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Em Várzea das Moças, uma área dentro do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), de cerca de 5 mil metros quadrados, foi a que mais recebeu visitantes, em 2022. Trata-se do Monte das Orações. O local recebeu 182.576 fiéis. Em segundo lugar ficou o circuito Costão-Bananal, que atraiu 44.118 pessoas e, em terceiro, o Morro das Andorinhas, com 19.544 visitantes.
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A grande peregrinação religiosa, feita no local a qualquer hora do dia e da noite, tem aberto clareiras no parque e já resultou em um inquérito instaurado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. O objetivo é fazer com que o poder público estabeleça ordenamento para a visitação.
Nesta quinta-feira (7), mais uma ação de plantio de mudas nativas para “fechar” clarões foi feito por iniciativa da Associação de Preservação Ambiental de Várzea das Moças (Preserv). Contou com a participação de agentes do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e alunos do colégio Colabore, que fica literalmente em frente à entrada do Morro das Orações.
– Há cerca de 25 anos, religiosos, principalmente evangélicos, começaram a entrar no parque para fazer orações. O local foi adotado por eles como sagrado. Além de rezar, cantar e queimar pedidos fazem parte do ritual. O parque estava sendo danificado. Chegamos a criar três locais para queima de pedidos. Mas é preciso ordenar essa visitação. Não se trata de proibir, de forma alguma, mas ordenar, inclusive, as idas noturnas. Fazem muito barulho durante a madrugada – informou Sydney Castro Faria, presidente da Preserv.
Em setembro passado, em audiência no MPRJ, ele apresentou algumas sugestões: instalação de uma guarita e banheiros, estabelecimento de normas para uso inclusive com definição de horário de visitação e ordenamento do estacionamento – é comum grupos chegarem em vários ônibus que param, inclusive, no meio da rua.
Da audiência também participaram representantes do Inea, Secretaria municipal de Meio Ambiente e Nittrans.
– É preciso que o local tenha a presença física do poder público. O problema é antigo e rola um jogo de empurra entre o Inea e a Prefeitura para resolver o ordenamento do local. O uso da forma como está sendo feito hoje está ganhando uma proporção muito grande – explicou Faria.
O circuito do Monte das Orações é formado por três estágios, a partir da rua Marino Nunes Vieira. O primeiro fica a 30 metros da calçada; o segundo, mais 30 metros para dentro da mata; o topo se atinge após uma subida de 200 metros.
Atualmente, o caminho já conta com alguma sinalização. Por mais de uma vez, a Preserv fez palestras para conscientização dos fiéis para a necessidade de um uso ordenado do local. A principal estratégia usada, segundo Faria, foi utilizar versículos bíblicos para falar sobre a importância de se preservar o meio ambiente e não deixar lixo no local.
A “cereja” do bolo dessa situação é o fato dessa área do Monte das Orações ser, originalmente, particular. Foi desapropriada pelo Inea quando da criação do Peset, há 32 anos. Pertence a uma incorporadora que iria construir um condomínio no local e ainda cobra pelo recebimento da indenização.
Foi em 2017 que o MPRJ instaurou um inquérito relacionado com o Monte das Orações por entender que há uma omissão do poder público no seu ordenamento. À frente do processo está a Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Meio Ambiente do Núcleo Niterói que, à época, tinha como promotor titular Luciano Mattos. Ele, ao se tornar Procurador-Geral de Justiça do MPRJ, foi substituído por Leonardo Cuña de Souza, que dá prosseguimento ao caso.
De acordo com Faria, os horários de maior movimento, no Monte das Orações, são domingo pela manhã e segunda-feira à noite. Porém, segundo ele, todos os dias há movimentação de fiéis no local. Os frequentadores são moradores da cidade, de São Gonçalo, de Maricá e até outros municípios mais distantes de Niterói.
– É um local muito conhecido no meio evangélico – disse Faria.
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