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Niterói tem 33 mil moradores vivendo em áreas de risco

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Mapa do governo federal lista 1.942 municípios sujeitos a alagamentos, inundações e deslizamentos de terra
deslizamento morro da boa esperança niterói
Deslizamento no Morro da Boa Esperança, em Piratininga, em 2018: 6 casas destruídas e 10 pessoas mortas. Foto: reprodução de TV.

Em 5 de junho se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente. Mais do que festejar, a data pede reflexões – e ações.  No caso de Niterói, atualmente, 33.822 moradores da cidade vivem em áreas mapeadas como de risco geo-hidrológico, o que representa 7% da população do município.

Leia mais: Extremos climáticos: Niterói vai precisar de comportas e bombas para regular fluxo de águas?

A informação consta de um mapeamento feito pelo Governo Federal, que identificou, em todo o Brasil, 1.942 municípios suscetíveis a desastres associados a deslizamentos de terras, alagamentos, enxurradas e inundações – quase 35% do total dos municípios brasileiros e 6% da população nacional. A base de dados utilizada vai de 1991 a 2022.

Chuvas geram alagamentos em Niterói. Foto: Sônia Apolinário

Os riscos, em Niterói

Em Niterói, os riscos apontados pelo levantamento estão relacionados com deslizamentos e enxurradas.

“O aumento na frequência e na intensidade dos eventos extremos de chuvas vêm criando um cenário desafiador para todos os países, em especial para aqueles em desenvolvimento e de grande extensão territorial, como o Brasil”, diz o estudo do Governo Federal.

No Rio de Janeiro, dos 92 municípios do estado, 75 foram incluídos no levantamento. Juntos, têm uma população de  15.275.523 pessoas, de acordo com o Censo 2022. Desse total, vivem em áreas de risco  865.027 pessoas, o que representa 5,7%  da população do estado.

A cidade do Rio de Janeiro é onde há maior concentração de moradores vulneráveis, no estado: 444.893. Em segundo lugar está São João de Meriti (86.185), seguido por Petrópolis (72.070).

No ranking dos municípios do estado que mais têm moradores em áreas de risco, Niterói ocupa o sétimo lugar.

O levantamento destaca que, em janeiro de 2011, ocorreu na região serrana do Rio de Janeiro “o que foi considerada a maior catástrofe de origem geo-hidrológica do País”, que acarretou a morte de mais de 900 pessoas, com cerca de 350 desaparecidos e milhares de desabrigados/desalojados, além de severos danos à infraestrutura e consequentemente impacto à economia da região.

Naquela época, fortes chuvas provocaram enchentes e deslizamentos em sete municípios. A ocorrência foi classificada pela ONU como o 8º maior deslizamento ocorrido no mundo nos últimos 100 anos – o desastre foi comparado, por sua dimensão e danos, a outras grandes catástrofes, como a que devastou a região de Blumenau-Itajaí, em Santa Catarina, em 2008, e a provocada pelo furacão Katrina, que destruiu a cidade de Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005.

Pelo levantamento do Governo Federal, as cidades serranas fluminenses de Teresópolis e Nova Friburgo ocupam, respectivamente, o sexto (45.772) e oitavo (33.660) lugares no ranking dos municípios do Rio de Janeiro onde vivem mais moradores em áreas de risco.

De acordo com o levantamento, a Região Sudeste concentra a maior população exposta aos riscos, tendo o estado de Minas Gerais o maior quantitativo de municípios mais suscetíveis a ocorrências de desastres naturais (283), seguido de São Paulo (172), Rio de Janeiro (75) e Espírito Santo (71).

O levantamento, publicado em abril passado, ampliou em 136% o número dos municípios considerados suscetíveis a desastres. No último estudo, de 2012, o governo havia mapeado 821 cidades em risco.

Com os novos dados, os estados com a maior proporção da população em áreas de risco são Bahia (17,3%), Espírito Santo (13,8%), Pernambuco (11,6%), Minas Gerais (10,6%) e Acre (9,7%). Já as unidades da federação com a população mais protegida contra desastres são Distrito Federal (0,1%); Goiás (0,2%), Mato Grosso (0,3%) e Paraná (1%).

“A urbanização rápida e muitas vezes desordenada, assim como a segregação sócio-territorial, têm levado as populações mais carentes a ocuparem locais inadequados, sujeitos a inundações, deslizamentos de terra e outras ameaças correlatas. Essas áreas são habitadas, de forma geral, por comunidades de baixa renda e que têm poucos recursos para se adaptarem ou se recuperarem dos impactos desses eventos, tornando-as mais vulneráveis a tais processos”, aponta o documento.

Deslizamentos

Deslizamento do Morro do Bumba, em 2010. Foto: Vladimir Platonow/Agência Brasil via Wikipédia

A maior tragédia já registrada em Niterói aconteceu em 2010. Fortes chuvas provocaram o deslizamento do Morro do Bumba, comunidade no bairro de Viçoso Jardim, erguida sobre um lixão. Ao todo, 267 pessoas morreram, mas menos de 50 corpos foram encontrados.

Enxurrada

Rua Lopes Trovão, em Icaraí, no dia 14 de janeiro de 2024. Foto: arquivo A Seguir Niterói

Em janeiro e março passados, Niterói viveu períodos de caos em função de fortes chuvas. Os moradores sofreram com ruas alagadas, falta de luz e abastecimento precário de água.

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