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Neymar teria vaga na Copa do Mundo de 1970? E o Gérson, campeão daquele ano, seria titular no Catar? Essas foram algumas algumas questões abordadas pelo Canhotinha de Ouro, único niteroiense a marcar um gol em Copas do Mundo, durante “live” em seu canal no Youtube. A “resenha”, que varou a madrugada de terça-feira (8), foi ao ar poucas horas após o técnico Tite divulgar a lista dos convocados para o mundial.
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Gérson é da opinião que “Neymar não teria bola o suficiente” para ser titular na equipe que foi tricampeã do mundo há 52 anos. Na goleada por 4 a 1 contra a Itália, pela final da competição, o técnico Zagallo escalou cinco homens de frente: Pelé, Gérson, Jairzinho, Rivelino e Tostão. Os três primeiros, além do falecido Carlos Alberto Torres, marcaram os gols daquela partida.
Ao ser questionado se teria vaga na equipe principal de 2022, Gérson não pensou duas vezes ao garantir que, sim, estaria entre os 11 titulares. “Você acha que eu ia perder espaço para o Fred? Se eu perder para o Fred, vou ganhar de quem?”, ressaltou o ex-jogador de Flamengo, Botafogo, São Paulo e Fluminense.
Em quase duas horas de “resenha”, o ex-meia, conhecido por seus passes geniais dentro de campo, falou sobre expectativas, esquema tático, possíveis adversários e, principalmente, sobre os 26 jogadores convocados para buscar o sonhado hexa. A ausência do atacante Firmino, que estava no grupo de 2018 e vive bom momento no Liverpool, foi contestada, por exemplo.
– Não consigo entender porque Tite não levou o Firmino. Tudo bem que caiu o rendimento nos últimos meses, mas todo mundo sabe quem é ele. Eu tenho a impressão que ele não levou o Firmino para levar o Pedro, já que não levaria o Gabigol. Ele jogou com isso, sabendo que pode precisar de um cara alto e mais fixo no ataque. O Gabriel Jesus, por exemplo, também não vinha bem, mas ele resolveu chamar por conta do contexto – disse.
Expectativa para Copa
Com 81 anos e duas Copas do Mundo no currículo (66 e 70), além de uma Olimpíada (60), o Canhotinha de Ouro declarou estar otimista sobre um possível hexacampeonato. O Brasil não conquista o título mundial desde 2002, mas é tido como um dos favoritos para a disputa no Oriente Médio.
“Tem muita gente acreditando que o Brasil não passa da primeira fase, eu não estou entendendo essa falta de confiança. Não haverá facilidade, porque na Copa do Mundo não tem nada fácil, porque é tudo uma decisão. Mas eu acredito no título por conta dos homens de meio de campo e de frente. Se jogarem o que sabem, ninguém ganha, porque ninguém tem o que nós temos – ilustrou.
Para Gérson, um possível embate contra uma seleção africana seria mais complicado do que contra a Argentina.
“Pode ser que eu esteja enganado, mas se jogar essa seleção argentina contra a seleção brasileira, eu dou dois gols de vantagem para eles. Se jogar contra uma seleção africana, eu fico com um pé na frente e outro atrás”.
Nome que gerou grande insatisfação entre os torcedores, o lateral-direito Daniel Alves, atualmente com 39 anos e sem atuar pelo Pumas-MEX há quase dois meses, também foi contestado por Gérson. Para ele, o fato de Daniel ser o único lateral-direito de fato da lista deixa a situação mais complicada. Tanto Danilo, do Juventus, quanto Militão, do Real Madrid, atuam como zagueiros em seus clubes.
“Talvez se Tite tivesse convocado outro lateral, seja Rodinei, seja Marcos Rocha, seja Fagner, não houvesse essa cobrança toda. Por mim eu levaria o Rodinei, um bom lateral, forte, marca bem. Eu acho que teria que ter outro lateral por ali, para não contar com Militão chegando por ali se precisar, porque ele não é lateral, é quebra-galho, e não se quebra galho na seleção.
Adaptação para mim é furada. Militão é bom zagueiro, ponto. Não joga nada na lateral. Não tem o porquê de inventar. Se a lateral-direita sempre foi problema, por que não levar o Rodinei e sanar metade desse problema? Se o jogo vier pelas laterais, haja cobertura pelo meio de campo e pela defesa, porque as laterais são nosso ponto fraco”.
Outro nome que gerou discussão, mas por não estar entre os selecionados para o Catar, foi do atacante Gabriel Barbosa, o Gabigol, do Flamengo. Desde que chegou ao rubro-negro, no início de 2019, o atacante disputou 210 partidas e marcou 134 gols, além dos títulos que conquistou. O jogador tem uma média de 33 gols por temporada.
“Achei injusto o Gabigol não ser convocado, porque ele estava merecendo. Foi convocado algumas vezes, participou do ciclo pré-Copa do Mundo, foi muito bem no Flamengo. Mas é aquela questão do treinador. Tinha muitas opções. Não acreditei que ele fosse convocar Pedro e Gabigol, os dois, ao mesmo tempo, sempre achei improvável. Jogador por jogador, o Gabigol é muito mais jogador do que o Pedro, até tecnicamente, mas o Tite optou pelo Pedro, talvez por ser um jogador mais centralizado. É a mesma coisa que ele fez com o Firmino. Não dá para convocar todo mundo”.
A convocação do atacante Gabriel Martinelli, do Arsenal, surpreendeu. Até o craque Neymar, camisa 10 e principal jogador da seleção brasileira, demonstrou surpresa ao ouvir o nome do colega. Apesar de ter sido campeão olímpico em Tóquio, em 2020, o jogador disputou três jogos pela Seleção principal, todos vindo do banco, e todos neste ano. Na carreira, fez 33 gols.
“Talvez tenha vindo após o corte do Coutinho. Esse tipo de jogador, que não aparece muito, com certeza a comissão observou cada característica. Todos os brasileiros jogando na Europa foram observados por vários jogos. Houve conversas com treinadores e médicos dos clubes que defendem. Você não vai pegar um desconhecido e colocar aqui. Para estar na lista, alguém viu. A comissão é muito grande. O cara que entrou pode até não ser tão bom quanto outro, mas, pelo critério técnico e tático, o Tite achou mais importante levar um em vez do outro”.
“Para jogar aberto, temos Antony, Raphinha e Everton Ribeiro. Do outro lado, tem Vinicius Junior, Martinelli ou até Neymar, caso seja necessário. Ele pode empurrar um meia para lá, assim como o centroavante. De qualquer forma, ele tem jogadores com qualidade para mexer da forma que preferir, porque vai dar certo. Todo mundo sabe jogar, todos ali na frente. Não tem ninguém bobo e inexperiente, porque todo mundo joga na Europa, e joga bem.
Do meio para frente, a seleção é muito boa. Você pode jogar na base do contra-ataque, porque os caras são rápidos, ou do toque de bola, e quem vai comandar isso é o meio de campo. É só colocar a bola na frente e deixar os caras se virarem”.
“Tite poderia convocar o Scarpa, porque fez um ano espetacular no Palmeiras. Aí eu acrescento: e o Dudu? Que está há vários anos jogando bem e ninguém olha para ele? Paquetá não é armador, é ponta de lança. Ele foi puxado um pouco para liberar o Neymar. Paquetá já jogou, e jogou bem, como segundo homem de meio de campo, à frente do cabeça de área.
João Gomes (do Flamengo) pode ser convocado na próxima, por enquanto não. Eu discuto muito (sobre a convocação) do Fred. É um excelente marcador, mas, tecnicamente falando, não está à altura dos demais. Para Seleção brasileira, tem que ser muito bom. O Gérson (ex-Flamengo e atualmente no Olympique de Marseille) já esteve aqui, o Paquetá já esteve aqui. Ele é bom, briga, mas com a bola no pé, eu não vejo nada demais”.
Integrante do Grupo G da Copa do Mundo, o Brasil estreia daqui a 13 dias, no dia 24, contra a Sérvia, no estádio Lusail. Na segunda rodada, o o Canarinho encara a Suíça, no dia 28, no estáio 974. O Brasil encerra a participação na primeira fase contra os Camarões, novamente no estádio Lusail, no dia 2 de novembro.
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