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Lugares reproduzidos a partir de uma relação afetiva e solar, assim são as obras que fazem parte da mostra “A paisagem encantada de Lia Mittarakis”, em cartaz no Museu Janete Costa de Arte Popular, no Ingá.
Os quadros pintados pela artista carioca descendente de imigrantes gregos encontrou em Niterói um espaço que lhe serve como a mais completa tradução e que tem em “popular” a palavra-chave.
De acordo com Marcus de Lontra Costa, um dos curadores da mostra, as 42 obras expostas evidenciam a “postura afetiva que Lia dedicava às suas paisagens”. Representam de maneira lúdica tanto a vida agitada da cidade do Rio de Janeiro como o bucolismo da Ilha de Paquetá, onde a artista nascidas no bairro da Lapa, morou grande parte de sua vida.
São paisagens cariocas, cenas rurais e flagrantes da vida cotidiana dos moradores da ilha, com destaque para a fauna e flora, por meio de uma pintura minuciosa de cores vibrantes.
Outro curador, Rafael Peixoto destaca a importância de novas reflexões sobre a produção popular artística brasileira, “sublevando preconceitos e classificações e encarando-a como o reflexo de nossa pluralidade criativa”:
– É preciso resgatarmos o popular como um adjetivo e não mais como uma classificação que restrinja ou iguale toda a nossa diversidade cultural a partir de um prisma socioeconômico. Esse adjetivo ‘popular’ pode sim ser encarado como uma identificação, por que não, mas que reafirme que ser popular, no Brasil, é ser representante de uma maioria da população que cria e vive como um ato de resistência. Ser popular é a multiplicidade de manifestações do que temos de melhor no Brasil: o nosso povo. E Lia Mittarakis, entre tantos outros, nos mostra esse caminho.
Nascida em 1934, Lia Mittarakis, após sua primeira exposição, aos 30 anos, manteve uma longeva e ativa produção, dedicando-se exclusivamente à pintura como autodidata. Apesar de ter participado de diversas exposições no Brasil, foi no exterior que ela alcançou maior sucesso, tendo uma de suas como capa de Revista Times de NY, em 1992, por ocasião da ECO – 92.
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Ao longo de sua trajetória, manteve-se fiel a uma pintura figurativa com predominância na representação de paisagens, sempre pautadas por uma relação afetiva e solar. Através das cenas do cotidiano carioca e da Ilha de Paquetá, Lia deixou registrado alguns hábitos e costumes que já não fazem mais parte da rotina dessas comunidades, se configurando como um documento histórico que servirá como fonte de pesquisa para de visões não oficializadas da história. A artista faleceu em 1998.
Serviço:
Exposição “A paisagem encantada de Lia Mittarakis”
Local: Museu Janete Costa de Arte Popular – Rua Presidente Domiciano, 178, Ingá, Niterói-RJ
Data: até 9 de outubro de 2022
Visitação: de terça a domingo, das 10h às 17h
Entrada gratuita
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