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Uma jararaca do Instituto Vital Brazil (IVB), de Niterói, deu à luz a um filhote com duas cabeças. Como explicou o biólogo Breno Hamdan, a bicefalia é um caso raro e o filhote não sobreviveu, “o que é comum nessas condições”.
Ele informou que esse é um tipo de caso acontece a cada cem mil nascimentos de serpentes.
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O filhote será incluído na Coleção Científica do IVB “onde possibilitará o estudo não apenas da bicefalia nestes animais, como também estudos em outras áreas das ciências”, informou Hamdan.
— Este espécime, conhecido pelo nome científico Bothrops jararaca, pode gerar conhecimentos importantes em teratologia, que é a área da ciência que se dedica ao estudo das anomalias e malformações ligadas ao desenvolvimento embrionário. Este conhecimento pode, inclusive, vir a ser aplicado em outras especialidades, como as voltadas à saúde humana — explicou.
Segundo o biólogo, o exemplar pode colaborar com um estudo para responder a um velho dilema das ciências: o papel da genética e do ambiente na formação dos indivíduos.
Nesse caso, as escamas são uma característica importante na identificação de espécies de serpentes e a influência genética e ambiental na formação das suas escamas pode ser estudada a partir deste filhote.
— Simplificando, o que fazemos é comparar as escamas das duas cabeças. Uma vez que a bicefalia ocorre quando dois gêmeos monozigóticos (que provém do mesmo zigoto, a primeira célula formada pela fusão do espermatozóide com o óvulo materno) não conseguem se separar durante o desenvolvimento do embrião, o esperado é que as escamas sejam idênticas. Caso não sejam, há indícios de que a formação das escamas sofreu influência epigenética, isto é, sofreu influência do ambiente — afirma o biólogo.
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