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O jornalista e escritor Luiz Antonio Mello, criador da Rádio Fluminense FM Maldita, morreu, aos 70 anos, em Niterói. Ele teve uma parada cardíaca estava internado no Hospital Icaraí por conta de uma pancreatite. As informações são do jornal A Tribuna, onde atuava como repórter colunista.
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Uma parte da sua vida foi retratada no filme “Aumenta que é rock’n’roll“, lançado no ano passado. O longa conta a história da criação da Rádio Fluminense FM, a Maldita, que se tornou a impulsionadora do movimento do rock nacional dos anos 1980.
Dentre as bandas que a rádio ajudou a lançar estavam Blitz, Os Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Legião Urbana. O jornalista dirigiu a rádio pela primeira vez entre 1982 e 1985 — ano em que Blitz, Barão e Paralamas tocaram no Rock in Rio inaugural e a Legião lançou seu primeiro LP.
Em maio de 2022, Mello conversou com o A Seguir, e lembrou de momentos icônicos da rádio e destaca alguns pontos que contribuem para a sua relevância até os dias atuais. Confira.
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Nascido no Rio de Janeiro, mas apaixonado por Niterói, Mello também atuou como produtor musical. Ele começou sua carreira em 1971 no “Jornal de Icaraí”, de Niterói e, no ano seguinte, passou a trabalhar na Rádio Federal – primeira emissora no Brasil dedicada a jazz, blues, rock e MPB alternativa – nas funções de programador, produtor e redator musical.
De lá, foi para o departamento jornalístico da Rádio Tupi, trabalhando ainda na Rádio Jornal do Brasil e no jornal “Última Hora”.
A Maldita surgiu em 1981, quando ele montou, juntamente com Samuel Wainer Filho, um projeto para a rádio Fluminense FM, também em Niterói. Em 1985, Mello deixou a rádio para participar da implantação da Globo FM. Trabalhou ainda como crítico musical em vários programas de televisão.
De 1985 a 1990 foi consultor de marketing do departamento internacional da gravadora Polygram, responsável pelas campanhas de lançamento de álbuns do Dire Straits, Tears for Fears, Jimi Hendrix, Supertramp, Janet Jackson, Eric Clapton e outros 82 artistas.
Foi responsável pelo lançamento da gravadora Windham Hill Records no Brasil (label norte-americano líder mundial em new age music) e do projeto Música dos Anos 1990 da Warner Music.
Em 1986 foi para a Rede Manchete, onde dirigiu aproximadamente 200 musicais internacionais.
Como produtor musical, trabalhou nos discos de Celso Blues Boy (“Som Na Guitarra”) e de Antônio Quintella (“Araribóia Blues”, “Os Intocáveis”), coletâneas do The Who, Jimi Hendrix e na série “On The Road”, entre outros.
Assumiu em 1989 a presidência da Funiarte (Fundação Niteroiense de Arte). Nos anos 1990, coordenou um projeto chamado “Música dos Anos 90”, pela gravadora Warner Music. Mello foi colunista de vários jornais do país, de “O Pasquim” ao “Jornal do Brasil”, passando p ela “Folha de Niterói”.
Dentre os livros de sua autoria estão “Nichteroy, Essa Doida Balzaka” (1988), “A Onda Maldita” (1992) e “Torpedos de Itaipu” (1995).
A Fluminense FM – A Maldita deu início uma mudança radical no meio radiofônico e musical brasileiro, com uma locução exclusivamente feminina, sendo a locutora Selma Boiron a responsável pela inauguração da rádio.
A rádio ocupou o dial que era anteriormente da Rádio Difusora Fluminense, que iniciou os trabalhos dez anos antes.
Com a reformulação, em meados de 1981, chegaram à equipe os radialistas de ponta Amaury Santos e Sérgio Vasconcellos, que eram comandados pelo jornalista Luiz Antonio Mello, todos beirando os vinte e poucos anos.
De início, Mello seria responsável por apenas um programa, que teria o nome de Rock Alive, mas conseguiu não somente ser aprovado, como também transformar o dial em uma rádio 24 horas dedicada ao rock.
Dando oportunidades para bandas novas que surgiam no cenário nacional, a Maldita ajudou a escrever um capítulo importante na história do rock brasileiro. Mesmo sem anunciantes, a rádio se manteve no ar por duas décadas.
O jornalista e comentarista do programa Estúdio I, da Globo News, Arthur Dapieve afirmou em um perfil de sua rede social que não haveria rock brasileiro tal como o conhecemos (e apreciamos) sem um punhado de pessoas, além dos artistas.
“Luiz Antônio Mello era uma delas, era um gigante. Ele agora é eterno, assim como a Fluminense FM que fundou.”
O professor, presidente da Embratur e ex-deputado federal e estadual Marcelo Freixo também lamentou sua morte:
“Hoje perdemos o querido Luiz Antônio Mello, o LAM, jornalista, fundador da saudosa Fluminense FM, a Maldita, que teve papel fundamental para o rock brasileiro nos anos 80. Foi através da rádio que eu e tantos milhões ouvimos pela primeira vez Barão Vermelho, Legião Urbana, Paralamas, Titãs e tantas outras bandas que marcaram minha geração. Meus sentimentos aos familiares, amigos e toda a turma do jornal A Tribuna, onde era editor desde 2021”.
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