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Morre Ilton Lopes, o criador do Candongueiro em Niterói

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Conhecido como Ilton do Candongueiro, o músico morreu aos 77 anos, vítima de um AVC. Ele criou a tradicional casa de samba há 30 anos
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Ilton tocava pandeiro nas rodas de samba. Foto: reprodução internet

Criador do Candongueiro, uma das mais tradicionais casas de samba do Rio de Janeiro, o músico Ilton Lopes Mendes morreu vítima de um AVC, aos 77 anos, no último sábado (1).  Referência cultural de Niterói, o Candongueiro foi criado há 30 anos, no quintal da casa em que Ilton morava com a esposa Hilda e o filho Ivan, no Rio do Ouro.

Ilton Mendes entre o compositor e cantor Nelson Sargento (E) e o radialista Rubem Confeti. Foto: arquivo Candongueiro

Há muitos anos, ele devotava total fidelidade ao pandeiro, instrumento que, reza a lenda, passou a tocar por determinação de Clementina de Jesus. Até então, Ilton tocava surdo no Vissungo, grupo de samba do qual fazia parte, na juventude.

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O tom do Candongueiro sempre foi dado por Ilton. Músico, ao se mudar para a casa “na roça”, praticamente sem vizinhos, ele começou a tocar  no quintal e a convidar amigos para acompanha-lo. No repertório, só samba “raiz” ou cantigas afros.  Antes de se tornar o Ilton do Candongueiro, era conhecido como “O branco”, por ser praticamente o único branco no meio de músicos negros.

Para receber melhor os amigos, ele construiu um quiosque de sapê. O sucesso dos encontros no quintal fez com que ele começasse a planejar  a ampliação do lugar para receber o público. Comprou um terreno ao lado da sua casa e criou o terreiro que transformaria no Candongueiro.

Lá nunca teve espaço para pagode ou “samba moderno”. Foi no berço da tradição que o lugar se criou. Baluartes da Velha Guarda das escolas de samba, Beth Carvalho, Wilson Moreira, Lei Lopes, João Nogueira, Zé Keti e Aniceto do Império foram alguns dos artistas que se apresentaram na casa. Muito dessa memória está preservada em fotos emolduradas e penduradas pelas paredes do local.

Outro recado que Ilton sempre fez questão de dar para o público que fosse  à casa tinha conotação política. O espaço mais largo do terreno foi batizado Praça Che Guevara e fotos desse líder da revolução cubana ajudam a compor a decoração do lugar. Também era comum ver bandeiras como do Movimento Sem Terra (MST) tremulando pelo pátio.

Quando se mudou com os pais para a casa que se tornaria o Candongueiro, Ivan Mendes tinha 5 anos. Agora, aos 38, toca, clarinete e percussão. É um dos integrantes da roda do Candongueiro e nos últimos anos vinha ficando mais à frente da administração do local que chegou a fechar em 2017, mas foi reaberta no final do ano passado e resiste como endereço do samba em Niterói.

 

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