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Pesquisadores descobrem espécies de árvores frutíferas na Serra da Tiririca, em Niterói

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

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Tratam-se de Eugenia delicata e Eugenia superba. Gênero Eugenia é um dos mais ricos e diversos da flora brasileira
Eugenia Delicata. Foto: Divulgação
Eugenia delicata. Foto: Divulgação

Pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do Jardim Botânico descobriram duas espécies de árvores nativas da Mata Atlântica brasileira no Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), unidade de conservação administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em Niterói. Tratam-se de Eugenia delicata e Eugenia superba.

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Em risco de extinção, essas novas árvores são do gênero Eugenia, um dos mais ricos e diversos da flora brasileira. A Eugenia é um gênero de plantas mirtáceas (Myrtaceae) e reconhecido por produzir flores ornamentais e frutos comestíveis, como a pitanga, a grumixama e a uvaia, por exemplo.

O cientista ambiental Vitor Ribeiro, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), falou sobre as características desse gênero. Para o Brasil, Eugenia é o maior gênero de angiospermas em número de espécies (mais de 400), com destaque da sua diversidade no domínio fitogeográfico da Mata Atlântica.

– Uma de suas características é que muitos frutos consumidos por nós são desse gênero, como a pitanga e a grumixama, que é um fruto nativo da Mata Atlântica. São poucas pessoas que conhecem, mas é uma fruta deliciosa. Uma mistura de pitanga com jabuticaba. Também posso dizer que é um gênero da família das mirtáceas (Myrtaceae), que são árvores com tronco “camuflados”, o que torna mais fácil sua identificação. Em suma, são árvores com frutos saborosos tanto para os humanos quanto para a fauna. E muitas têm um traço aromático muito forte, como a pitanga, por exemplo. E elas são bem difundidas na América do Sul, pois são de clima tropical – esclareceu o cientista.

A importância da descoberta

Descobertas neste ano, as espécies estão sendo monitoradas pelo Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Vitor Ribeiro ressalta que, a partir de agora, será possível fazer um armazenamento de sementes para reflorestar e propagar essa espécie até então desconhecida. O que, consequentemente, pode contribuir para sua conservação.

– Essa descoberta de uma espécie nativa torna-se muito importante porque facilita a sua conservação, ainda mais quando se trata de espécies em extinção. A partir de agora dá para coletar frutos, fazer armazenamento de sementes, depois começar a germinar as sementes, fazer viveiros e reflorestamentos e propagar essa espécie. Fora que aumenta o herbário nacional e estadual, visto que está localizado no Rio de Janeiro – ponderou.

Ele ainda esclareceu que essas árvores tendem a trazer mais equilíbrio à fauna e flora local.

– Quanto mais você planta, mais a fauna te auxilia nisso. Aumenta a biodiversidade. E faz com que a regeneração da floresta fique cada vez mais saudável e com mais espécies. Às vezes algumas árvores têm um animal específico que come aquele fruto. Trazendo de volta essas árvores, essas plantas, é possível trazer de volta também para o ambiente esse possível animal. E isso traz equilíbrio para o ecossistema. Porque quando um animal e/ou vegetal é extinto, consequentemente quem se beneficia desse animal ou vegetal também pode desaparecer, causando desequilíbrio – concluiu.

O estudo

Os novos táxons Eugenia delicata e E. superba são propostos com base em levantamento bibliográfico, exame de espécimes de herbário e intenso trabalho de campo na área de estudo.

E. delicata é aqui atribuída a E. sect. Eugenia, semelhante a E. zanthoxyloides, mas diferindo por catáfilos elípticos estreitos restritos ao ápice de galhos jovens, caindo com a idade. Tem folhas em arranjo dístico, que racham facilmente ao toque quando secas, além de bractéolas amplamente ovadas, sobrepostas na base e ocultando o ovário. Seus frutos são alaranjados quando frescos, de polpa suculenta e sabor azedo, aromático.

E. Superba é atribuída a E. sect. phyllocalyx, semelhante a E. magni bracteolata, mas diferenciando-se por ser uma árvore caducifólia com casca de tronco lisa, marrom-clara quando florescendo e avermelhada quando frutificando. Também destacam-se lâminas finas como papel e lâminas foliares coriáceas com nervuras laterais pouco visíveis. São frutos maduros sub globosos, alaranjados quando frescos, de polpa suculenta e abundante e de agradável sabor agridoce.

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