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Em 5 de junho se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente. Mais do que festejar, a data pede reflexões – e ações. No caso de Niterói, atualmente, 33.822 moradores da cidade vivem em áreas mapeadas como de risco geo-hidrológico, o que representa 7% da população do município.
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A informação consta de um mapeamento feito pelo Governo Federal, que identificou, em todo o Brasil, 1.942 municípios suscetíveis a desastres associados a deslizamentos de terras, alagamentos, enxurradas e inundações – quase 35% do total dos municípios brasileiros e 6% da população nacional. A base de dados utilizada vai de 1991 a 2022.
Em Niterói, os riscos apontados pelo levantamento estão relacionados com deslizamentos e enxurradas.
“O aumento na frequência e na intensidade dos eventos extremos de chuvas vêm criando um cenário desafiador para todos os países, em especial para aqueles em desenvolvimento e de grande extensão territorial, como o Brasil”, diz o estudo do Governo Federal.
No Rio de Janeiro, dos 92 municípios do estado, 75 foram incluídos no levantamento. Juntos, têm uma população de 15.275.523 pessoas, de acordo com o Censo 2022. Desse total, vivem em áreas de risco 865.027 pessoas, o que representa 5,7% da população do estado.
A cidade do Rio de Janeiro é onde há maior concentração de moradores vulneráveis, no estado: 444.893. Em segundo lugar está São João de Meriti (86.185), seguido por Petrópolis (72.070).
No ranking dos municípios do estado que mais têm moradores em áreas de risco, Niterói ocupa o sétimo lugar.
O levantamento destaca que, em janeiro de 2011, ocorreu na região serrana do Rio de Janeiro “o que foi considerada a maior catástrofe de origem geo-hidrológica do País”, que acarretou a morte de mais de 900 pessoas, com cerca de 350 desaparecidos e milhares de desabrigados/desalojados, além de severos danos à infraestrutura e consequentemente impacto à economia da região.
Naquela época, fortes chuvas provocaram enchentes e deslizamentos em sete municípios. A ocorrência foi classificada pela ONU como o 8º maior deslizamento ocorrido no mundo nos últimos 100 anos – o desastre foi comparado, por sua dimensão e danos, a outras grandes catástrofes, como a que devastou a região de Blumenau-Itajaí, em Santa Catarina, em 2008, e a provocada pelo furacão Katrina, que destruiu a cidade de Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005.
Pelo levantamento do Governo Federal, as cidades serranas fluminenses de Teresópolis e Nova Friburgo ocupam, respectivamente, o sexto (45.772) e oitavo (33.660) lugares no ranking dos municípios do Rio de Janeiro onde vivem mais moradores em áreas de risco.
De acordo com o levantamento, a Região Sudeste concentra a maior população exposta aos riscos, tendo o estado de Minas Gerais o maior quantitativo de municípios mais suscetíveis a ocorrências de desastres naturais (283), seguido de São Paulo (172), Rio de Janeiro (75) e Espírito Santo (71).
O levantamento, publicado em abril passado, ampliou em 136% o número dos municípios considerados suscetíveis a desastres. No último estudo, de 2012, o governo havia mapeado 821 cidades em risco.
Com os novos dados, os estados com a maior proporção da população em áreas de risco são Bahia (17,3%), Espírito Santo (13,8%), Pernambuco (11,6%), Minas Gerais (10,6%) e Acre (9,7%). Já as unidades da federação com a população mais protegida contra desastres são Distrito Federal (0,1%); Goiás (0,2%), Mato Grosso (0,3%) e Paraná (1%).
“A urbanização rápida e muitas vezes desordenada, assim como a segregação sócio-territorial, têm levado as populações mais carentes a ocuparem locais inadequados, sujeitos a inundações, deslizamentos de terra e outras ameaças correlatas. Essas áreas são habitadas, de forma geral, por comunidades de baixa renda e que têm poucos recursos para se adaptarem ou se recuperarem dos impactos desses eventos, tornando-as mais vulneráveis a tais processos”, aponta o documento.
A maior tragédia já registrada em Niterói aconteceu em 2010. Fortes chuvas provocaram o deslizamento do Morro do Bumba, comunidade no bairro de Viçoso Jardim, erguida sobre um lixão. Ao todo, 267 pessoas morreram, mas menos de 50 corpos foram encontrados.
Em janeiro e março passados, Niterói viveu períodos de caos em função de fortes chuvas. Os moradores sofreram com ruas alagadas, falta de luz e abastecimento precário de água.
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