COMPARTILHE
No dia 30 de dezembro, o ainda deputado federal fluminense, Marcelo Freixo, entregou sua carta de desfiliação do PSB pessoalmente ao presidente da sigla, Carlos Siqueira. Agora, ele confirmou que vai retornar ao Partido dos Trabalhadores (PT), onde esteve entre 1986 e 2003 e saiu por divergências internas. “Em breve meu ingresso no PT será oficializado”, disse, por meio das redes sociais.
Leia mais: Dada a largada para as eleições municipais de 2024
Freixo havia se filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), em junho de 2021, para disputar o Governo do Rio. Após a derrota para o bolsonarista Cláudio Castro (PL), nas urnas, ele se dedicou à campanha de Lula (PT) no estado, onde é seu domicílio eleitoral. Depois, fez parte da equipe de transição na área do Turismo. Na última semana, foi indicado pela ministra Daniela Carneiro (União) para presidir a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).
Em entrevista ao jornal O Globo, Freixo explicou que a mudança se dá por insatisfações com a antiga legenda, destacando a relação difícil com o presidente da sigla no Rio, Alessandro Molon. “O PSB foi para um lugar em que eu não me enxergo mais”, afirmou. Além disso, o parlamentar vislumbra o PT como único partido capaz de liderar alianças para derrotar o bolsonarismo, nas próximas eleições, em 2024, de âmbito municipal. Freixo já foi candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, em 2016, mas perdeu a disputa para Marcelo Crivella (PRB).
– Preciso estar num lugar que tenha construção partidária, coisa que não teve no PSB. Um lugar que tenha trabalho de base. Era o que eu queria fazer no PSB, mas não foi possível, não era esse o projeto. Minha conversa com o PT é para fazer esse processo de formação política e construir uma frente democrática ampla liderada pelo partido onde eu possa ajudar – afirmou.
De acordo com o parlamentar, a decisão para deixar o PSB se deu logo após a derrota nas eleições, em meados de outubro. Porém, para não passar a imagem de que estaria indo para o PT para “ganhar ministério”, decidiu esperar a transação ser concluída. A carta de desfiliação foi entregue após a escalação final da Esplanada dos Ministérios do governo Lula.
Com nomes do PSB como Flávio Dino, Márcio França e o vice-presidente Geraldo Alckmin na fila para compor o governo, ele diz que desde o início de seus trabalhos no grupo de transição do Turismo sabia que suas chances para conquistar um ministério eram quase “impossíveis”.
Freixo e Molon disputam o protagonismo na esquerda fluminense e vivem em clima de “guerra” há anos. Durante a corrida eleitoral, de outubro de 2022, os ex-correligionários tiveram divergências em relação à candidatura do partido ao Senado.
Apoiado por Lula e pelo PT ao governo, Marcelo Freixo foi contra o PSB e defendeu o apoio ao deputado estadual André Ceciliano, também do PT, para o Congresso, enquanto Molon bateu o pé e se candidatou à vaga, apesar do acordo nacional entre as legendas.
O entrave barrou uma aliança entre as siglas no Estado. Assim, o vencedor do pleito foi o senador reeleito Romário (PL), com 36,15% dos votos. O pessebista ficou em segundo, com 26,26%. Já Ceciliano terminou em quinto, com 14,96%.
A pasta que era visada por Freixo acabou indo para Daniela Carneiro (União), nome de um partido fora da aliança de campanha do PT. Resignado, o deputado diz entender que a divisão dos cargos faz parte da composição partidária que dará sustentação ao governo Lula. A Embratur, que irá chefiar, fica vinculada ao Turismo.
Mesmo após vir à tona que Daniela fez campanha com um miliciano condenado por homicídio e que foi citado justamente no relatório da CPI das Milícias produzido por ele, em 2008, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Freixo nega que isso represente algum constrangimento na relação com a ministra.
– Eu acho que cabe a ela falar sobre isso. Minha relação com ela é muito recente, mas muito boa e de muito diálogo. Não muda em nada e pelo que eu li da defesa, isso tinha mais a ver com a prefeitura (de Belford Roxo, comandada pelo marido Wagner Santos, o Waguinho) do que com ela. Todo mundo sabe do meu nível de enfrentamento e o preço que eu paguei com as milícias. Óbvio que minha opinião sobre isso não muda, né? – concluiu, em outro trecho da entrevista.
Freixo foi filiado ao PT de 1986 a 2003. Em seguida, integrou o Psol, partido criado em 2005 da dissidência de alas mais à esquerda do PT, durante 16 anos. Tornou-se um dos nomes mais proeminentes da sigla. Saiu do partido em junho de 2022 para concorrer às eleições estaduais pelo PSB. Foi derrotado no 1º turno das eleições com 27,39%. Reeleito, o governador Cláudio Castro recebeu 58,69%.
COMPARTILHE