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O que voluntários retiraram das praias de Niterói no dia da limpeza

Por Amanda Ares
| aseguirniteroigmail.com

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Cidade participou de ação global por um mundo sem lixo; veja o que estava na areia de Icaraí
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Saiba quanto tempo levaria para os materiais mais encontrados nas areias de Niterói se decomporem na natureza Foto: Amanda Ares

Copos de guaraná, tampinhas de garrafa, chapinha de metal, canudos e muito microplástico. Tudo isso estava depositado nas areias das praias de Niterói, mas felizmente, foi retirado neste sábado (17) por voluntários que participaram do Clean Up Day, uma ação global de limpeza de praias, rios, lagoas e também florestas e estradas, em que os próprios cidadãos participam da atividade. Mas quanto tempo levaria para que tudo isso se decompusesse naturalmente? E será que um dia o lixo descartado deixa de ser um problema?

O A Seguir: Niterói foi conferir que tipo de resíduo os voluntários retiraram da praia de Icaraí, e quanto tempo levaria para que cada coisa se desfizesse na natureza.

Além de prejudicar a vida marinha, os resíduos que ficam na orla representam um risco à saúde humana, pois os microplásticos acumulam superbactérias, como já mostrou uma pesquisa recente da UFF.

O motoboy Rodrigo Gonçalves (31) saiu cedo do Sapê com a filha, Iasmim, de apenas cinco anos, para participar do Clean Up Day. Ele disse que ficou sabendo pela escola da menina, e decidiu ir. Achou uma pena que não encontrou mais nenhum outro pai de aluno ali. Ele também encontrou muito plástico:

– Quando eu era mais novo, eu não ligava muito. Mas aí, a gente vai crescendo, a família cresce também, e a gente não quer que os nossos filhos repitam os nossos erros.

Iasmim disse que não joga lixo no chão, e que encontrou muito plástico e tampinha de garrafa. Ela e o pai ficaram algumas horas procurando mais resíduos recicláveis.

Rodrigo e Iasmin Gonçalves no Clean Up Day de Niterói. Foto: Amanda Ares

Plástico: Segundo tabela da Fiocruz e do Ministério da Saúde, o plástico leva 450 anos para se decompor na natureza. Para se ter uma ideia, Niterói tem 450 anos de idade.

Além disso, antes de se decompor, o plástico pode ser ingerido pela fauna marinha, como peixes, tartarugas e aves. O descarte de lixo nos oceanos é uma das principais ameaças à vida nos oceanos.

Rodrigo mostra a tampinha recolhida pela filha. Esse pequeno pedaço de plástico levaria 450 anos para se decompor na natureza. Foto: Amanda Ares

Os amigos Luis Eduardo (17) e Ana Luisa (16)  ainda estão na escola, e se sentiram na responsabilidade de ajudar na limpeza. Eles observaram muito microplástico na areia, que é o plástico com menos de cinco milímetros.

– A gente encontrou tampinha de droga, muito isopor, canudo… eu até esperava encontrar mais, porque proibiram, mas continuam dando – comenta o estudante.

Luis e Ana Luisa disseram ter encontrado muito microplástico. Foto: Amanda Ares

Microplástico: O plástico é um material que não chega a se decompor totalmente, e suas partes maiores vão se desfazendo em partes menores. O microplástico é aquele que possui menos de cinco milímetros de comprimento. O perigo é que ele também pode ser ingerido por animais e até por seres humanos.

Com o passar do tempo, ele se torna nanoplástico, que são partículas ainda menores, que ficam presentes na natureza, podendo entrar também na corrente sanguínea e sistemas do corpo humano, que não digere plástico.

Fragmentos de isopor e de restos de plástico são mais difíceis de serem coletados pela limpeza urbana. Foto: Amanda Ares

A professora Isabela Ramershleig tinha acabado de chegar para começar a coleta, mas já tinha encontrado pedaços de isopor e chapinha de metal, de alguma latinha de refrigerante ou cerveja. Ela contava com a ajuda de Greta:

– Eu não utilizo a praia como banhista. Eu só venho pra ela correr, brincar. Acho ela muito suja.

A professora Isabela e sua ajudante, Greta, retirando pequenos fragmentos de plástico e metal da praia de Icaraí. Foto: Amanda Ares

Alumínio: Latas e pequenos objetos de alumínio, como a chapinha das latas de cerveja e refrigerante, levam de 200 a 500 anos para se decompor. Enquanto isso, ele também pode ser ingerido pelos animais, causando a mortandade de diversas espécies que confundem o material com comida.

Chapinha de alumínio, de 200 a 500 anos para se decompor. Foto: Amanda Ares

Por um mundo sem lixo

O Clean Up Day tem o objetivo de conscientizar a população pela importante do descarte adequado do lixo. Começou em 2008 na Estônia, e pouco a pouco foi ganhando simpatizantes pelo mundo. Para se ter uma ideia, em 2021, mesmo com a pandemia 8,5 milhões voluntários de 191 países saíram de casa no mesmo dia para ajudar a limpar a bagunça que a humanidade deixa pelo caminho.

Inclusive em Niterói. Por aqui, a atividade é realizada pela Prefeitura e organização que integram a Rede de Conservação Águas da Guanabara, a Redagua. Como o Projeto Uçá, organização que já trabalha no combate ao lixo costeiro e na preservação de manguezais da Baía de Guanabara.

 

Voluntários encheram vários baldes, que iam sendo recolhidos pela Secretaria de Meio Ambiente. O lixo foi recolhido ao final da ação pela Clin. Foto: Amanda Ares

A coordenadora de políticas públicas do Projeto Coral Vivo, Maria Teresa Gouveia, diz que o material coletado no Clean Up Day vai ajudar a formar um panorama dos resíduos que chegam à costa fluminense, e essa informação é importante para uma ação mais eficiente por parte do poder público.

O resíduo, quando não é tratado, não é categorizado, quando não é fruto de políticas públicas, vira o famoso ‘lixo’. A seleção e a categorização por um protocolo cientifico utilizado nacionalmente, gera – no mapeamento do Ministério do Meio Ambiente – um panorama dos resíduos que chegam as nossas praias”.

As praias da Baía de Guanabara e da Região Oceânica receberam centenas de voluntários neste sábado. Só em Icaraí, foram mais de 100. Ao fim da atividade, a Clin recolhe os resíduos que são colocados em sacolas plásticas. A Secretaria de Meio Ambiente ainda divulgou um balanço da quantidade de resíduos retirados das areias, mas nas fotos é possível observar o tamanho do impacto que o descarte mal feito causa na orla da cidade.

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