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O fogo (cada vez mais) perto de Niterói

Por Livia Figueiredo
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Número de incêndios florestais cresce cerca de 85% no estado do Rio, segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro
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Bombeiros atuaram em 13.595 ocorrências de janeiro a agosto deste ano. Foto: Reprodução/ CBMERJ

Inundações, seca severa, incêndios em vegetação, crise de abastecimento de água. Esses são só alguns dos problemas que atingem diversos municípios atualmente, de modo recorrente. Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva, 1.500 municípios, ou seja 27%, estão em situação de calamidade.

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Outro dado representativo é em relação ao número de incêndios florestais, que cresceu cerca de 85% no estado do Rio de Janeiro neste ano. Dados do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) apontam que bombeiros atuaram em 7.417 focos de janeiro a agosto de 2023. Neste ano, no mesmo período, o número de incêndios quase dobrou, totalizando 13.595 ocorrências.

A maior parte dos chamados aconteceu na região metropolitana. Foram 4.513 incêndios em vegetações na cidade do Rio de Janeiro, 569 em São Gonçalo e 561 em Duque de Caxias. Parte desses incêndios ocorreu por queda de balão.

Houve ainda casos em municípios do interior, como Nova Friburgo, na região serrana, Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, e Volta Redonda, no sul do estado.

– Em 95% dos incêndios no Rio de Janeiro a causa é o ser humano, ou acidental ou proposital. É fundamental lembrar que o balão é um dos vilões – ressaltou o porta-voz do Corpo de Bombeiros, major Fábio ao programa Bom dia Rio.

São Gonçalo, Maricá e Niterói estão no TOP 10 das cidades mais afetadas no período analisado.

Voo Várzea das Moças-Casemiro de Abreu. Foto: Axel Grael

Confira o ranking abaixo:

O Rio de Janeiro (4.513), São Gonçalo (569) e Duque de Caxias (561) estão no topo do ranking dos municípios mais afetados, seguidos por Maricá, Nova Iguaçu, Niterói, Araruama, Nova Friburgo, Campos dos Goytacazes e Volta Redonda.

Em 2023, o CBMERJ atuou em 11.037 combates a fogo em vegetação. De 1° de janeiro a 23 de agosto foram 7.417 chamados. Já em 2024, até agora, houve 13.595 acionamentos, 2.558 a mais que em todo o ano anterior.

O Corpo de Bombeiros do Rio tem atualmente dois grupamentos de socorro florestal, um na capital fluminense e outro em Magé, na Baixada. A atuação dos grupamentos é maior no período de estiagem, entre maio e outubro.

O prefeito de Niterói, Axel Grael, que também é ambientalista, relatou um episódio que viveu em sua última viagem pelo interior fluminense até a Região das Baixadas Litorâneas.

Ele conta que passou por uma região que já foi uma das mais ricas em biodiversidade do estado do Rio de Janeiro: a Bacia Hidrográfica do Rio São João, que já teve uma exuberante Mata Atlântica, com a riqueza dos brejos, matas de baixada, restinga, manguezais. Hoje a situação é de calamidade. Se nada for feito, o que resta estará com os dias contados.

Segundo Axel, a região também é de importância estratégica para o abastecimento de água, principalmente da Região dos Lagos, que tem em Juturnaíba o seu único manancial. A represa foi construída entre 1982 e 1984, inundando a Lagoa de Juturnaíba. Trata-se do maior reservatório de água doce destinado ao abastecimento humano no estado do Rio de Janeiro, suprindo a demanda dos moradores de oito municípios, totalizando mais de 500.000 habitantes.

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Confira o relato:

“Com muita tristeza, vi fumaça de queimadas por todos os lados e a destruição causada por elas. Muitos focos de incêndio e grandes extensões de áreas já queimadas. Alguns dos últimos fragmentos remanescentes de florestas estavam rodeados pelo fogo ou já estavam atingidos, com sinais de fumaça.

Nos morros, o que se vê hoje com frequência naquela paisagem são pastos degradados e tomados pela erosão causada pela queima reincidente, pela falta de cobertura do solo e pelo manejo inadequado, com sobrepastoreio. Com exceção de algumas poucas áreas com uma produção mais estruturada, com pecuária e plantios de cítricos e de alguma atividade turística nas margens do reservatório de Juturnaíba, vemos vastas extensões de terras planas e agricultáveis, mas degradadas e quase sempre ociosas. Em outros países carentes de terras para produzir, estas áreas seriam certamente valorizadas, cultivadas e produtivas.”

Um relatório do MapBiomas alertou que o Brasil já perdeu 33% das suas florestas. A neblina saudável, um dos mais importantes serviços ambientais que a floresta proporciona, agora dá lugar à devastação improdutiva e à poluente névoa de fumaça dos incêndios em vegetação. Axel explica que esta umidade é a responsável por gerar chuvas e abastecer mananciais, que viabilizam a vida.

– No retorno da viagem, com a aproximação de Niterói com vento de cauda (vento nordeste), vimos a fumaça sendo levada para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, onde também vimos vários focos de incêndio em vegetação. Menos floresta, menos chuva. Menos chuva, mais riscos de incêndio. Um ciclo vicioso. É o que estamos vendo acontecer – concluiu Axel.

Fumaça se espalha próximo ao solo, aumentando o risco para a saúde humana. Foto: Axel Grael

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) autorizou nesta terça (27) a contratação de brigadas para combater os incêndios florestais em municípios de todas as regiões do país. O Rio de Janeiro não aparece na lista.

Os estados contemplados pela portaria publicada nesta terça-feira (27) no Diário Oficial da União são Amapá, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo, Acre, Amazonas, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rondônia, Pará, Roraima, Ceará, além do Distrito Federal.

Serão esquadrões de 10 a 36 brigadistas, além dos chefes das brigadas, conforme as demandas dos municípios.

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