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Morro das Andorinhas: autoridades ambientais acreditam em origem criminosa do incêndio

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Fogo, que levou 24h para ser controlado, atingiu 54 mil metros quadrados de vegetação; trilha pode ser reaberta ao público no sábado (14).
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O Mirante Itaipu, no Morro das Andorinhas, foi todo destruído. Foto: Inea

Cinquenta e quatro mil metros quadrados. Essa foi a extensão da destruição ambiental provocada pelo incêndio que atingiu o Morro das Andorinhas, em Itaipu, na noite de quarta-feira (11). Para o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a origem do incêndio foi criminosa.

O Morro das Andorinhas fica no Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), área sob administração do Inea.

“O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informa que guarda-parques, em apoio ao Corpo de Bombeiros, atuam incansavelmente desde o início da noite de quarta-feira (11) no combate aos focos de incêndio no Morro das Andorinhas, no Parque Estadual da Serra da Tiririca, em Niterói. Para garantir a segurança de seus visitantes, o Inea fechou  a trilha de acesso ao Morro das Andorinhas. Até o momento, o fogo já  consumiu 54 mil  metros quadrados de área desse local e a pasta ambiental acredita que a origem do incêndio foi criminosa”, informou o Inea por intermédio de nota.

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O fogo começou às 18h05, no Mirante de Itaipu. É o primeiro dos três existentes na área, onde se chega logo no começo da trilha que dá acesso ao topo do morro – um passeio turístico popular na cidade por ser caminhada de baixa dificuldade.

As primeiras labaredas foram vistas pelos pescadores, da praia de Itaipu, que deram o alarme. Na trilha, moradores flagraram quatro rapazes ateando fogo na mata. Eles fugiram em duas motos cujas placas foram registradas em um vídeo.

O começo do incêndio foi visto e registrado por pescadores da praia de Itaipu. Foto: reprodução

Graças a isso, a polícia conseguiu levar três deles para depor na  81 DP, na quinta-feira. Os jovens negaram ter colocado fogo na floresta. Alegaram que foram fazer um passeio na trilha, mas fugiram ao ver o fogo. Informaram, porém, que ao todo, o grupo do passeio era formado por oito pessoas, divididos em cinco motos.

As câmeras de segurança do Peset registraram a entrada e a saída do grupo.

Integrantes da administração do parque acreditam na possibilidade de um segundo local, mais para dentro da trilha, também como foco inicial do incêndio criminoso.

Isso explicaria a forma como as chamas se alastraram, uma vez que equipes de guarda-parques e cerca de 40 voluntários chegaram no foco inicial do incêndio em minutos e iniciaram o trabalho de abafamento das chamas, enquanto os bombeiros estavam a caminho. Primeiro, chegaram ao local integrantes do quartel de Itaipu que depois receberam reforço do quartel de Charitas.

O duelo contra as chamas foi feito ao longo da madrugada. O incêndio foi controlado 24h após seu início.

É verdade que a vegetação estava seca e havia algum vento na hora do incêndio, o que ajuda na sua propagação. Se a hipótese de ação criminosa é unanimidade entre autoridades ambientais e moradores de Itaipu, da mesma forma é a pergunta que está ainda sem resposta: qual a motivação? Levando-se em conta as queimadas gigantescas que estão acontecendo em todo o país, motivação política é uma das hipóteses que está sendo considerada.

Não foi a primeira vez que a vegetação do Morro das Andorinhas queimou por conta de ação humana. A mais recente, antes do grande incêndio, aconteceu em 7 de agosto, por conta de um balão que caiu na mata. O fogo só pode ser contido com apoio do Corpo de Bombeiros por ser o local onde caiu o balão de difícil acesso.

A queda de um balão provocou incêndio no Morro das Andorinhas no dia 7 de agosto. Foto: Inea

O incêndio de agora destruiu vegetação rupestre, típica de costão rochoso, além de Mata Atlântica intermediária. Os 54 mil m2 de área destruída representam bem menos da metade da área do Morro das Andorinhas, mas pegou em grande parte a extensão da trilha, imediatamente fechada. A atração, porém, pode voltar a ser aberta ao público no sábado (14) se os bombeiros informarem para a administração do Peset que não há mais focos de incêndio em trabalho de rescaldo.

O Morro das Andorinhas é uma elevação alongada de 2,6 km de extensão e 196 m de altitude que avança sobre o mar, dividindo as praias de Itaipu e Itacoatiara.

A caminhada pela sua  trilha tem como ponto de partida o nº 1.093 da Rua da Amizade. É um passeio por dentro do Parque Estadual da Serra da Tiririca, criado em 1991, situado entre os municípios de Niterói e Maricá. O Peset foi a primeira unidade de conservação criada no Estado do Rio de Janeiro.

Depois do mirante de Itaipu (ou Pitangueira), encontram-se os mirantes Região Oceânica e Itacoatiara – este, o principal do Morro das Andorinhas, praticamente virado para o cartão-postal do parque. De lá se vislumbra a Praia de Itacoatiara, o Costão de Itacoatiara (Morro do Tucum), a Pedra do Elefante (Alto Mourão), a Pedra da Solidão, o Morro do Telégrafo e a continuação da alongada Serra da Tiririca.

É beleza natural de tirar o fôlego.

A vista da praia de Itacoatiara do alto do Morro das Andorinhas. Foto: reprodução

Política municipal

Candidata à prefeitura de Niterói,  Talíria Petrone (PSOL) valeu-se do seu cargo de deputada federal para acionar órgãos nacionais de preservação do meio ambiente sobre o incêndio do Morro das Andorinhas, em Itaipu.

Nesta sexta-feira (13), ela enviou ofícios para a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima Marina Silva; o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Tutela Coletiva do Meio Ambiente e do Urbanismo, do Ministério Público do Rio de Janeiro, sobre as queimadas ocorridas em áreas de preservação, em Niterói. A parlamentar é coordenadora do GT do Clima da Frente Ambientalista e acredita que há “indícios de que as queimadas sejam criminosas”:

– Nesta semana, um incêndio atingiu a região de mata no topo do Morro das Andorinhas, em Itaipu, Região Oceânica de Niterói. Um morador filmou a ação de motoqueiros jogando sacos com supostos materiais inflamáveis e na sequência surgiram os focos de fogo – observou Talíria Petrone lembrando que outro incêndio atingiu vegetações no Morro dos Macacos e no Parque Estadual da Pedra Branca, no Rio de Janeiro, na última quarta-feira (11).

– É preciso uma rigorosa investigação dos acontecimentos num momento em que se identificam focos de incêndios criminosos em vários estados do país, ocasionando destruição de mata nativa, morte de animais, piora significativa da qualidade do ar e impactos e riscos à saúde da população – afirmou a parlamentar.

 

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