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Um estudo lançado nesta quarta-feira (3) utilizou, pela primeira vez no Brasil, como critério de avaliação, o Índice de Progresso Social (IPS). Trata-se de uma metodologia internacional que calcula o bem estar da população a partir de dados oficiais. O estudo analisou a qualidade de vida de todos os municípios brasileiros. Por ele, Niterói vai bem, obrigada.
O município obteve a nota de 67,31 de um total de 100, o que o deixou na 133ª colocação dentre as 5.570 cidades brasileiras. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, tirou 66,4 e ficou na 229 ª posição dentre os municípios brasileiros. Como um todo, o Brasil obteve nota 61,83 no IPS.
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A estrutura de análise do IPS parte de três dimensões: Necessidades Humanas Básicas,; Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades, cada uma delas com vários itens. A média de cada uma dessas notas leva ao total do IPS.
É na dimensão “Necessidades Humanas Básicas” que Niterói se sai melhor, com a nota de 74,61. Em “Fundamentos do Bem-estar”, o município pontuou 72,98. Já em “Oportunidades”, a avaliação da cidade caiu para 54,34.
No total dos itens das três dimensões, Niterói levou cartão vermelho (indicador de “relativamente fraco”) em 5. São eles:
Cobertura Vacinal (Poliomielite)
Moradia
Domicílios com Iluminação Elétrica Adequada
Inclusão Social
Violência contra Mulheres
Os destaques (cartão azul indicador de “relativamente forte”) foram os seguintes:
Água e Saneamento
Esgotamento Sanitário Adequado
Índice de Abastecimento de Água
Acesso à Informação e Comunicação
Cobertura de Internet Móvel (4G/5G)
Densidade Internet Banda Larga Fixa
Densidade Telefonia Móvel
Qualidade do Meio Ambiente
Áreas Verdes Urbanas
Índice de Vulnerabilidade Climática dos Municípios (IVCM)
Direitos Individuais
Acesso a Programas de Direitos Humanos
Existência de Ações para Direitos de Minorias
Índice de Atendimento à Demanda de Justiça
Liberdades Individuais e de Escolhas
Acesso à Cultura, Lazer e Esporte
Acesso à Educação Superior
Empregados com Ensino Superior
Mulheres Empregadas com Ensino Superior
Nota Média no Enem
Em outros 39 itens, Niterói recebeu cartão amarelo, indicador de “relativamente neutro”. O card completo do município está reproduzido ao final da reportagem.
— Niterói tem alta renda per capita. A presença da Universidade Federal Fluminense (UFF) também contribui para a qualidade educacional e de infraestrutura e a população envelhecida demonstra bom investimento na saúde – comentou Marcelo Neri, diretor da FGV Social, sobre a performance do município, em entrevista para o jornal O Globo.
Niterói, com sua pontuação, ficou no “segundo pelotão” junto com outros 549 municípios com IPS Brasil médio igual ou superior a 64,30. Esses municípios ocupam 4% do território nacional; abrigam 18% da população brasileira e respondem por 18% do PIB do país.
Foi por muito pouco que Niterói não ficou dentre os municípios do “primeiro pelotão”: a nota de corte foi 67,41. Nesse grupo estão 308 municípios, que ocupam menos de 2% do território brasileiro; abrigam 29% da população e respondem por 41% do PIB do país.
No ranking dos municípios, Gavião Peixoto, em São Paulo (SP) ficou em primeiro lugar com uma nota de 74,49. A cidade tem 4.700 habitantes. Fica perto de São Carlos (terceira do ranking: 70,96) e Araraquara (décima do ranking: 70,22) e conta com um polo aeroespacial da Embraer.
O lanterninha da pontuação foi Uiramutã, em Roraima, com nota de 37,63. Essa cidade tem a maior proporção de população indígena no Brasil, o que explica o resultado, pois o IPS não mede indicadores indígenas. A nota, então, refletiu os serviços precários do seu pequeno núcleo urbano.
Entre as 20 melhores notas, 13 ficam no interior de São Paulo. Já dentre as 20 piores, 9 ficam no Pará.
Dentre as capitais, a primeira do ranking é Brasília (71,25) seguida por Goiânia (GO, 70,49) e Belo Horizonte (MG 69,62). O Rio de Janeiro ficou em 14 º lugar (66,41).
Dentre os estados, a liderança ficou com o Distrito Federal (Brasília, 71,25), seguido por São Paulo (66,25) e Santa Catarina (64,24). O Rio de Janeiro ficou em 8º lugar (62,11).
O Índice de Progresso Social (IPS) foi lançado há 10 anos, por um professor da Harvard Business School (EUA). Pela primeira vez, o desempenho de sociedades foram medidos tendo por indicadores resultados sociais e ambientais e não somente econômicos como renda.
A metodologia foi desenvolvida pela organização Social Progress Imperative, a qual coordena a publicação anual do IPS Global para 170 países. Além disso, há também iniciativas de elaboração de IPS na escala subnacional no México, Índia, Estados Unidos da América, Reino Unido e União Europeia.
A partir de 2024, o IPS Brasil será atualizado anualmente “para que seja possível comparar o desempenho socioambiental dos municípios ao longo do tempo”.
“O IPS Brasil nos mostra onde estão as maiores necessidades do país e os seus avanços que podem ser replicados em outros lugares do mundo. Além disso, o índice estabelece uma linguagem comum para governos, empresas e sociedade civil que permite uma conversa produtiva sobre seus respectivos papéis no combate à pobreza e na construção de sociedades sustentáveis. O sucesso ou fracasso do Brasil no progresso social é crítico para o Acordo de Paris e para a agenda ODS. O país abriga entre 15% e 20% da biodiversidade mundial e possui a floresta amazônica, o maior reservatório natural de carbono do planeta. No entanto, o desmatamento persistente agrava as mudanças climáticas e alimenta a crescente desigualdade na sociedade brasileira. Isso é uma ameaça ao progresso social”, diz um trecho do prefácio do estudo.
O primeiro relatório do IPS Brasil foi apresentado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em parceria com Fundación Avina; Amazônia 2030; Anattá Pesquisa e Desenvolvimento; Centro de Empreendedorismo da Amazônia e Social Progress Imperative.
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