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Moradores da Região Oceânica protestam contra trânsito caótico e lagoas poluídas

Por Redação
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Em resposta, Prefeitura encaminhou lista de realizações e projetos para a região
manifestação camboinhas
A manifestação aconteceu no domingo (23) com uma caminhada entre Piratininga e Camboinhas

Para chamar a atenção para o trânsito caótico, principalmente nos finais de semana de sol, e para a poluição das lagoas que recebem despejo de esgoto, moradores da Região Oceânica de Niterói fizeram uma manifestação neste domingo (23).

Com o apoio de entidades como a Associação de Moradores e Amigos de Piratininga (Amapi), a manifestação começou às 10h, na Praça do Toboágua, em Piratininga, e seguiu  até o trevo de Camboinhas.

Uma das fundadoras do grupo de whatsapp Camboinhas Melhorias, Aline Araújo, afirma que ninguém consegue sair do bairro, nos finais de semana, em função dos engarrafamentos. Segundo ela, a situação se agravou ainda mais, nos últimos meses, com a construção da ciclovia Tamandaré, na Avenida Almirante Tamandaré, que reduziu para apenas uma faixa de veículos o trecho entre os trevos de Camboinhas e Piratininga.

– Não dá para ficarmos quietos diante de tantos problemas. São reivindicações feitas há anos, inclusive em audiências públicas, mas sem retorno. Vemos avançando projetos da Prefeitura sem sermos ouvidos e o resultado são obras que estão trazendo um verdadeiro caos para a vida dos moradores e comerciantes – diz Aline Araújo, que fundou, há quatro anos, o grupo de whatsapp  para mobilizar moradores do bairro.

Sobre a nova ciclovia, Luis Mendonça, o Luiz Pescador ,que mora na região desde que nasceu, há 53 anos, diz não entender porque foi construída se já existe uma outra às margens da lagoa de Piratininga, onde a Prefeitura está fazendo o projeto orla.

– Não dá para entender duas ciclovias, uma delas prejudicando ainda mais o trânsito. Além disso, de que adianta esse projeto orla às margens da lagoa com esgoto a céu aberto, com mortandade de peixes com frequência? Para funcionar tinha que começar pela recuperação das lagoas que foi, até alguns anos, o sustento de muitas famílias, como a minha – afirma Luis que aprendeu a ser pescador, aos 7 anos, com o pai e, atualmente, faz biscate para completar a renda da pesca.

Há dois anos, moradores criaram uma comissão pela luta de melhorias para Camboinhas e Piratininga que participa das audiências públicas municipais. Além disso, tem intermediando encontros com representantes de órgãos da Prefeitura de Niterói e do Governo do estado, como o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), para tratar especialmente da degradação das lagoas de Piratininga e Itaipu e do canal de Camboatá.

 

De acordo com Alexis Japiassu, também morador da Região Oceânica e presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Niterói (Sindleste-RJ, com competência em 20 municípios do estado), a falta de planejamento urbanístico e viário, nos últimos dez anos, vem afetando fortemente a geração de empreendimentos e empregos na região:

– Estamos enfrentando um esvaziamento, pois muitos desistem da região por conta do trânsito caótico. As pousadas estão sentindo muito devido ao engarrafamento no horário de retorno, no domingo, e os restaurantes e bares em Piratininga e Itaipu estão perdendo faturamento. Tudo isso reflexo de problemas gerados por obras definidas sem consulta à sociedade, como a cliclofaixa que tem trechos à beira da lagoa que não passam duas bicicletas juntas e as vias de acesso ao Cafubá, que põe em risco a vida dos motociclistas que já são mais de 30% da frota de veículos. Falta a discussão democrática com representantes das comunidades e categorias. Nossa instituição mesmo nunca foi chamada pela Prefeitura – afirma.

Leia mais:  Grupo S.O.S Lagoa faz ato em frente à Prefeitura de Niterói

O que diz a Prefeitura

Em resposta a essa reportagem, a Prefeitura de Niterói enviou ao A Seguir Niterói uma listagem de realizações que vem fazendo, desde 2013, na Região Oceânica. Nenhuma delas trata especificamente dos engarrafamentos, por exemplo. Porém, o informe aborda uma providência que está para ser tomada:

“A Prefeitura de Niterói pretende lançar, ainda neste primeiro semestre, o edital para a remodelação da entrada de Camboinhas. Será construída uma nova rotatória, abrindo espaços para lazer, além de um bicicletário, um parque de cachorros e uma praça. No local também será instalado um ponto de ônibus, que permitirá que o morador de Camboinhas siga até a rotatória de bicicleta, estacione no bicicletário e embarque no ônibus ali mesmo. Aos poucos, todas as ciclovias serão integradas. A nova rotatória também estará ligada a um dos dois principais acessos ao Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis. O valor global da obra previsto no edital será de R$16,5 milhões. O prazo de conclusão será de 12 meses após o início das obras”.

Na sua resposta, a Prefeitura não mencionou as questões levantadas pelos moradores da região relacionadas especificamente com a ciclovia da Avenida Almirante Tamandaré. Afirmou, porém, que modificações do traçado de ciclovias na orla de Piratininga foram feitas “após várias reuniões e processos de escuta com moradores e representantes de associações” do bairro.

Sobre a poluição do sistema lagunar da região, diz o informe:

“A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Niterói, em parceria com a concessionária Águas de Niterói, intensificou a fiscalização das casas que não estão ligadas à rede de esgotamento sanitário, contribuindo para a diminuição do lançamento de efluentes sem tratamento nas lagoas. Mais de 1,5 mil imóveis da Região Oceânica já tiveram sua ligação na rede de esgoto vistoriada pela Prefeitura de Niterói, por meio do programa Ligado Na Rede”.

De acordo com o informe, as lagoas de Itaipu e Piratininga “são de responsabilidade do Governo do Estado”. Mesmo assim, afirma que “desde 2013, a Prefeitura vem se mobilizando e traçando o planejamento de soluções definitivas e concretas para o sistema (lagunar)”.

A Prefeitura informa que o Parque Orla de Piratininga Alfredo Sirkis (POP), com conclusão prevista para setembro de 2022, “vai implantar soluções inovadoras, usando a própria natureza para proteger e recuperar os ecossistemas da Lagoa de Piratininga e o seu entorno; recuperar a qualidade ambiental de suas águas, além de fomentar a atividade pesqueira e abrir espaços multifuncionais de lazer para a população”. O investimento no POP, de acordo com a Prefeitura, é de R$ 60 milhões.

 

 

 

 

 

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