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Niterói sob calor de 44 graus

Por Redação
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Este verão está sob o domínio do fenômeno El Niño. Seu principal efeito é aumentar a temperatura. Meteorologistas explicam as ondas de calor
termômetro de rua niterói janeiro 2024
Termômetro na Av. Rui Barbosa, em São Francisco, na manhã de 16 de janeiro de 2024. Foto: leitor

De acordo com o site Climatempo, a temperatura máxima, em Niterói, nesta terça-feira (16), poderia chegar a 36° Porém, o termômetro localizado na Av. Rui Barbosa, em São Francisco, registrou, no período da manhã, 44°.

Que este verão seria mais quente, já era sabido. Culpa, do fenômeno El Niño, como explicou para o A Seguir o meteorologista da Climatempo, Vinícius Lucyrio.

– Este verão estará sob domínio do fenômeno El Niño. Seu principal efeito, no verão, é aumentar a temperatura – afirmou.

Leia mais: Chuva deixou 64 pessoas desabrigadas em Niterói

O El Niño é um fenômeno de aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico equatorial, entre a América do Sul e a Oceania. Este ano, segundo Lucyrio, o aquecimento está entre 2 e 3 graus acima da média, o que caracteriza um El Niño entre forte e muito forte, que atingirá seu pico na primeira quinzena de janeiro.

De acordo com o meteorologista, os dois últimos verões estiveram sob domínio de La Niña, que provoca na estação os efeitos opostos do El Niño.

Na prática, o que é possível esperar para a estação, segundo ele, são muitos, muitos dias com a temperatura batendo 40 graus.

Baixa umidade

Também nesta terça-feira pela manhã, o Centro de Monitoramento e Operações da Defesa Civil de Niterói alertou para um registro de umidade relativa do ar baixa (45%). A previsão é que essa condição permaneça, chegando a valores próximos de 30%, no período da tarde.

A Defesa Civil alertou para os seguintes cuidados a serem tomados:

-Evitar exercícios físicos ao ar livre até as 17 horas;
-Umidificar o ambiente através de vaporizadores, toalhas molhadas, recipientes com água, etc;
-Sempre que possível permanecer em locais protegidos do sol, em áreas vegetadas, etc;
-Consumir bastante água.

Em caso de emergência, socorro deve ser solicitado pelos números de telefone 199 ou 2620-0199.

Onda de calor

Nunca se falou tanto em ondas de calor como do ano passado para cá.  De acordo com o meteorologista e docente da Universidade Federal Fluminense, Márcio Cataldi, as ondas de calor são causadas pela conjunção do  efeito estufa com o El Niño e ao aquecimento dos oceanos. E a solução só será possível com medidas de médio e longo prazo.

Confira a entrevista: 

Quais são os fatores que estão provocando essa onda de calor?

As ações do homem estão liberando mais gases que esquentam o planeta, causando um desequilíbrio. Isso significa que temos mais calor retido perto da superfície do que o normal, como era antes da Revolução Industrial. Alguns desses gases estufa que estão agora na atmosfera não estariam aqui se não houvesse tanta interferência humana, pois são produzidos quando queimamos coisas ou mexemos com matéria orgânica que estava enterrada. Por causa disso, quase todos os oceanos do mundo estão ficando quentes, exceto o Pacífico Equatorial, que ficou frio nos últimos 3 anos por causa do La Niña. Agora, com o El Niño, as águas deste oceano estão esquentando, e quase todos os oceanos estão ficando quentes novamente desde maio. Segundo a ONU, a concentração de gases do efeito estufa bateu recorde em 2022.

Qual a diferença entre o El Niño deste ano e os anteriores? Seria ele um super El Niño?

Ele está bem forte, mas a questão é que agora todos os outros oceanos também estão muito quentes, como é o caso do Atlântico, que é o grande regulador térmico do planeta.

Desta forma os efeitos “normais” do El Niño que são, basicamente, mais chuva no sul, seca no Norte e Nordeste e aumento das temperaturas do Sudeste e Centro-Oeste, estão amplificados e muito mais intensos, já que contam com a contribuição de outros fatores, muitos deles associados ao aquecimento do oceano Atlântico.

O El Niño deverá permanecer todo o mês de janeiro ou fevereiro ainda com bastante força. Até lá estas condições devem permanecer em praticamente todas essas regiões, com possíveis novos recordes de temperatura nos próximos meses. Assim, diante desse calor, as pessoas devem ingerir muita água. Vale lembrar que o calor pode levar, inclusive, a morte. Na Europa, no ano de 2022, cerca de 70 mil pessoas morreram em circunstâncias ligadas diretamente às ondas de calor.

As ações para controle desses gases, propostas em acordos anteriores, ainda seriam eficazes caso fossem efetivamente implementadas ou já é necessário recalcular a emissão e estabelecer novas metas?

Não existem metas sendo cumpridas em relação às emissões. Vamos bater recordes de novo este ano. Infelizmente parece que o negacionismo climático e a ganância por mais e mais lucro estão vencendo esta guerra.

Quais ações imediatas/políticas públicas poderiam ser tomadas/implementadas visando mitigar esses efeitos no Brasil nos próximos anos?

O Brasil tem problemas estruturais muito sérios e que só serão agravados com os extremos climáticos. Deveríamos investir em ciência e tecnologia para aumentarmos a nossa capacidade de prever estes eventos. Investir em educação ambiental para que as pessoas façam a sua parte em relação às emissões de gases de efeito estufa e que compreendam melhor o que está acontecendo com o planeta. Precisamos também que as empresas de distribuição modernizem todo o sistema das grandes cidades. E o Estado precisaria criar planos de emergência e trabalhar com as previsões, de forma séria e comprometida, o que não está acontecendo até agora.

Previsão do tempo

A previsão do tempo, até sexta-feira, para Niterói, segundo o site Climatempo, é de sol com aumento de nuvens pela manhã com pancadas de chuva à tarde e à noite e possível ocorrências de raios. A temperatura vai oscilar entre 26 ° e 36 °.

Até o fechamento desta edição, a Defesa Civil de Niterói mantinha Niterói em estágio de alerta.

Com portal da UFF

 

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