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Niterói resgata a paisagem da Lagoa de Piratininga com Parque Orla

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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A Seguir Niterói percorreu o primeiro trecho aberto ao público; conheça os novos roteiros da Lagoa de Piratininga
Parque Orla - aves
Lagoa ganha deck a beira mar, mirantes, ciclovia, quadras esportivas e promessa de acabar com a poluição; parque terá ainda museu ecológico Foto: Livia Figueiredo

É como uma descoberta. De repente, uma parte da cidade que estava encoberta por ruas engarrafadas, construções desordenadas e saneamento deficiente se descortina diante dos nossos olhos, com a abertura do Parque Orla, para nos oferecer a bela paisagem da Lagoa de Piratininga, com cheiro de mar, brisa no rosto e a promessa de topar com um jacaré.

O A Seguir esteve na tarde desta sexta-feira (16) no Parque Orla de Piratininga, para conferir o que o morador da cidade vai encontrar no caminho, quando o Prefeito Axel Grael cortar neste sábado (17) a fita de inauguração. O parque terá equipamentos de esporte e lazer, locais de contemplação e a promessa de despoluição da Lagoa, usando técnicas biológicos, os recursos da própria natureza.

O primeiro trecho do parque inclui um mirante, píeres de contemplação – sendo um deles com vista para o rio do Tibau – , os jardins filtrantes, ciclovia, quadra para a prática de esportes e um espaço para área de pouso de voo livre. Vários desses já estão sendo utilizados pelos moradores (veja na galeria de fotos no fim da matéria).

Píer de contemplação com vista para toda a Lagoa. Foto: Livia Figueiredo

 ‘Leia também: Prefeitura de Niterói inaugura o primeiro trecho do Parque Orla Piratininga — A Seguir Niterói (aseguirniteroi.com.br)

E mais, o depoimento exclusivo do Prefeito Axel Grael ao A Seguir: Leia também: Axel Grael: “Parque da Lagoa vai mudar a relação do morador de Niterói com a cidade” — A Seguir Niterói (aseguirniteroi.com.br)

O jardim filtrante, natural e biológico, é o chamariz do projeto, que se traduz no esforço de despoluição da Lagoa, que sempre foi muito maltratada. Ainda há sim, alguns pequenos trechos de poluição e despejo de lixo, como garrafas pets e sacolas plásticas, mas em boa parte, é possível notar que a lagoa já se encontra em processo de despoluição.

O jardim filtrante usa recursos da natureza para despoluir as águas da Lagoa. Foto: Livia Figueiredo

Para os mais curiosos e aventureiros, vale circundar os jardins filtrantes para ver de perto os jacarés que, embora de aparência ameaçadora, marcavam calma presença na tarde desta sexta. Tudo que se ouvia dos funcionários da Prefeitura que davam os retoques finais da obra era a presença deles. Um dos funcionários já havia sinalizado: “Se você nunca chegou perto de um jacaré, hoje você está com sorte. Tem vários ali e alguns deles saem da lagoa. Tirei várias fotos hoje”.

O jacaré e sua presença tímida. Foto: Livia Figueiredo

Jardins filtrantes

Em paralelo, os jardins filtrantes carregam um pouco dessa filosofia. De deixar submerso uma riqueza de profundidade e recursos. Distribuídos em vários trechos do Parque, os jardins limpam as impurezas das águas pluviais e das três principais bacias hidrográficas que desaguam na Lagoa de Piratininga: Bacia do Rio Cafubá, Bacia do Rio Arrozal e Bacia do Rio Jacaré, devolvendo água de qualidade para a Lagoa de Piratininga.

Essa mágica toda funciona sem uso de produtos químicos ou consumo de energia. É interessante observar que, para além da sua função ecológica de despoluição, é formada ali uma paleta de cores de tons de verde e vinho/vermelho, que preenchem o lago apresentando um jogo de texturas que chama a atenção.

O que são os jardins filtrantes?

Conhecidos como wetlands, os jardins filtrantes são tecnologias baseadas na natureza para tratamento de águas efluentes e lodos e se destaca das demais por utilizar a vegetação como um dos elementos do sistema. Neste sistema as plantas “macrófitas” realizam a função de absorção de toda matéria orgânica, para sua alimentação (raízes), e realização dos processos fisiológicos a evapotranspiração (folhas), além de criar um ambiente dentro dos próprios jardins para o desenvolvimento de bactérias que realizam a quebra de partículas poluentes. Não há aplicação de agentes químicos artificiais ou microrganismos exógenos, além da recomposição vegetal da mata ciliar.

Esse jogo de texturas e cores ganha corpo com o movimento de aves que por ali transitam. Garças, patos, entre outros podem ser vistos por lá, sem muito esforço. Juntos, orquestram um espetáculo sonoro que já vale a visita. Importante notar que, embora o Parque Orla tenha sido construído muito próximo à vida urbana, quase não se ouve barulho de trânsito. Trata-se de um oásis no meio da desordem urbana, um recanto para fugir por alguns minutos ou horas. Um lugar de contemplação, para desafogar o pensamento, colocar a cabeça em ordem.

Flora e fauna

Quem gosta de pedalar estará bem servido. Há ali já construída uma ciclovia que percorre parte do Parque. Ela ainda será finalizada, mas já há um movimento bom de ciclistas transitando pelo parque. O mirante, avistado logo na entrada do Parque, dá uma dimensão de tudo que o espaço abarca de atrativo. As paisagens naturais, o sistema lagunar, o recanto dos jacarés, o rio do Tibau, os extensos jardins filtrantes, a diversidade de fauna e flora.

Parte da vista do mirante. Foto: Livia Figueiredo

De acordo com informações publicadas no site da Prefeitura, a Lagoa de Piratininga abriga uma comunidade de aves bastante significativa, cujas populações oscilam ao longo do ano. Assim podemos notar a presença de mais de 275 aves na Lagoa de Piratininga e nos arredores (Consórcio Parque Orla Piratininga – POP, 2018). A flora, por sinal, poderia estar melhor identificada. Para os leigos, pode ficar confuso distinguir os tipos de espécies sem placas de identificação. Mais instrutivo ainda seria se disponibilizassem mais informações sobre as características da vegetação.

No que diz respeito à flora local, é possível verificar espécies de Mata Atlântica e típicas de áreas úmidas que formam um sub-bosque. Essas árvores são importantes não só para a avifauna, como também para estabilização do talude e margens dos alagados de modo a evitar a erosão das margens e de parte do barranco escorra para dentro da área alagadiça.Todas as atrações citadas acima ficam localizadas bem próximas à entrada do parque, que ainda possui um equipamento de ginástica para a prática de exercícios, semelhantes aos encontrados em pracinhas, uma ciclovia, que ainda está em processo de conclusão, e uma quadra de futebol com grama sintética, além de brinquedos infantis. Além da variedade da vegetação, há também praças com bancos e uma grama boa para caminhar.

O projeto

De acordo com a Prefeitura de Niterói, o Parque Orla Piratininga foi planejado para proteger e recuperar os ecossistemas da Lagoa de Piratininga e o seu entorno, além de oferecer equipamentos de lazer. Sua área total é de 680 mil metros quadrados, incluindo as ilhas do Modesto, Pontal e do Tibau.

O investimento é de R$ 100 milhões. A previsão dada pela Prefeitura é que as obras do POP integram o Programa Região Oceânica Sustentável (PRO Sustentável) estarão totalmente finalizadas no segundo semestre deste ano.

Os últimos momentos da obra, para inauguração neste sábado (17). Foto: Livia Figueiredo

O parque tem jardins filtrantes, que auxilia na despoluição da Lagoa de Piratininga e já se tornaram residência oficial de pelo menos três jacarés; 2 mirantes; píeres de contemplação; 17 praças e 10,6 km de ciclovia que se integrará ao Sistema Cicloviário da Região Oceânica. A partir do bairro de São Francisco, por exemplo, o trajeto da ciclovia passa pelo Cafubá, próximo aos jardins filtrantes, e vai até o início do Tibau.

Confira todos os atrativos do parque abaixo:

  • 35.290 m² de Jardins Filtrantes,
  • 4 píeres de contemplação e 6 de pesca,
  • 10.6 km de ciclovia que se integrará ao Sistema Cicloviário da Região Oceânica,
  • 17 áreas de lazer,
  • 1 Centro Ecocultural com 2.800 m²,
  • 3 mirantes
  • 8,3 km de vias de tráfego misto.

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