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Se já está difícil para o brasileiro manter as contas em dia com a inflação a dois dígitos e alta no preço dos alimentos, a situação pode ficar ainda mais complicada com o aumento de 50% também no preço do GNV e do gás encanado, previsto para janeiro de 2022. A Naturgy (antiga CEG) não confirmou o percentual, mas informou que a partir do próximo ano irá repassar ao consumidor o reajuste do gás comprado da Petrobras. Na próxima terça-feira (28), a Agenersa, agência reguladora do setor no Estado do Rio, realiza sessão para avaliar o tema.
– Se ficar acima de R$6 eu paro de rodar – lamentou Carlos Antonio, motorista de aplicativo, explicando que não compensa os altos custos do combustível com o que recebe:
-Não tem como continuar trabalhando assim, não dá lucro, fica inviável – acrescentou ele, que trabalha com o aplicativo como uma das fontes principais de renda.
A notícia do reajuste veio após a Petrobras estipular aumento de 50% nos contratos de longo prazo, com vigência de quatro anos, em chamadas públicas para negociações, segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
Nas bombas de abastecimento, o valor total do reajuste ainda é incerto, uma vez que depende do volume do contrato e da localidade. Mas para o consumidor, é mais custo que vem pela frente.
Roberto Girão, de 59 anos, aposentado e motorista de aplicativo, fez um desabafo.
– Não é só o combustível, está tudo muito caro. Você vai ao mercado e não consegue fazer uma compra direito: carne nem pensar, inviável. Agora o combustível que aumenta de novo. A conta não fecha.
Ele é motorista há 39 anos. São 35 anos de estrada como motorista de ônibus e três como motorista de aplicativo para complementar a renda. Ano que vem, ele faz 60 anos. Com mais um reajuste no GNV, não vê muita saída:
-“Se subir demais o preço, eu vou ter que largar e procurar outra ocupação.
Em nota, a Naturgy informou que abriu uma chamada pública para a contratação de gás natural para a CEG e CEG Rio e que a compra do suprimento visava ao atendimento do mercado cativo das distribuidoras, a partir de janeiro de 2022. A oferta pública, no entanto, não teve outras ofertas a preços e condições técnicas viáveis, tendo sido a Petrobras o único ofertante com condições de garantia de entrega.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que regula a concorrência no país, está acompanhando o tema, após ter sido acionado pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
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