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Museu de arte sacra de Niterói volta a abrir pós pandemia

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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São cerca de 100 peças expostas nos fundos da paróquia da igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Centro da cidade
museu arte sacra
A imagem de madeira de Nossa Senhora com suas cores originais após trabalho de restauração. Fotos: Sônia Apolinário

Após dois anos fechado por conta da pandemia, o único museu de arte sacra, em Niterói, voltará a abrir as portas para visitações. A partir de agosto, em todo primeiro domingo do mês, será possível ver de perto as cerca de 100 peças expostas  no salão que fica nos fundos da paróquia da igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Centro da cidade.

O espaço é ocupado por imagens, quadros, pratarias e tocheiros. Os objetos datam dos séculos 18, 19 e início do 20.  A peça mais preciosa é um relicário de prata que contém no seu interior o “Santo Lenho” – uma lasca de madeira que a Igreja Católica atribui como tendo sido da cruz onde Jesus Cristo foi morto.

A relíquia do museu

– Descobrimos essa peça um pouco por acaso, na época da abertura do museu. Um visitante levantou a suspeita que poderia ser um dos poucos relicários a conter o Santo Lenho. Levamos a peça para ser analisada pelos especialistas do Museu de Arte Sacra do Rio de Janeiro e foi constatado, ao abrir o relicário, que atrás do medalhão que continha a madeira, tinha os lacres do Vaticano intactos. Esse relicário, então, foi considerado como uma relíquia – explica Edenildo Sarmento de Andrade, mordomo da capela de Nossa Senhora da Conceição, que atuou como guia do museu para o A Seguir Niterói.

Outro destaque é a própria imagem em madeira de Nossa Senhora que é levada durante a procissão  em sua homenagem, em 8 de dezembro. A data celebra a figura da Virgem Maria. Nossa Senhora da Conceição é a representação de Maria, mãe de Jesus, celebrada em sua Imaculada Conceição, ou seja, livre da mancha do pecado original. A Imaculada Conceição é uma das festas mais importantes da religião católica.

 

A imagem data do século 16 e é originária de Portugal. Foi restaurada em 2016. Na época, tinha apenas duas cores: azul e branco. O trabalho restituiu as várias cores originais da peça, que estavam escondidas sob 11 camadas de tintas.

O museu foi criado em 2008 pelo então Prior Paulo Roberto Marcos Quintão. Após sua morte, em 2014, o espaço foi batizado com o seu nome. O atual Prior, Luiz Gonzaga Rodrigues, sonha em poder ampliar o trabalho iniciado pelo seu antecessor.

– Não somos propriamente um museu, mas uma sala de exposições. Niterói é fraca, em termos de arte sacra, porque a cidade não se preocupou em preservar as peças, o que é ruim. Na verdade, não somos culturalmente ligados à nossa história e conhecer a História é maravilhoso. Mas eu gostaria de conseguir adquirir mais peças e também um local maior para guarda-las. Aqui, tudo gira em torno de Nossa Senhora, mas eu gostaria de adquirir peças que englobasse todas as igrejas, todos os santos – afirma Rodrigues.

Ele observa que o museu foi criado justamente pelo fato do ex-Prior também ter sido um historiador. Até então, as peças estavam guardadas em vários locais da igreja, uma construção centenária – sua história remonta a 1663, quando começou a ser construída em um sítio oferecido pelos herdeiros de Martim Afonso de Souza, o Araribóia. Foi inaugurada em 1671.

Um dos quadros expostos no museu, por exemplo, foi feito a partir da foto mais antiga que se tem da igreja e seu entorno. No teto, outra pintura também é destaque: uma imagem de Nossa Senhora, que data de 1932, feita por Quirino Campofiorito.

Obra de Quirino Campofiorito adorna o teto

Como exemplo de como as peças sacras “viviam” até receberem o status de  obra de arte, o mordomo Andrade conta a história de uma pia de água benta que já foi usada para escorar o altar da igreja e, depois, como bacia por um sacristão que morava no local para alimentar as galinhas que criava.

Dentre as imagens expostas no museu, uma é de São João, em madeira, que data do século 18. Não é A imagem do padroeiro de Niterói, que se encontra na Catedral. Porém, essa mesma peça já esteve sob a proteção de Nossa Senhora, em sua “casa”.  Issso porque, de 1839 a 1854, a Igreja da Conceição foi sede e matriz da cidade e guardou em seu altar a imagem de São João Batista, levada em procissão para sua nova morada, no dia da inauguração da nova Catedral. Aliás, quem entra, atualmente, na igreja de Nossa Senhora da Conceição é “recebido”, primeiro, por São João – uma outra imagem do santo fica na lateral da entrada principal.

– São João foi embora, mas deixou representantes aqui conosco – brinca o Prior Rodrigues.

O Museu de Arte Sacra Prior Paulo Roberto Marcos Quintão poderá ser visitado todo primeiro domingo do mês, a partir de agosto, das 9h às 12h

Fora dessa data, agendamentos podem ser feitos pelo telefone (21)2717-0154 ou pelo e-mail igrejansdaconceicaodeniteroi@gmail.com

A igreja fica na Rua da Conceição, 216. O acesso pela entrada principal exige a subida de uma escada de 58 degraus. É possível chegar diretamente no museu pelo G3 do Niterói Shopping – algo que vários funcionários não sabem, mas placas feitas artesanalmente, colocadas pela igreja, indicam o caminho.

Uma visão de parte do museu

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