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O point das figurinhas: Tavares de Macedo recebe multidão de colecionadores do álbum da Copa

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

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Álbum da Copa do Mundo vira “febre” a cada quatro anos e reúne crianças, adultos e idosos que buscam completá-lo em Niterói
Figurinhas do álbum da Copa do Mundo. Foto: Gabriel Mansur
Figurinhas do álbum da Copa do Mundo. Foto: Gabriel Mansur

Crianças espremidas debaixo de um guarda-chuva. Outras, sob uma lona improvisada, batem “bafo”. Enquanto isso, pais, mães, avós e parentes, em geral, tomam a iniciativa de procurarem as figurinhas que restam para as crianças, ou até para eles mesmos, completarem o álbum da Copa do Mundo do Catar.

Este é o cenário de troca-troca de todo fim de semana na esquina da avenida Tavares de Macedo com a avenida Presidente Backer, em Icaraí, bairro nobre de Niterói. A chuva deste sábado (17) até atrapalhou, mas não impediu uma multidão de colecionadores de manter uma tradição repetida há 20 anos.

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O A Seguir presenciou o “ritual” de perto na manhã deste sábado. Entre as centenas de pessoas amontoadas a despeito da chuva gelada que caía na cidade, um homem chamava atenção por conta dos fichários expostos sobre uma mesa de alumínio. Ele é Márcio Federici, de 57 anos.

Márcio dificilmente passa despercebido pelas pessoas porque é o fundador do “point” das figurinhas. Ao mesmo tempo em que trabalha nos correios, o colecionador aproveita os dias de folga para ganhar um dinheiro extra com seu empreendimento perspicaz.

Como tudo começou

Ele conta que tudo começou em 2002, na Copa do Mundo da Coréia e Japão. Na época, comprou alguns pacotinhos para seu filho numa banca localizada na Tavares.

Pais e filhos trocam figurinhas na Tavares de Macedo. Foto: Gabriel Mansur

O garoto, contudo, deu sorte e tirou um cromo brilhante desejado por um idoso, que, por conseguinte, ofereceu dinheiro para comprá-lo. Ali, Márcio percebeu que havia uma “mina de diamante”.

– Eu comecei a instalar umas mesas com cadeiras, expor fichário, montava toda a estrutura. Começaram a vir jornais e televisão querendo fazer entrevistas, passou a ser amplamente divulgado, e as pessoas começaram a se reunir aos poucos – ressaltou.

Depois de seis Copas do Mundo, além de edições do Campeonato Brasileiro, Márcio passou o legado para seu filho, Jean Felipe Almeida, de 27 anos, a mesma criança sortuda que tirou aquela figurinha premiada de 20 anos atrás. Hoje, pai e filho trabalham juntos. Ao mesmo tempo que lucram com as vendas, ajudam outros colecionadores.

Jean Felipe é filho de Márcio Federici, fundador do “point”. Foto: Gabriel Mansur

– É uma tradição, mas também dá para lucrar alguma coisa. Vendo álbum completo, dou para alguns amigos. O médico que atende a mim e a meu filho acabou de ganhar um – concluiu.

Referência metropolitana

Pode-se dizer que a fama da Tavares de Macedo, atualmente, difundiu-se como um vírus, principalmente na região metropolitana do Rio de Janeiro. Prova disso é o colecionador Vinícius Christianes, de 27 anos.

Profissional na área de telecomunicação, o jovem mora no município de Itaboraí, leste metropolitano do estado. Ele descobriu o “point”, por meio de amigos, na Copa do Mundo da Rússia, em 2018. Desde então, tem preferido cruzar limites municipais por conta de uma garantia de sucesso nas trocas.

– Aqui é um lugar que eu tenho certeza que conseguiria completar. Tem vários pontos de troca em Itaboraí e São Gonçalo, mas, quando chego lá, não tem quase ninguém. Eu costumo organizar minha agenda do fim de semana e vir para cá quando possível – disse.

Rua Tavares de Macedo recebe multidão de colecionadores em todo fim de semana. Foto: Gabriel Mansur

Embora more em outro município, o tempo gasto na “viagem” foi relativamente compensatório, visto que, segundo ele, demorou de 30 a 40 minutos para percorrer os 35 quilômetros que separam uma cidade da outra. Valeu a pena, inegavelmente: o caminho de volta foi êxtase com o álbum completo.

– Eu conheço esse ponto, é um ponto de referência. Então resolvi vir para trocar as minhas figurinhas repetidas. Eu já tinha trocado aqui na Copa passada, em 2018, e grande parte do álbum consegui por aqui. Agora resolvi repetir a dose. Essa é a segunda vez que venho neste ano, dessa vez vou completar – concluiu.

Plaza, Multicenter e Americanas surfam “onda”

Sabe aquele ditado de que “figurinha repetida não completa álbum”? Neste sentido, os colecionadores têm novas opções de troca. O Plaza Shopping, no centro, e o Multicenter, na região oceânica, instalaram um posto de troca de figurinhas.

No Plaza, o “banker” é localizado no piso L3, ao lado da loja “Daiso Japan”. De acordo com o colecionador Wesley Martins, que trabalha com vendas e trocas dos cromos, o ponto é uma alternativa para dias chuvosos, por exemplo.

– Claro que a Tavares é o ponto de Niterói. Se você perguntar para alguém, essa pessoa vai sempre pensar na Tavares de Macedo. Mas aqui no Plaza Shopping também é bom porque tem lanchonete, caso sinta fome, é mais confortável, porque tem cadeiras e mesas. Tem banheiro, não tem risco de pegar sol e chuva – ilustrou.

Plaza instalou posto de troca de figurinhas. Foto: Gabriel Mansur

O outro ponto alternativo é no Multicenter. O posto de troca de figurinhas está instalado no segundo andar, ao lado do cinema. Enquanto isso, as Lojas Americanas estão comercializando pacotinhos de figurinhas tanto online quanto nas lojas físicas.

Coleção ficou mais cara

Empresa fornecedora do álbum da Copa do Mundo, a Panini aumentou em 100% o valor dos pacotinhos (R$ 4, ante os R$ 2 de 2018). Ou seja, o acréscimo ficou acima da inflação.

Desse modo, como são 670 figurinhas ao todo (excluindo as oito patrocinadas pela Coca-Cola), o valor mínimo para completar o álbum é R$ 536, ou 134 pacotes com cinco figurinhas cada, desde que a coleção seja perfeita e não sobre repetidas.

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