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Cinco dias após a paralisação do Sistema Imunana-Laranjal, que abastece de água Niterói, o governo do Estado ainda não identificou o responsável pelo despejo da substância tóxica tolueno no manancial de captação. Nesta segunda-feira (8), foi instaurada a Operação Águas Limpas, que realiza buscas em 16 empresas que usam tolueno no processo de produção –14 delas estão no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), segundo o governo do Estado.
Em uma das primeiras empresas fiscalizadas, após a perícia, o responsável técnico foi intimado e será conduzido à Cidade da Polícia. A Justiça determinou a realização de busca e apreensão de produtos químicos mantidos de forma irregular em depósitos, além de documentos referentes à aquisição de tolueno e de qualquer item que evidencie a prática de crime ambiental.
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A intenção é confrontar amostras de tolueno apreendidas com o material identificado nas amostras coletadas pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
Na última quinta-feira (4), pouco mais de 24h da paralisação da operação do sistema, o governo do Estado informou que técnicos da Cedae e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) haviam localizaram o ponto exato do vazamento de tolueno que causou a paralisação da produção de água captada do Sistema Imunana-Laranjal. Foi dito, à época, que o problema estava num oleoduto no Rio Guapiaçu, em Guapimirim, na Baixada Fluminense.
Petrobras
De lá para cá, houve especulações que o oleoduto seria da Petrobras, que negou afirmando não fazer uso do tolueno.
“A Petrobras reafirma que não há tolueno a partir de suas atividades no estado do Rio de Janeiro e esclarece que nenhuma empresa prestadora de serviços que atua dentro das instalações do Gaslub (antigo Comperj) utiliza o produto. Importante ressaltar que o tolueno não é usado na limpeza ou qualquer atividade em dutos da Petrobras. Quando necessária, a manutenção é realizada com água ou gás inerte (nitrogênio) seguindo normas e legislações. A Petrobras reforça que o produto tolueno é um refinado de petróleo, não produzido no Rio de Janeiro. Toda produção da companhia está concentrada em refinarias de São Paulo e é comercializada a granel, tendo apenas o transporte rodoviário, em caminhões tanque, para entrega às empresas clientes”, informou a Petrobras por intermédio de nota.
A empresa observou também que não foram detectadas nas águas que abastecem o Sistema Imunana-Laranjal contribuições de petróleo, nem de produtos tipicamente processados em refinarias e transportados em dutos, tais como gasolina, diesel e gás. Segue a nota:
“O produto químico tolueno é utilizado em processos industriais na fabricação de tintas, solventes em geral e na indústria do couro, ramo presente historicamente na região afetada, devido à atividade econômica de criação de bovinos, em Guapimirim e Itaboraí. A agricultura e a pecuária são as principais atividades econômicas na região afetada. O tolueno também é usado na fabricação de pesticidas e defensivos agrícolas.”
Ainda na nota, a Petrobras informou que está colaborando com as investigações. O próprio governo do Estado afirmou que a Petrobras e a Transpetro disponibilizaram equipamentos como barreiras de contenção, recolhedores de oleofílico e vertedouro e mantas absorventes para ajudar na contenção do material tóxico.
Diligências
Na opinião do secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi, é “importante fazer uma revisão das licenças de utilização de tolueno, assim como a identificação da responsabilidade sobre o terreno no entorno do rio, em Guapimirim”.
A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) tem realizado diligências para apurar mais informações sobre a contaminação no sistema. Os agentes estiveram no município de Guapimirim, onde foi feita fiscalização e coleta de material, que será analisado. O trabalho contou com o apoio de agentes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e de peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).
Com Agência Brasil
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