta de Niterói é comprar 80 veículos em três anos.

Bem antes disso, na verdade, a curtíssimo prazo, ele espera que a cidade tenha, bicicletas compartilhadas, como já existe na vizinha cidade do Rio de Janeiro. Nesse momento, a prefeitura negocia um patrocínio para o serviço. Na opinião do secretário, o estímulo ao uso da bicicleta na cidade é um marco de Niterói. Segundo informou, de 2013 até o ano passado, aumentou em 4,5 vezes o número de usuários de bicicleta, graças ao aumento de ciclovias implantadas e a criação do bicicletário, no Centro, ao lado da estação das barcas.

– Niterói tem muitas inciativas que colocam o município com protagonismo, em termos ambientais. A criação da própria secretaria é um exemplo disso, além do fato de 56% do território ser área protegida. A cidade tem uma população qualificada e a tendência é assimilar, cada vez mais e melhor, as questões relacionadas com a cultura do clima. Sediar um evento como a Conferência é também uma forma de trazer e reforçar o protagonismo de Niterói nas questões climáticas. Vai ajudar a cidade na construção estratégica de articulações junto a empresas e autoridades – afirmou Paez.

Durante o evento em Niterói, por exemplo, foi iniciada a elaboração de uma carta-compromisso a ser enviada aos candidatos às próximas eleições. O documento vai cobrar a implementação de ações para cumprir as metas definidas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para o Acordo de Paris. Serão discutidas também as políticas públicas de mudanças climáticas e a gestão de riscos ambientais e prevenção de desastres nas metrópoles. A finalização da carta será em Recife, quando acontece a segunda etapa da quarta edição da Conferência Brasileira de Mudança de Clima, no dia 29 de julho.

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