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Pesquisa da UFF revela existência de superbactérias nas praias de Niterói

Por Redação
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Investigação nas praias de Icaraí, Itaipu, Piratininga e São Francisco mostrou presença de microplásticos e de bactérias resistentes a antibióticos
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Lixo das praias carrega microorganismos que podem causar problemas de saúde. Foto: leitor

Uma pesquisa realizada pela UFF para a avaliação da qualidade da areia das praias de Icaraí, Itaipu, Piratininga e São Francisco revelou a existência de microplásticos e superbatérias em todos os locais estudados. O trabalho levou mais de um ano para ser concluído e alerta para a presença destes microorganismos, resistentes a uma série de antibióticos e difíceis de tratar.

O estudo chama a atenção para o risco da poluição do mar e a necessidade do controle do uso de medicamentos, medida para evitar o surgimento das superbactérias. A presença destes organismos  representa um perigo para a saúde dos banhistas.

A pesquisa

O projeto da UFF “Orla limpa, orla viva – região costeira de Niterói: problemas e soluções”. começou em março de 2021, em parceria com a Prefeitura de Niterói e a Fundação Euclides da Cunha (FEC) através do Programa de Desenvolvimento de Projetos Aplicados (PDPA). O objetivo era a avaliação da qualidade da areia das praias de Icaraí, Itaipu, Piratininga e São Francisco, investigando a relação entre a ocorrência do poluente microplástico e de superbactérias, aquelas com genes de resistência para diferentes antibióticos e que podem causar infecções difíceis de tratar.

O coordenador da pesquisa, professor Abílio Soares, do Departamento de Biologia Marinha da UFF, explica que os microplásticos são partículas com até cinco milímetros de diâmetro, oriundas da degradação de objetos maiores, consideradas um dos principais poluentes ambientais atualmente. De acordo com o docente, uma vez nos oceanos, eles podem permanecer na água ou ser transportados para a costa, onde irão se concentrar nas areias.

– Estudos anteriores demonstram que o microplástico encontrado no oceano pode abrigar inúmeros microrganismos, transmissores de doenças ou não, que podem afetar de forma desequilibrada o ecossistema vivo da praia. Nesse projeto, em especial, as análises descobriram que o microplástico é vetor de uma variedade de bactérias com genes de alta resistência à antibióticos. A existência desse poluente é um risco à saúde dos banhistas – salienta Abílio.

O professor Henrique Fragoso, vice-coordenador da pesquisa e também da Biologia Marinha da UFF, destaca que, nos resultados obtidos, foi encontrada uma grande quantidade de genes de resistência a antibióticos da classe Vancomicina nos microplásticos retirados das areias das praias. “Esse é um medicamento de uso apenas hospitalar que trata infecções causadas por quase todos os Staphylococcus e muitas cepas de Enterococcus. As Vancomicinas são utilizadas para tratar infecções graves, como pneumonia e endocardite”.

– Outro gene identificado em abundância na areia das praias é o de resistência à classe da Azitromicina. Esse antibiótico foi amplamente utilizado de forma preventiva durante a pandemia de COVID-19, mesmo em pacientes não hospitalizados e com sintomas leves da doença. A utilização deste medicamento pode ter favorecido a seleção de bactérias resistentes não somente nas praias de Niterói, mas em outros diversos ambientes e regiões -, alerta o vice-coordenador da pesquisa.

 

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