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Engarrafamentos, santinhos jogados pelas ruas e filas “quilométricas”. Esse foi o cenário do primeiro turno das eleições, realizado neste domingo (2), em Niterói. Ao mesmo tempo, a cidade foi refém de falhas na biometria, propagação de fake news e descumprimento da lei eleitoral.
O município tinha quase 406 mil eleitores habilitados a votar, distribuídos por quatro zonas eleitorais e 1.315 seções. Segundo o TRE, as filas aconteceram em função da grande participação dos eleitores. Espera-se uma abstenção abaixo do número registrado em outras eleições.
O A Seguir acompanhou a movimentação do pleito e agora traz as principais histórias e reclamações relatadas pelos eleitores. Confira abaixo.
Do mesmo modo que ocorreu em outras cidades do Brasil, as filas gigantes para votar marcaram a eleição em Niterói. Contudo, algumas pessoas contestaram o que chamaram de espera exagerada.
Em Itaipu, Ricardo Laidler, por exemplo, afirma ter aguardado sua vez por duas horas e meia. Ele votou na Unidade Municipal de Educação Infantil Odete Rosa da Mota, Zona 199. De acordo com Laidler, o tempo excessivo de espera foi motivado por uma falha na biometria.
– Aqui na Odete Rosa a biometria está falhando, por isso formou uma fila gigantesca. As pessoas tinham que colocar o dedo várias vezes até confirmar. O sistema parece que está mais lento que o normal. Estou quase desistindo, mas esse ano está muito parelho. Só vou ficar aqui para garantir a vitória dos candidatos – disse.
Já o educador físico Bernardo França votou no período da manhã, no colégio Laplace, também na Zona 199. Ele conta que aguardou uma hora até conseguir acessar a urna.
– Cheguei na minha seção, tinha 35 pessoas na minha frente. Além disso, toda hora chegava um idoso. Não tinha o que fazer além de aguardar – ressaltou.
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O tempo de espera tem sido atribuído à coleta de dados da biometria, que ainda não é obrigatória em Niterói ou em qualquer outro município do país.
Eleitores que não têm a biometria cadastrada podem votar apenas apresentando um documento, mas mesários têm solicitado a coleta da digital mesmo para quem não possui registro anterior, o que tem deixado alguns eleitores confusos e aumentado a espera nas seções eleitorais.
No dia 26 de agosto, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, vetou o uso do celular ou de qualquer outro equipamento que registrasse imagens do eleitor na hora da votação.
Conforme a determinação, os aparelhos deveriam ser entregues ao mesário. O objetivo, segundo a Justiça Eleitoral, era garantir o sigilo do voto e impedir pressões de candidatos.
Esta norma, todavia, não foi cumprida em alguns locais de Niterói. Uma eleitora afirmou que na seção 151, zona 199, o mesário não a obrigou que o celular fosse entregue. As seções e zonas citadas correspondem ao Colégio Estadual Professora Alcina Rodrigues De Lima, em Itaipu.
Outro local onde a ordem não foi atendida foi na agência da Caixa Econômica, na rua Gavião Peixoto, em frente ao Campo de São Bento, em Icaraí. Este ponto está localizado especificamente na seção 346, zona 72.
Também não cobraram o aparelho telefônico em uma seção no colégio Paulo Freire, em Itaipu.
Lembrando que, segundo a lei eleitoral, o descumprimento da norma prevê detenção de até dois anos e o acionamento da polícia.
A eleitora Tathiane Palma contou ter presenciado uma difusão de fake news no Colégio Salesiano, em Santa Rosa, zona 71. Ao votar na seção 194, ela disse que um eleitor do Bolsonaro reclamava das urnas eletrônicas. “Estão falando que está demorando para votar porque deu problema na urna porque não é confiável”, relatou.
O discurso mentiroso é repetido por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais e em diversas cidades do Brasil. Do mesmo modo, tem sido corroborado pelo próprio chefe do Executivo e aliados políticos.
Neste contexto, o candidato à reeleição intensificou os ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro nos últimos meses. As críticas ocorrem simultaneamente às pesquisas eleitorais que indicam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Planalto, como preferido do eleitorado.
Era impossível percorrer alguns quilômetros sem encontrar alguma concentração eleitoral. Não apenas no trânsito, mas diante dos postos de votação. Santinhos de todas as cores imagináveis estavam espalhados pelo chão.
Também chamaram a atenção as cores vermelha, em referência a Lula e ao PT, além do amarelo, usado pelos eleitores de Jair Bolsonaro. Um eleitor, aliás, pilotava uma moto, sem marcha, com um pitbull coberto por uma roupa com as cores da bandeira do Brasil.
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