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Rajadas de ventos de até 100 Km, queda de temperatura e ressaca com ondas que podem chegar a 5 metros de altura. É nesse “clima” que ficará a cidade de Niterói do final da manhã de quinta-feira (19) até a madrugada de sexta-feira. A informação é do meteorologista e professor da Universidade Federal Fluminense Marcio Cataldi.
Ele explicou que é um ciclone “muito grande, forte e atípico” que provocará esse quadro. Esse ciclone extra tropical se formou no final de semana passado no Rio Grande do Sul. Nesta quarta-feira (18), ele se encontra no litoral de Santa Catarina e na quinta-feira chega às águas fluminenses. De acordo com Cataldi, o ciclone vai passar a cerca de 200 Km da costa do Rio de Janeiro.
– Como é um ciclone grande, vai provocar ventos de 60 a 70 Km de velocidade com rajadas podendo ultrapassar 100 Km. Junto com o vento, o ciclone trará chuvas para Niterói. Além disso, ele vai empurrar uma massa de ar polar que vai levar frio para todo o país, até o Acre – informou o meteorologista.
Segundo Cataldi, esse ciclone tem 10 Km de altura e um raio entre 400 e 500 Km. Ciclones estão um “degrau” abaixo dos furacões. No Brasil, mais precisamente na região Sul, ciclones ou tornados são relativamente comuns – ocorrem cerca de 60 deles, por ano.
Ele explicou que a origem desse ciclone atípico pode ser atribuído a muitos fatores como, por exemplo, ao fenômeno La Niña, que provoca um resfriamento das águas do oceano Pacífico equatorial e ao aquecimento das águas do oceano Atlântico Sul, que já perdura por mais de 10 anos.
– O planeta está desequilibrado. Nós precisamos nos preparar para lidarmos com extremos climáticos mais frequentemente. Já sabemos sobre a relação entre urbanização e efeito estufa e, cada vez mais, as pessoas dão atenção para nossos alertas. Porém, ao mesmo tempo, há uma onda de desconstrução do discurso que associa a ação do homem às questões climáticas que vem sendo promovido pelo governo federal – comentou Cataldi que informou que, neste momento, há estudos sendo feitos para entender as atuais temperaturas “atipicamente altas” na região central do país.
Sobre a recente chuva de granizo em Niterói, ele informou que o fenômeno foi provocado por um tipo de nuvem (chamada de supercélula) que, por pouco, poderia ter dado origem a um tornado.
Meteorologista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do curso de Engenharia de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Universidade Federal Fluminense (UFF), Cataldi alertou para a “profusão de bobagens” que circularam pela Internet, nos últimos dias como um áudio que afirma que as temperaturas chegarão a – 15 graus. A temperatura vai cair, sim, mas para 14, 15 graus na quinta-feira, podendo chegar até 12 graus, em Niterói.
Em relação à ressaca, Cataldi explicou que foi a Marinha que emitiu o alerta. Segundo ele, o fenômeno promete ser uma das maiores ressacas dos últimos tempos.
– Vai ficar perigoso até para surfista. Espero que as pessoas acreditem e não cheguem na praia, principalmente, entre quinta e domingo. Não serão bons dias para pegar a barca e nem passar pela ponte Rio-Niterói – observou.
Para encarar o vento forte, dentro de casa, Cataldi orientou que o melhor é fechar bem todas as janelas. Porém, se observar que estão tremendo muito, o melhor é abrir um pouco, lembrando que objetos que estão perto da janela podem “voar”.
As pessoas estão levando mais a sério as previsões meteorológicas e climáticas feitas pelos meteorologistas?
– O avanço do conhecimento está melhorando bastante as previsões, mas ainda existem e sempre vão existir erros, justamente porque são previsões relacionadas com um sistema complexo e não linear como é a atmosfera. Quando eu estava na graduação, por exemplo, eu tinha que explicar o tempo todo que eu não estava estudando astrologia – contou Cataldi que, sim, é sempre abordado pelas pessoas que sabem que ele é meteorologista em busca de previsões para seus dias.
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