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Não bastasse as obras de drenagem pluvial, que provocam alagamentos e até enchentes em dias chuvosos, os moradores do Engenho do Mato, em Niterói, agora enfrentam uma nova adversidade relacionada à saúde pública. O posto do Programa Médico de Família (PMF), que atende exatos 14.319 moradores da região, foi interditado no último dia 2 de janeiro, devido à falta de manutenção e problemas estruturais no prédio.
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De acordo com o diretor de assuntos jurídicos da Associação dos Servidores da Saúde de Niterói, José Ricardo Lessa, a unidade “está num processo avançado de deterioração“, que se agravou em novembro de 2022 com o estufamento dos pisos após o período de chuva. Ainda segundo ele, a situação ficou insustentável com o desabamento do teto da unidade.
– Não é só essa unidade de saúde, posso afirmar categoricamente que todas as unidades de saúde de Niterói estão em situação física de absoluta deterioração. Mas as que se evidenciam são as que acabam desabando uma parede ou teto; acontece curto-circuito, entre outras coisas – ressaltou.
O presidente da Comissão Permanente de Saúde e Bem-Estar Social da Câmara Municipal, Paulo Eduardo Gomes (PEG), do PSOL, realizou uma vistoria no espaço na quinta-feira (12) e também constatou que as chuvas da semana passada provocaram uma inundação no local, que já estava fechado. Ainda segundo o vereador, o piso desabou, especialmente na sala de vacinação.
– Estava impraticável trabalhar e ser atendido lá – afirmou.
Esse posto do Médico de Família sofre com a falta de conservação e fechamentos temporários desde janeiro do ano passado, pelo menos. Na época, o A Seguir já relatava as condições precárias de funcionamento do local. Entre os problemas observados, estavam paredes despencando e goteiras causadas pela infiltração. O edifício também foi fechado por falta de energia.
Em nota encaminhada à reportagem, a Fundação Estatal de Saúde (FeSaúde) informou que a equipe de manutenção tem feito visitas periódicas à unidade. Justificou, ainda, que a interdição foi necessária para a realização de obras estruturantes. Por fim, afirmou que o posto passará por reformas.
– O processo está em fase final para licitação e deve ser concluído em fevereiro. A projeção é de que a obra dure quatro meses – relatou.
Ainda segundo a FeSaúde, os atendimentos não foram interrompidos e estão sendo feitos, de forma temporária, na Segunda Igreja Batista de Itaipu, a cerca de 900 metros do posto.
O espaço foi cedido em comodato, sem cobranças, e todos os materiais e estrutura necessários para a assistência médica, exceto os que envolvem a sala de vacinação, já foram transportados para o templo religioso. A FeSaúde arca apenas com o pagamento das despesas de água e energia do imóvel.
Entretanto, uma nova solução terá que ser encontrada. O pastor Eliézer Mancebo já estipulou um prazo para o retorno dos cultos: 5 de fevereiro. Ou seja, a igreja deve ser desocupada pelo posto médico, no máximo, até o dia 4 do próximo mês.
Além disso, José Ricardo Lessa pontua que a realocação da unidade numa igreja, embora esteja em ótimo estado de conservação, gera prejuízo no atendimento, simplesmente porque são inadequados.
– A realocação da unidade numa igreja gera prejuízo no atendimento porque os pré agendamentos são cancelados. O espaço, embora fisicamente melhor, são inadequados. Ademais, a instalação de sistemas que permitam o acesso aos prontuário fica absolutamente prejudicado. Na visita, pudemos constatar, por exemplo, que o atendimento estava acontecendo sem a anotação nos prontuários dos usuários – observou o jurista – Não há dúvida que faltaram investimentos nos últimos quatorze anos na estrutura das unidades de saúde. Para onde foi o dinheiro da saúde, não sabemos – concluiu.
Na corrida contra o relógio, a FeSaúde comunicou que “estuda um novo local de atendimento até que as obras sejam concluídas”, sem dar maiores detalhes.
Diante do impasse, a Comissão de Saúde da Casa Legislativa sugeriu levar os atendimentos à Fundação Leão XIII, gerida pela Secretaria de Assistência Social do Estado.
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